Prólogo

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Um ano antes.

Estava no seu último trem a caminho de casa, Miami nunca pareceu tão distante. Passou dias tentando pensar em um presente para a pessoa mais importante de sua vida, seu pai.
Pintou inúmeros quadros, escreveu uma música, chegou a pensar em comprar algo, mas nunca estava satisfeita com suas escolhas. Taylor teve uma ideia e ela resolveu participar, juntou se com seus irmãos para comprar um relógio, sem a ajuda financeira de sua mãe, Tay e Christopher guardaram algumas economias, e Lauren pegou de seu salário, escreveram uma carta e iam fazer um almoço surpresa no dia do aniversário do pai que seria amanha.


Mas a morena queria dar um presente só seu, queria mostrar todo o seu amor pelo pai, mesmos que nada que existisse pudesse descrever a importância de Mike na vida de Lauren, ele não era apenas o seu pai, ele era bem mais que isso, um super-herói que tirava da vida da morena todos os vilões invisíveis, as vezes a salva dela mesmo; seu psicólogo que sempre a escutava e tinha os melhores conselhos; um professor que ensinava o que a morena não podia aprender nos livros; seu contador de estórias, sejam elas apenas ficções ou não; seu fã numero um, que sempre acredita nela e a incentiva; a base de seu estrutura emocional, psíquica e física.


A memoria de Lauren é como um palácio mental, ela deu esse nome, por ter uma memoria incrivelmente boa, acredita ser quase um superpoder, se concentrar e vasculhar gavetas, armários, cômodos inteiros em seu palácio para se lembrar de algo. Às vezes encontra espaços escuros que ela gostaria de se livrar ou acaba por achar algo que não deverias, é como se fossem as consequências ruins de um superpoder. Dentro deste palácio imaginário criado pela morena existe um andar inteiro dedicado para seu pai, as memorias de sua infância eram compostas por lembranças e coisas que as pessoas contavam, seus pais eram os melhores contadores de historias da infância de Lauren, e ela gostava de uma em especial contada pelo pai.


As maiores paixões de Mike eram seus filhos, e ele vivia dizendo que mesmo depois de todos esses anos, quando olhava para os filhos ainda os viam como crianças, e uma de suas melhores lembranças foi em um de seus aniversários, Taylor com um ano, Christopher com três e Lauren com cinco anos, teve que sair por alguns minutos deixou sua sogra, Angélica, cuidando dos pequenos, mas a avó era toda boba pelos netos e tudo que Lauren pedia a ela, ela deixava sorrindo. Quando Michael voltou estavam os três no meio da lama, Lauren havia ligado uma torneira que tinha uma mangueira ligada à mesma, numa área que seria uma horta, ela molhou o espaço de terra e junto com os irmãos resolveu fazer um bolo de lama, o pai conta que não teve reação na hora só sabia rir, Lauren tentando se explicar de uma forma incrivelmente fofa e se embolando nas palavras, Chris feliz com a bagunça e Taylor rindo para a lama como se tivesse descoberto uma coisa incrível.


Para presentear o pai, a morena a desenhou com seus irmãos com as idades da historia, em uma escadinha. Primeiro ela, com uma cara de culpa, cabelos bagunçados e a franja, meio molhada caindo sobre os olhos, estava abrindo um sorriso e nas mãos um amontoado de lama em formato de bolo e uma vela; segundo Christopher, com o pouco cabelo para cima, segurando nas mãozinhas uma bola de lama e apontando para o pai, o pequeno sorria a ponto de deixar seus olhos minúsculos; por ultimo Taylor com seu bico rosa na boca, mostrando as mãozinhas sujas para o pai. Na pintura os três olhavam para cima, e tinha os pés atolados em lama, Lauren retratou todos com pijamas de super-heróis diferentes, uma parede de tijolos de fundo com uma sombra de seu pai.


Quando terminou a pintura sorriu e se emocionou, e estava sorrindo de novo olhando para o céu estrelado, por meio da janela do trem, que denunciava estar perto de casa. A morena estava feliz, isso ela não poderia negar, estava em seu segundo ano de faculdade e já tinha uma de suas pinturas selecionada para uma galeria de Nova York; trabalhava em um bar, onde tinha total liberdade para cantar e ter suas folgas para ir visitar os pais; tinha arrumado três garotas ótimas para dividir casa, que viraram suas melhores amigas e irmãs, e que a ajudava com a saudade de casa; e estava começando um namoro, ela gostava de Lucy e Lucy gostava dela, mas às vezes não tinha certeza do que sentia, e achava que faltava algo, mas decidiu arriscar mesmo assim. Era um momento bom de sua vida.

Éter, o quinto elemento.Onde histórias criam vida. Descubra agora