Eu via as nuvens passando tão rápido, o céu, as casas, as pessoas, as misturas de cores por todos os lados. Sabe, sempre que eu observava as pessoas andando pela rua, eu me perguntava o quão interessante era a vida delas.
Notei que alguma delas estavam sorrindo. Mas não eram aqueles sorrisos falsos que as pessoas usam diariamente. Elas tinham um sorriso verdadeiro, e isso me encantava. Me pergunto se um dia poderei sorrir assim..
- Você poderia ao menos se esforçar para me ouvir?! -
Disse uma voz masculina me fazendo perder total concentração de meus pensamentos.
- Só porque você tem 17 anos, e vai se mudar, não significa que não precisará de mim ou de sua mãe! -Continuou, enquanto mantinha seus olhos virados para a rua, para evitar algum acidente drástico.
- Espero que eu não precise...-Retruquei com um tom de desinteresse e continuei.
- Aliás, é para isso que estou me mudando, Para não precisar de vocês. -
Depois disso, simplesmente voltei a olhar a janela. Enquanto contemplava a vista.
Minha família era muito simples, mas eu nunca tive uma boa relação com os meus pais. Desde minha infância até hoje, os dias a dias eram bem estressantes e barulhentos.
Meu pai, era simplesmente um homem que se achava um Deus. Ele nunca estava errado, e, tudo tinha que ser conforme sua vontade, sem mais e nem menos. Eu nunca fiquei muito tempo com ele, Pois ele trabalhava o dia todo, e a noite, ele ficava bebendo bebidas alcoólicas até ficar bêbado e discutir comigo e com minha mãe. O lado bom, é que ele nunca ousou bater em min, ou nela.
Já a minha mãe, se preocupava mais com sua beleza e status. Era raro ela entrar na cozinha, então tive que aprender cozinhar por mim mesmo. Ou então eu morreria de fome, já que eles me deixavam em casa e iam a restaurantes e bares. Mas eu nunca odiei o fato de cozinhar, Pois acho simplesmente incrível poder criar coisas com tantos sabores e cores diferentes, me agradava muito fazer algo delicioso, principalmente doces.
Eu também tinha uma irmã mais velha que fugiu de casa quando eu era pequena, a qual sinto muito saudades, e um irmão mais novo que nos damos bem as vezes, mas mesmo assim não conversávamos muito. Ficávamos apenas cada um em seu próprio quarto, separados por uma porta e um corredor. Mas agora, separados por uma longa distância.
- Chegamos - Disse me cortando novamente de meus pensamentos.
Eu olhei pela janela e vi um prédio com no mínimo 5 andares, com varandas decoradas por flores ou outros objetos de decoração.
- Eu irei apenas deixar as caixas da mudança na portaria e irei embora. Você se vire com o resto. -
Continuou enquanto saia do carro para falar com o homem que dirigia o caminhão de mudança.
Eu saí do carro com minha mochila cheia de meus pertences pessoais e importantes, e fui em direção ao prédio. Quando entrei, tive que procurar a síndica, para ela poder me dar as chaves.
Ela foi bem gentil comigo, e disse que o antigo dono tinha deixado alguns móveis e coisas do gênero (Claro, foi uma notícia incrível) Ela também me deu uns bombons e macarons que pareciam deliciosos.
Depois de conversar com ela, eu voltei ao térreo e vi que todas as caixas da mudança estavam lá, e é óbvio, o meu pai não. Iria ser uma longa tarde até eu carregar todas aquelas caixas até o meu novo apartamento.
- 2 horas. 2 horas se passaram e eu ainda estou carregando essas drogas de caixas! Eu estou cansada! -
Reclamei como uma criança birrenta enquanto estava sozinha no elevador com as últimas três caixas. Quando o elevador abriu, decidi empilhar as três e ir de uma vez.
Eu não acho que foi uma boa ideia, pois elas estavam pesadas e tampavam minha visão. Mas mesmo assim, eu continuei. Pois minha porta era a última do corredor de qualquer maneira.
Até que no meio do caminho, eu derrubei algo. Não sei o que era, pois não conseguia ver nada. Mas quando fui por as caixas no chão para pegar, outra pessoa parece que teve a mesma ideia. E nossas cabeças se chocaram uma com as outras.
- Ai... Isso doeu...- Disse enquanto massageava a cabeça
- Desculpa, eu não sabia que isso iria acontecer - Respondeu com o negócio que caiu em uma de suas mãos.
- Me chamo Alice. Alice Wood.. Você está se mudando para a porta próxima a minha, não é? -
Disse com um sorriso, eu apenas confirmei com a cabeça.
- Como você se chama? -
- Annie. Annie Copper... Poderia me entregar o que caiu, por favor? -
Disse a encarando. Ela parou por um segundo é fitou a coisa em sua mão e logo perguntou
- Ah... o que é isso? -
- Pílulas. Pílulas para dormir, eu tenho insônia. -
Ela apenas deixou escapar um "Aah..." E me entregou o tubo com pilulas azuis.
- Eu tenho que ir então, sabe, Terminar a mudança. Te vejo depois ou não. Até. -
Me levantei e peguei as caixas, e enquanto segurava as caixas com uma mão, usei a outra para acenar enquanto continuava andando sem olhar para trás. Eu ouvi um "Até logo" e o som dá porta do elevador.
Quando abri a porta, eu deixei as caixas com as outras. E joguei meu corpo exausto no sofá, enquanto pegava no sono.
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Colors
RomanceVocê era azul E você gostava de min Pois eu era vermelho. Mas, você me tocou E eu virei um belo céu lilás, E então você decidiu Que lilás não era para você.