No dia seguinte àquele nos reunimos eu, meu "pai", meu avô, alguns empresários que chegaram de viagem logo de manhã e alguns outros parceiros e inimigos de negócios na sala de jantar, todos para discutir um empréstimo que seria dado a uma empresa de serviços em outro país. No caso, pude perceber que havia empresas rivais e companheiras divididas pelos dois lados da mesa. Eu tinha a oportunidade de ver toda aquela situação e concluir que de tanto poder e tensão que havia naquela reunião dava para formar um escorpião no meio daquela superfície e soltar um urro ensurdecedor. Isso tudo para simbolizar, porque não aconteceu mesmo... O único som que se ouvia na sala eram os Signus dos empresários rosnando, grunhindo e gralhando, além das poucas conversas que houve, como uma que meu pai lia o contrato da empresa que queria o empréstimo:
_De onde tiraram esses valores das multas?
_Foram todos vistos em favor dos lucros da empresa e o que vos pagamos.
Nessa hora ouviria-se o urro do escorpião. Tava tensa a coisa. Não entendi muito bem o que é que as empresas estavam realmente fazendo ali... mas consegui concluir que não eram só assuntos diplomáticos ou financeiros. Eram mais econômicos, políticos e influência, só que implicitamente, quase imperceptivelmente escondido. Fiquei espantado com o tanto de poder que o nosso país poderia ter. Afinal de contas, ele era sede da maior empresa que já houve, a do meu tio Franqfurt Mont'Serrat. Esta detinha todas as commodities do continente de uma forma muito conveniente: a empresa era dividida em várias pequenas "falsas empresas", chamadas pelo meu tio de falkies, e funcionavam como departamentos da empresa maior. Só ele vendia comida, água, minérios e derivados em toda Quaaritu. A empresa, em si, estava presente em vários países, mas sua sede era uma enorme instalação na capital de Svira, Cabi'Erna.
Dois parceiros do lado do meu tio puseram as mãos na mesa da reunião e encararam os três parceiros das outras empresas menores, estes fizeram o mesmo, estas últimas pude perceber que eram empresas de serviços mais do que recursos naturais. Meu "pai" encarou o dono da empresa que estava pedindo empréstimo. Este o olhava com ar sério de gerente geral. Logo depois meu "pai" voltou a ler o contrato. Essas cenas se repetiram umas cinco vezes, no mínimo. Depois de ler, ele contou ao avô o que lera e meu avô deu sua palavra final, afinal era o rei: Concederia o empréstimo. Parecia que tudo estava ok com o contrato e tudo correrá como todos planejam.
Depois de tudo, todos os convidados se foram pela porta da frente. Meu avô subiu as escadas e meu pai se voltou para mim:
_Gostou, príncipe?_ Perguntou meu pai, curioso para saber se eu iria continuar o país no lugar dele depois que morresse.
_Não consegui entender muita coisa, mas sim, achei interessante.
_Não deveria dizer que você irá continuar os negócios da família e herdará o trono assim que eu morrer, portanto é importante que saiba o que estamos fazendo e que entenda que tudo o que fizer resultará na ruína ou na ascensão do nosso país.
_Nossa, quanta responsabilidade...
_Você estará pronto.
_ E se eu não estiver?
_Você estará. Tens os melhores professores, os melhores livros e o país mais rico que há em suas mãos. Só não falhe com o país e ele não irá contra você.
_E só há esse jeito de desagradar ao país? Negócios?
_Bem, não exatamente. Decisões pequenas, como deixar ou não uma rua ser inaugurada, pode mudar nosso destino para sempre.
_Hum... Então devo agir com sabedoria.
_Sabedoria acima de tudo. Que a águia da família guie-te por seus caminhos tortuosos.
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DOKTRINA MAGNA / Reich
FantasiTerceiro livro da saga Haposthasia. Siga Kelvin e seus familiares na busca pela verdade sobre ele mesmo e descubra o incerto futuro de uma nação em declínio. Aventura e ação, mistério e loucura, vários estilos diferentes em um só livro. Versão digit...