capítulo único

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Se tem uma coisa que eu odeio é o vento.

Depois de horas na frente do espelho, com um pente e um desfrizante, eu finalmente consegui dar um jeito no meu cabelo naturalmente bagunçado. Tudo isso para vir um vento enquanto estou no banco carona do carro do meu namorado sacana que não fecha as janelas mesmo que eu tenha pedido várias vezes.

— Yeol-ssi, feche a janela, está bagunçando o meu cabelo. — Pedi ao tentar proteger minha franja do vento forte.

Chanyeol me ignorou e continuou mudando a estação do rádio até encontrar uma música pop da qual eu digo estar de saco cheio, mas admito cantar no chuveiro.

Depois de repetir aquele mesmo pedido pela quarta vez, eu fiquei realmente irritado — o que é uma coisa difícil de acontecer, sou muito pacífico — e mordi meu lábio inferior, me segurando para não me jogar em cima de Chanyeol e mexer no controlador das janelas que ficava na porta do motorista.

— Chanyeol, fecha essa droga! — Acabei xingando e o maldito soltou um risinho irônico pelo fato de eu ter dito um palavrão.

Olhei meu reflexo no retrovisor e senti vontade de gritar pelo fato do meu cabelo estar completamente desgrenhado e parecer que eu era tão preguiçoso a ponto de não poder nem mesmo pentear o cabelo. Maldito Park Chanyeol, depois eu faço greve de sexo e ele não sabe o motivo.

Meu namorado descobriu recentemente algumas pequenas coisas que me irritam verdadeiramente, e, desde isso, ele não para mais de fazê-las.

Chegamos na sorveteria e ele estacionou o carro em uma esquina, já que todas as vagas estavam ocupadas. Dias de verão eram sempre assim, quentes e lotados. Quando destrancou as portas, eu desci apressado e caminhei em direção da sorveteria de braços cruzados, sem esperar por ele.

— Baek! — Ele gritou, correndo até mim.

Silêncio. Apenas o barulho dos nossos pés batendo nas poças de água, provocadas pela calma chuva de verão que caira mais cedo, ecoava na esquina vazia. Nem parecia que estávamos no centro de Seoul.

— O que foi, babe? — Chanyeol apelou para um dos vários apelidinhos fofos que me deu. Ah, ele conhece mesmo meus pontos fracos.

— Estou ouvindo uma voz mas não vejo ninguém... — Eu disse, dando uma volta e fingindo procurar por alguém na rua vazia, exceto por mim e pelo mais alto.

— Baekhyunnie, não começa com essas birrinhas de criança. — Ouvi seus passos acelerarem atrás de mim e quando arrisquei começar a correr, Chanyeol me pegou pela cintura, me levantando do chão.

— Park Chanyeol, seu orelhudo, me solta! — Gritei, fazendo duas adolescentes que estavam sentadas na frente da sorveteria se assustarem.

— Não precisa gritar, sweetheart.—  Ele me soltou e me virei, dando um soco em seu peito.

Entramos na sorveteria em silêncio e sentei-me em uma mesa próxima à entrada, mexendo no celular em uma forma de evitar manter contato visual com aquela criatura irritante que tinha se tornado meu namorado.

— Posso ajudar? — Perguntou uma garçonete sorridente que eu jurei conhecer de algum lugar. Ela olhou para mim e intensificou seu sorriso, fazendo Chanyeol suspirar. Ciumento.

— Um sorvete de menta com chocolate e um de flocos, por favor. — Chanyeol fez os pedidos e eu olhei sem expressão para si. Tudo bem que menta com chocolate é meu sabor preferido, mas e se eu quisesse pedir outra coisa?

— Baekkie-ah, não lembra de mim? — Ela arregalou os olhos e riu fraco. Chanyeol revirou os olhos e batucou na mesa com seus dedos longos.

— Hm... Não? — Respondi, mas soou como uma pergunta. Na verdade eu achava o rosto dela extremamente familiar, só não sabia de onde e de quando a conhecia.

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