"Novamente eu me sinto sozinha nesse mundo desconhecido, onde nada parece ser real.
Não entendo como minha pequena cidade, minha Atlanta, pôde ter se tornado nisso.
Não entendo como eu, na minha completa insignificância pude ter me tornado tão importante.Eu sinto falta da minha família, sinto falta dos meus poucos amigos, sinto falta da Cris...
Porém, lá no fundo estou gostando de viver essa aventura. Sim, sei que pode parecer estranho pois não é uma aventura comum, é de longe a aventura mais perigosa que já vivi onde o perigo parece estar em todo lugar, onde as pessoas confiáveis talvez nem sejam tão confiáveis assim, onde a morte parece tão próxima que dá para sentir, mas, nem mesmo ela parece ser real.E é por causa disso, por essa aventura ser tão fantasiosa e perigosa em sua realidade que eu decidi que, com todas as viagens que já fiz na vida essa sempre será única, independente do seu resultado final. "
– Callie, quem é ela? – Jhuly cochicha no pé do ouvido da ruiva.
Estavam todos do lado externo da casa, Callie, Jhuly, Will e uma visita.
Desde que a moça alta, curvilínea, morena dos cabelos cacheados chegara nem Will, nem Callie haviam lhe apresentado, logo Jhuly morria de curiosidade para saber de quem se tratava.
A moça era bela e chamava bastante atenção, estava vestida como todos ali, com vestes antigas. Vestido longo, de cores escuras e uma capa vermelha cobrindo seus longos cachos. Sua pele era bem bronzeada, não devia viver por ali já que era quase raro ver sol por aquelas bandas.
Ela conversava alegremente com Will, então Jhuly aproveitou para indagar Callie.– Sou mentora, ajudo jovens aprendizes a descobrirem seus poderes.
Disse a mulher, como se tivesse ouvido o que ela perguntara e talvez tenha ouvido mesmo. Aquilo fez Jhuly corar.
– Ah...
– Prazer, sou Alina.
– Sou Jhuly, é um prazer.
– Eu sei, está pronta? – Ela só confirmou com a cabeça, nem sabia o que iria fazer direito, mas no momento não se sentia apreensiva, era impossível se sentir assim com Will a olhando daquele modo, doce e protetor.
Nos últimos três dias, depois do massacre com os humanos em frente à casa ele foi o mais protetor possível com Jhuly. Numa noite, Jhuly se levantou sonâmbula, Will como de praxe estava lá velando seu sono. Foi aí que algo diferente aconteceu.
– Will... – Sussurrou Jhuly levantando-se da cama e andando até ele, a mesma parecia acordada, seus passos eram firmes e certeiros na direção correta, mas seus olhos fechados a denunciavam.
– Estou aqui. – Ele disse no mesmo tom, com medo de acorda-la.
Ao chegar próxima a Will ela tocou o seu rosto, acariciando toda a extensão de sua pele facial. Eles nunca tinham estado tão próximos assim e a sensação das mãos de Jhuly em seu rosto fizeram com que Will fechasse os olhos momentaneamente, apenas sentindo, era tão bom, ele poderia sentir seu toque para sempre, mas não era normal gostar tanto assim do toque de alguém, né?
Ao perceber isso ele recobrou a consciência, tirando as mãos dela de seu rosto com calma e lhe perguntou qual era o problema.– As vozes, elas estão gritando muito alto em minha cabeça, elas querem muito de mim Will, ajude-me, me abrace... me proteja. – Ao terminar de dizer aquelas palavras ela praticamente se jogou nos braços dele e o abraçou forte enterrando a cabeça em seu peito.
– Eu vou te proteger, anjo. Prometo. – Ele a apertou contra si, a segurando firmemente pela cintura como se aquele abraço fosse o suficiente para fazer com que tudo de ruim que estivesse acontecendo acabasse. Minutos depois ela voltou a dormir.
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– É só isso que tem para oferecer-me Srt. Lavish? – Perguntou, Alina.
Algumas horas haviam se passado, Callie e Will entraram em casa e Jhuly ficou só com sua tutora.
Ela estava com a respiração acelerada, seu peito subia e descia sem rumo, como se o seu coração estivesse tentando se libertar e saltar para fora. A tensão que sentia dentro de si dava a impressão de que estava segurando o mundo em suas costas, mas, na verdade estava tentando tira-lo de dentro de si.– Já te disse, a magia não vem até você, você quem precisa encontra-la e para isso tem que estar com a mente vazia. Completamente vazia.
– E para que minha mente se esvazie você precisa me bater?
– Já tentamos de tudo que não envolvesse violência e não obtivemos resultado. Aguente querida, pelo menos aqui a dor ajuda a esvaziar a mente.
Jhuly a encarou em dúvida, sua tutora, Alina, estava sempre com a expressão de sabedoria estampada na face.
Ali ao pôr do Sol observou que, mesmo em um traje de treinamento continuava a manter sua postura de dama, o que a deixava ainda mais bonita. Jhuly logo tentou repelir a inveja que sentiu.– Desculpe mas... Não podemos ir para um outro treinamento? Passando por tudo que estou passando é quase impossível manter minha mente vazia.
– Não, Jhuly, isso é fundamental. Se conseguir fazer isso não vai ser mais preciso muita coisa.
Ela suspira. Era uma tarefa tão normal, só era preciso deixar a mente vazia, não pensar em nada, sem preocupações, nada... De simples essa tarefa não tinha nada.
Ela permanece sentada tentando cumprir sua tarefa, estava encostada em uma árvore.– Não vai mais me bater?
– Por enquanto não, continue tentando, vou beber algo. – Ao dizer isso Alina se vira e segue em direção a casa.
– Espere!
– O quê?
– Disse que dor ajuda a esvaziar a mente, certo? – Ela confirma com a cabeça, com uma expressão duvidosa em sua face.
A garota não diz mais nada, se levanta e caminha em direção a sua tutora onde, num movimento rápido pega sua adaga e faz um corte um tanto fundo em seu antebraço.
Ela fecha os olhos, mordendo os lábios de leve enquanto absorve a dor e quando abre os olhos novamente Alina pode ver, sua mente está vazia, essa é a hora.
Rapidamente ela pega uma espécie de esfera, azul claro, parecia ter algum líquido dentro e coloca em frente à Jhuly.– Olhe no centro da esfera.
Jhuly olha e no exato momento que faz isso um brilho exagerado sai de dentro do objeto e ela desmaia.
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Penas de Outono
RomanceVocê já teve a estranha sensação de pertencer a um único lugar? Já se sentiu extremamente sozinha e ao mesmo tempo completamente observada? Jhuly tem esse sentimento constantemente, mas e se isso não for somente um sentimento, e sim, um fato...