Capítulo 1

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Livro dedicado a minha melhor amiga, Leidiane Menezes! Obrigado por nunca desistir de mim e sempre acreditar e me incentivar a ir mais além.

Te amo amiga.
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3 anos antes...

Hoje é meu último dia nesse lugar, passei toda a minha vida aqui por trás desses muros.

Sempre que via outras meninas irem embora eu acreditava que esse dia nunca chegaria para mim.

Ledo engano!

Me chamo Aurora Stuart, bem, pelo menos foi assim que me batizaram nesse orfanato onde vivo desde alguns dias de nascida, segundo a madre Mary.

O lar St. Mary Louis, no Brooklyn, subúrbio de Nova York, foi onde eu vive até hoje.

Foi onde me alimentaram, vestiram e me ensinaram valores. Sei que tudo isso deveria ser ensinado por uma família, mas eu nunca soube o que era isso, nunca!

Nesse pequeno orfanato no subúrbio de Nova York, eu tive momentos felizes, tristes, fiquei doente, fiquei sarada. Cai, levantei. Ri e chorei, cada cantinho desse lugar me trás memórias de muitos momentos ao longo desses 18 anos.

Lembro que quando eu era pequena gostava de passar horas sentada no banco do jardim olhando para os grandes portões de madeira maciça do orfanato, imaginando que a qualquer momento meus pais entrariam por ali e me tirariam desse lugar.

Não dizendo que o orfanato era um lugar ruim, não, longe disso! As freirinhas sempre nos trataram com cuidado e amor.

Mas sempre existe um vazio sabe? Algo que não pode ser preenchido com o carinho de uma freirinha bondosa ou um voluntário que vem no dia das crianças ou natal nos presentear.

Não! Por mais que eu quisesse esquecer, enquanto crescia o vazio sempre estava lá. As vezes me perguntava o que havia feito de errado para me abandonarem? Que mal eu fiz aos meus pais para que eles não pudessem me dar um pouquinho só de amor?

Eu não me importaria se eles fossem mendigos, que não tivessem o que comer. Eu tenho certeza que seria a criança mais feliz do mundo se pudesse não ter comida, mas tivesse o abraço da minha mãe me dizendo que tudo ficaria bem.

Ahhh Deus! Quantas noites chorei pedindo que eles viessem me buscar, quantos natais pedi ao papai Noel que me desse pais de presente, mesmo quando eu já não era tão criança e sabia que papai Noel não existia, ainda sim acreditava na magia do natal e fazia sempre o mesmo pedido.

Um sorriso triste se forma em meus lábios.

Novamente estou sentada diante do portão do orfanato. Mas agora é diferente! Hoje eu completo 18 anos e hoje sei que é meu último dia aqui.

Encaro o portão não mais com a esperança que meus pais venham me encontrar, ao contrário, desde os 10 anos eu parei de acreditar que isso aconteceria. Mas agora mirando o portão, o único sentimento que tenho é medo. Meu coração está apertado. Não sei o que me espera lá fora, não tenho amigos lá, parentes ou conhecido. –Bufo- Eu ficarei só, e agora mais que nunca.

Sei que desde os 16 anos as freiras nos preparam para esse momento, mas por alguma razão eu me negava a acreditar que esse dia chegaria, talvez acreditasse em um milagre, não sei... E não sei mesmo. Não sei em que eu acreditava.

-Aurora?

Sou despertada dos meus devaneios pela voz da irmã Charlotte.

-Aurora o que faz aí sentada diante desse portão menina?- Olho para ela e me ergo do banco indo em sua direção com um pequeno sorriso nos lábios que não chega ao meu coração nesse momento.

Marcas Que Você Deixou Em Mim - REPOSTAGEMOnde histórias criam vida. Descubra agora