Escuridão E Cores

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O meu plano inicial para hoje, dia 31 de dezembro, mais conhecido como réveillon, era celebrar o próximo o ano novo na praia. Com aquele mar maravilhoso e a brisa fresca. Para pedir para o mar levar todas as coisas ruins consigo, e, com as suas ondas, trazer coisas boas para o próximo ano. E pular aquela tão falada sete ondas, clichê, tradicional, mas divertido. Era o que eu pretendia e desejava. Eu poderia estar na praia agora, não poderia? É, poderia, se não fosse pela minha mãe. Segundo ela a praia pode ser perigosa com tanta gente nessa época do ano, é, até que ela está certa. Mas eu arriscaria.

Então tenho que me contentar em passar a virada em casa, pelo menos aqui tem comida, internet, e o sofá da sala. Além da presença de Daniel, meu amigo, que está cumprindo perfeitamente seu papel de me tirar do tédio.

— Tá, chega. Vamos fazer algo, Mariana. Que tal jogar algum jogo de tabuleiro, pode ser jogo da memória? - Daniel toma enfim uma atitude depois de longos dez minutos.

— Okay, pode ser, tem um jogo da memória lá no meu quarto em cima do armário. Você pega.

Daniel assente.

Chegamos no quarto e já trato de apontar na direção do jogo da memória, que está em cima do armário, como já disse. Daniel pega e montamos o jogo no chão.

— Tá, quem começa? — Daniel pergunta.

Antes que eu pudesse sequer pensar em uma resposta decente, todas as luzes se apagam, permanecendo apenas a escuridão. Antes que eu possa tomar alguma atitude, consigo ouvir minha mãe gritando de lá debaixo que fora um apagão a causa daquela escuridão repentina, e que logo acenderia as velas para espalhar pela casa e trazer um pouco de claridade. Reviro os olhos e chamo Daniel para voltar para a sala comigo. A sala já está com algumas velas acesas, que iluminam o suficiente para eu conseguir me movimentar sem acabar derrubando alguma coisa.

Pego meu celular para ver a hora e só faltam alguns minutos para dar meia-noite. Peço para meus pais se pudemos, eu e Daniel, vermos os fogos do terraço. Eles assentem, dizendo para tomarmos cuidado.

— Vamos?

— Vamos. — Daniel diz me puxando em direção à escada.

— Ei! Não deveria ser eu te mostrando o caminho?

— Deveria. Mas eu gosto de coisas inesperadas.

— Inesperado foi esse apagão, somos muitos sortudos, não acha? — Me calo quando percebo que chegamos, a vista daqui é linda, o céu está estrelado e só algumas nuves permanecem.

— Uau. — Deixo escapar sem perceber.

— Não deveria ser eu dizendo isso? Você já deveria estar acostumada. — Daniel diz, me fazendo soltar um sorriso bobo. O que está acontecendo aqui?

— Uh, não é que deveria mesmo. Mas eu gosto de coisas inesperadas. — Dito isso, sorrimos.

Nos sentamos no chão e olhamos para baixo, a rua na completa escuridão, contrastando com as luzes das estrelas no céu. Nos encaramos e dizemos em uníssono:

— Dez segundos.

De repente subiu uma adrenalina, se é que é esse o nome certo.

Nos viramos um para o outro no mesmo momento, um sorriso aparece em nossos rostos. Nos se aproximamos.

E nos beijamos.

No mesmo momento os fogos aparecem no céu, mas aquele barulho todo não nos intimidou, muito pelo contrário.

Uma explosão de cores surgiu, preenchendo a escuridão.

E não, não é dos fogos que estou falando, muito menos do céu.

——
Feliz Ano Novo! Que bons momentos substituem os ruins, prosperidade e blá blá blá. Enfim, feliz ano novo (independente de qual seja ele).

Beijos e pão de queijo ♥

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