Capítulo 14- Parte III

28 2 0
                                    


---X---

Estava eu no quinto ano, quando me apaixonei por uma rapariga loira. Ela era linda, para dizer a verdade.

Todo o ar á volta dela me dava a impressão dela ser uma princesa.

Nunca tinha falado para ela, mas apaixonei-me pouco depois do quinto ano começar.

Contei imediatamente á minha irmã, que tinha 8 anos na altura.

"Luna, eu estou apaixonado" Eu disse, brilhando.

A Luna sorriu. "A sério? A sério?"

Fiz peito. "Sim."

"Quem é?"

"Uma rapariga da minha turma."

"Já falaste para ela?"

Caí um pouco. "Não."

"Vai, Larimão! Tu consegues!"

Larimão? Vá lá, já na altura ela dizia aquilo?

A verdade é que não consegui.

Mas em preparação para me confessar, fui falar com quem eu pensava saber muito disto.

"Pai, estou apaixonado por uma rapariga lá da escola." Eu disse-lhe calmamente.

Ele ficou tão contente em saber que o filho tinha-se apaixonado, que eu acho que o vi a chorar na altura. Limpou a cara.

"A sério? Diz-me lá então, meu filho, o que vais fazer sobre isso?"

Eu pensei.

"Quero contar-lhe!" Eu disse.

"Muito bem! É assim que tem que ser."

"Pai, tu também te confessaste á mãe?" Ele sorriu á minha pergunta.

"Sim."

"E ela aceitou?"

"Tu estares aqui é prova disso."

Era verdade.

Esperei que fosse bem para mim, como foi para ele.

No dia seguinte, levei um ramo de flores para a escola e confessei-me a ela no fim do dia.

Como vocês sabes, ela rejeitou-me de forma dura.

Deu-me raiva mais que tudo.

Mandou-me desaparecer.

Era fria como tudo.

Se queres que te diga, a rejeição dela afectou-me tanto que eu pouco me lembro do que fiz no resto do dia.

Deixei o ramo de flores na sala e corri para casa.

Era tudo negro.

Foi a primeira vez que chorei nos braços da Luna.

Lembro-me de entrar no quarto e a abraçar. Ela não estava nada á espera, mas percebeu o que tinha acontecido e abraçou-me de volta.

Foi naquela tarde que eu me apercebi, tal como o meu pai se tinha apercebido quando foi carregado pela minha mãe no tempo em que fugiu de casa.

Apercebi-me do quão bom era o calor dos braços de uma mulher.

No meio do meu choro daquela tarde, posso dizer que foi a primeira vez que me senti atraído pela Luna.

Sete anos passaram.

Agora tenho 17, e a Luna tem 15.

Vivemos numa casa nos subúrbios da cidade, sozinhos. Quando tinha 14 anos, eu pedi ao meu pai para me deixar viver sozinho.

Ele e a minha mãe disseram que me deixavam viver numa casa nos subúrbios desde que eu concordasse em viver com a Luna, e em tomar conta dela, protegê-la.

Assim começámos a viver sozinhos. É claro que a mãe e o pai ainda vêm ver-nos pelo menos uma vez por semana. E pelo que eu percebi, a Luna passa a vida às mensagens com a minha mãe.

O que aconteceu á loira que me rejeitou, vocês perguntam?

Eh, ouvi dizer que fugiu para a Inglaterra.

É claro que fugir é uma palavra muito forte.

Ela e a família dela foram convidadas a sair do país devido a algo que aconteceu com os pais dela.

Algo a ver com negócios, de qualquer maneira, não me importo.

Comigo e com a Luna ninguém se mete.

Muito menos um adolescente.

(Já está?)

Sim. Este é o meu passado.

---X---

Os Deuses Da Comédia RomânticaOnde histórias criam vida. Descubra agora