Capítulo 1

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~ FLASH BACK ON ~

Os passos eram apressados ao sentir pingos de chuva em sua camisa acinzentada. Determinado, atravessou os enormes corredores da faculdade e bate a porta.
- Entre.
- Foi mal, professor! Tive problemas no caminho.
- Tudo bem, sente-se.

Sentou-se no lugar que estrategicamente está vago atrás de mim. Lucas muda a mochila de ombro, pega um caderno e uma caneta iniciando a anotação escrita no quadro. Algum tempo depois, sinto seus lábios tocarem minha nuca causando-me arrepios. Sua voz soa arrastada.
- Oi.
- Oi. Atrasado de novo!
- Foi mal... sei que já conversamos sobre isso, mas prometo melhorar.
- O que foi dessa vez?
- Um acidente. Com esse tempo chuvoso em que deveria ser redobrada a atenção...
- Você veio como?
- De táxi.
- Vamos juntos pra casa quando a aula terminar. - sua mão desliza por baixo da minha blusa bem devagar.

Finalmente a aula finda e a sala fica vazia, entretanto os corredores se enchem de alunos. A chuva havia dado uma trégua, uns estavam esperando o ônibus, conversando, rindo e até mesmo estudando já que faltavam poucos dias para o período acabar. De repente os pingos começam a cair surpreendendo a muitos que se deslocavam para outras áreas assim como nós.
- Lucas, a chuva tá aumentando.
- E daí?! Você é de açúcar pra não poder se molhar?!
- Mas também não significa que quero me molhar.
Olho para ele caminhando como se não estivéssemos prestes a encarar um temporal.
- Lucas, não é hora agora! - apertei meus passos o deixando um pouco para trás. Ele me agarrou pelo braço fazendo força contrária aos meus movimentos me obrigando a ir em seu ritmo.
- Relaxa amor, eu gosto de desafios.
- Se você estiver pensando em fazer... Não! Não, por favor.

Ele sorri para mim como se eu tivesse adivinhado o que planejara e não deu outra. A chuva agora caía destemida enquanto corríamos como loucos no meio da rua e dos carros. Uma árvore se encontrava no centro do estacionamento logo reconheço seu EcoSport prateado embaixo dela. Ele me prende contra seu tronco úmido enquanto tento me livrar sem sucesso.
- Olha isso! O que você tá esperando pra abrir logo esse carro?
- Sabia que eu gosto quando você fica assim irritado?!
- Amor...
- Eu te amo. Eu amo tudo em você. - sua respiração é forte.
- Eu também te amo. Amo pra caralho!
De repente nossas bocas já haviam se encontrado em um ósculo perfeito. A sintonia era incrível, suas mãos passeavam pelo meu corpo para depois tornar ao meu rosto. Por fim, o beijo cessou por falta de oxigênio. Pois é, nem parecia que estávamos na chuva.
- Agora será que você pode abrir?
Ele coloca a mão no bolso da calça jeans azul escura modestamente justa destravando as portas do veículo. Jogo nossas coisas no banco de trás, ofegante.
- Prometa-me que nada nem ninguém vai acabar com o nosso amor.
- Prometo. - ele esfrega a ponta do nariz no meu.

Então acelera em direção à rua se misturando a dezenas de veículos. Passo as mãos no cabelo tentando ajeitá-lo, Lucas olha de relance e torna sua visão ao trânsito com um sorriso de canto.
- Que frio. - disse.
- Vou ligar o aquecedor, espera um pouco.
A casa do Lucas era enorme, os pais dele haviam viajado por uma semana e ele tinha ficado sozinho. Tão simpáticos, os tinha como se fossem meus segundos pais. Psicólogo e médica, íntegros, foram pra Minas Gerais prestigiar um evento importante.
- Tá com fome? Acho que Ana deixou nosso almoço pronto.
- Ah que bom! A comida da Ana é a melhor.
- Mesmo? Até melhor que a minha?
- Sem dúvidas.
- Ah é?! - foi se aproximando lentamente enquanto eu observava as nuvens carregadas pela janela.
- É.

Minha FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora