Novato

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-Filha! Levanta agora dessa cama e não me faça falar de novo!
Era a quita vez que meu despertador tocava e era a quinta vez que eu o ignorava completamente.
-Tá! Já tô levantando. Que merda!
-Olha a boca, Emilly!
Odeio quando ela me chamava de "Emilly", pois sabia que tinha conseguido estourar o limite de sua curta paciência.
Finalmente tomei coragem e levantei da cama. Estava MUITO frio aqui no Canadá.
Tomei um banho e coloquei praticamente todas as roupas de frio que eu via pela frente, já estava até difícil de andar. Desci as escadas correndo e essa definitivamente não foi uma boa ideia, porque assim que comecei a descer as mesmas, escorreguei e sai rolando por uns 6 degraus.
-Puta que pariu, que dor!
-EMILLY!
-Ué mãe, eu me estraçalhei no chão e você quer que eu fique quieta?
-Já disse pra não falar palavrão. Não é coisa de mocinha falar.
-TÁ!
Minha mãe me encarava toda hora, provavelmente se perguntando o porque de eu ainda não ter saído de casa para ir para a escola.
-Você está lembrada de que hoje é seu primeiro dia de aula, né?
-Como eu poderia me esquecer... Você ficou falando disso a semana toda.
-Você vai chegar atrasada.
-Não ligo.
-Pois eu ligo! Se não sair agora, eu vou te proibir de ir nessas festinhas que seus amigos tanto te chamam.
-Tá, tchau.
Sai de casa no mesmo instante, pois quando ela me ameaçava, realmente era sério. E quase todo fim de semana eu saía com meus amigos, então, o que eu menos queria, era que ela me proibisse de sair com eles.
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-Srta. Menezzes, algum problema?
Tinha chegado atrasada pra aula como de costume, e pra variar não estava prestando muita atenção na matéria, já que eu já tinha estudado a mesma em casa.
-Hm? Ah... nenhum, Sr. Mitchell.
-Poderia então, por favor, prestar atenção no que...
-Sr. Mitchell, o novato acabou de chegar. Posso encaminhá-lo para cá?-A moça que trabalhava na secretaria do colégio disse sorrindo.
-Pode sim! -Abriu um sorriso enorme no rosto, mas quando percebeu que eu tinha voltado a escutar música, ele fechou a cara e disse em tom mudo "Depois conversamos", como se eu tivesse medo dele.
-Alunos, por favor, prestem atenção em mim por um momento. Esse ano vocês terão um novo colega de classe, ele veio da Coreia Do Sul para cá pois quer aperfeiçoar o inglês e conhecer um pouco da cultura local. Por favor, entre.
Quando o professor mencionou a Coreia Do Sul eu não pude deixar de prestar atenção. Eu amava aquele lugar desde que me tornei fã de Kpop e de doramas. Um dos meus sonhos desde então é aprender um pouco de coreano e principalmente ir passar um tempo lá.
-Muito bem, pode se apresentar.
-Olá, meu nome é Park Jimin. Sou coreano, porém minha mãe é Canadense. Meus pais são separados há 2 anos e desde então eu moro com meu pai na Coreia. Decidi vir morar com minha mãe por um ano pois, além da saudade que eu estava dela, eu quero melhorar meu inglês e conhecer mais do Canadá. Ela sempre falou muito bem daqui e sempre tive vontade de vir para passar um tempo. Agora estou tendo essa oportunidade e eu realmente espero que possamos nos dar bem.

"PELO AMOR DE DEUS QUE MENINO LINDO DO CARAMBA!" Foi só o que consegui pensar no momento.
-Muito prazer Park Jimin, eu sou o Sr. Mitchell, professor de física. Turma, vocês tem alguma pergunta ou comentário para fazer ao novo colega de sala?
Sem que eu percebesse levantei minha mão, junto com umas 4 pessoas. As quatro foram escolhidas primeiro pelo professor e todas elas perguntaram coisas sobre a vida dele e sobre seus planos para esse ano letivo. Estava perdida nos meus pensamentos quando ouço meu nome ecoar pela sala.
-SRTA. MENEZZES! -O professor gritou pela quarta vez.
-QUE FOI?! -Falei no mesmo tom que ele
-Está com a mão levantada pra fazer pergunta ou só pra chamar atenção?! -Ele realmente me odiava.
-Ah... Uma pergunta. Mas parece que o Sr não quer ouvi-la, então não se preocupe, já até esqueci.
Nesse momento meu coração parou, pois antes que o professor pudesse rebater meu comentário, o menino falou:
-Faça a pergunta, por favor.
-Ah... Ok! -Sorri para ele, que retribuiu logo em seguida -Então... Queria saber se você nasceu bonito assim ou fez curso.
Ele ficou vermelho quando ouviu a pergunta e todos na sala estavam rindo, mas antes que pudesse responder o professor disse:
-Que tipo de pergunta é essa? Ficou louca?
-Não tem problema -Olhou para o mesmo e sorriu, mas depois voltou o olhar para mim e disse -Queria saber o mesmo de você...
Puta que pariu! Eu tô tremendo.
-Muito bem gente, agora que já conhecem o Sr. Park, podemos continuar a aula. Pode se sentar onde quiser.
Não vi para que lado da sala ele tinha ido até perceber alguém olhando para mim e sorrindo.
-Na verdade... eu já nasci assim.
-Puta merda, você é realmente lindo -Virei para o lado oposto ao olhar dele.
-Obrigado.
-Eu falei muito alto, né?
-Um pouco...-Riu nasalado
-Ah, você disse que quer conhecer mais do Canadá. Se quiser, podemos almoçar juntos hoje, aí aproveitamos para nos conhecer melhor e depois da aula posso ir até uns pontos turísticos com você.
-Sério?
-Claro! Mas só se você quiser.
-Quero sim! -Abriu um sorriso largo, que fez com que seus olhinhos se fechassem e uma covinha discreta aparecesse em seu rosto branquinho e perfeito.
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-Então, Park Jimin, aqui nunca tem comida gostosa. Só nos dias de quinta-feira, que eles permitem que saíamos pra comprar salgados na cantina do outro lado da rua. -Disse apontando para o refeitório.
-Por favor, Me chame de ChimChim.
-ChimChim? Gostei. - Sorri – É fofo. Quem te deu esse apelido?
-Ah, meus amigos da Coreia...
-Entendi. Você sente muita falta de lá?
-É, pode se dizer que sim. Apesar de eu ter saído de lá há um mês, sinto falta dos meus amigos, pois saíamos todo fim de semana.
-Eu também saio muito com meus amigos. Se quiser ir comigo e com eles nesse fim de semana ao karaoke... posso dar um jeito de te levar. Mas agora tenho que te mostrar alguns dos meus lugares preferidos daqui, você vai gostar.
-Ok, mas... porque está sendo tão legal comigo? Mal me conhece.
-Por favor, sem perguntas. Só me siga.
Depois disso mostrei muitos lugares normais pra algumas pessoas mas que para mim eram importantes, além de alguns pontos turísticos principais.
-Porque gosta daqui? -Ele perguntou enquanto analisava um banco no meio de uma praça antiga.
-Ah... - Sorri -As vezes, quando estava triste, vinha para cá e ficava observando as flores e os pássaros. Isso fazia eu me sentir melhor, não sei porque.
-Você não precisa mais vir aqui.
-E poque não?
-Porque agora você pode falar comigo sobre seus problemas. Irei tentar ajudar.
-E porque você está sendo tão legal comigo? Nem me conhece. -Repeti o que ele tinha me dito mais cedo.
-Por favor, sem perguntas. Apenas me siga.
Ele me levou até um carrinho de sorvete e comprou dois pra gente ir tomando enquanto andávamos e conversávamos.
-Então... Eu queri...-Antes que conseguisse terminar de falar, o celular dele começou a tocar.
-Pode atender, sem problemas.
-Já volto. É rápido.
E realmente foi. Em menos o cinco minutos ele voltou.
-Olha... gostei de ter passado o dia com você, de verdade. Mas minha mãe disse pra eu ir pra casa de uma amiga dela agora. Eu te deixo em casa se quiser.
-Ah, obrigada.
Chegamos na rua da minha casa e ele falou
-Nossa! Que coincidência.
-O que?
-A casa da amiga da minha mãe é nessa mesma rua também.
Ele foi andando pela rua até parar na porta de uma casa. Na porta da MINHA casa.
-É aqui. -Sorriu.
Ele começou a tocar a campanhia mas ninguém vinha atender. Então fui até onde ele estava e abri o portão com a chave que eu tinha trago.
-Que coincidência... Esta é minha casa.

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⏰ Last updated: May 13, 2017 ⏰

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