21 • Tempestade

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Eu conheço esta voz...

Virei-me e levei a mão à cabeça para tapar a luz do sol que me impedia de ver a cara da pessoa que intrometeu o meu descanso.

Eu - André? (levantei-me e cumprimentei-o) Já não te via há imenso tempo! Que fazes aqui?

André - Vim buscar a minha prima Alice, ela tem estado instalada neste parque nas duas últimas semanas. E tu, que fazes aqui? As monitoras andam à tua procura, parece que duas raparigas lhes disseram que tu desapareceste do quarto sem dizer onde ias.

Que queixinhas!! Será que ninguém ensinou àquelas duas pirralhas a não se meterem no que não são chamadas??

Eu - A minha mãe vai viajar para Londres durante um mês e mandou-me para aqui. Como se eu já não tivesse idade suficiente para tomar conta de mim!! Caramba, já vou fazer 17 anos!

André - Pois, isso é complicado. Gostava de te ajudar mas tenho mesmo de ir embora.

Eu - Eu também tenho de ir. Não estou com fome nenhuma mas não quero que mandem um exército à minha procura!

Ele riu-se e aproximou-se de mim, apertando firmemente o meu ombro esquerdo.

André - Não te preocupes, tu vais conseguir sobreviver a isto. Boas férias!

Eu - Obrigada, para ti também!

E aqui vou eu enfrentar uma longa tempestade, sozinha.

✳ ✳ ✳

Eu - Já chegámos?

Monitora - Não, vamos só fazer uma pequena pausa para lanchar. Têm 5 minutos!

Eu - Ufaaa, finalmente posso descansar!

Deixei-me cair na relva macia e abri a minha mochila, tirando para fora uma sandes e uma garrafa de água. Limpei o suor que me cobria a cara e bebi vários goles de água seguidos. De seguida respirei fundo e dei uma trinca na minha sandes.

Mas quem é que se lembra de fazer uma caminhada debaixo deste sol escaldante?

Monitora - Todos de pé, vamos continuar!

O quê? É impossível já terem passado 5 minutos!

Eu (a bocejar) - Ninguém me tira daqui, estou completamente morta.

Virei-me de lado para pegar novamente na minha garrafa de água mas deixei o meu braço suspenso no ar ao ver uma coisa castanha a passar mesmo em frente aos meus olhos. Não consegui perceber o que era, por isso baixei a cabeça para ver melhor.

Estranho, só vejo um tronco velho...

Aproximei-me mais até ao momento em que vi outra coisa castanha a correr em direção ao tronco. Mas é...

Eu - AAAAAAH!! UM RATOOO!

Numa fração de segundo levantei-me, peguei na mochila e saí dali a correr, não sem antes olhar repetidamente para trás para verificar que não estava a ser perseguida por aquela manada de ratos enormes.

Sentei-me numa pedra para me tentar acalmar, e quando levantei a cabeça vi toda a gente especada a olhar para mim.

Monitora - Bem, é melhor continuarmos!

O quê? O meu pobre coração ainda está bastante acelarado, a imagem daquele rato a passar mesmo em frente aos meus pés ainda não desapareceu do meu cérebro traumatizado, e já querem continuar? Querem matar-me??

Rapaz (rindo) - Quem é que tem medo de ratos? Mas que medricas!

Eu - Eu não sou...

Monitora - Bianca, tens de te despachar, senão vais ficar para trás.

Grrr... Mas quando é que eu vou embora daqui?

Borboleta Lutadora (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora