O futuro da corte de Broadwood

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Os criados correm de um lado para o outro e se encontram à todo vapor

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Os criados correm de um lado para o outro e se encontram à todo vapor.

O rei Henrique precisava de algo para mantê-lo vivo, como uma chama acesa e a intensa vontade de continuar neste mundo, portanto, seria necessário realizar um grande baile em sua homenagem, para restaurar suas energias, e ajudá-lo à encontrar um sentido em tudo.

Ele já não desejava mais a realeza. Todo o peso que ela representava, a responsabilidade de guiar um território, um reino.

O melhor canditado para a sucessão, era seu filho mais velho, à quem ele tanto confiava. Mas o destino tinha outros planos, e seu filho mais velho também.

A primeira filha do primogênito é a próxima na linha de sucessão. Porém, Francesca desonrou a família, casando-se com um vassalo falido, que perdeu a posse das terras num fugaz jogo de cartas. Ela estava fora de questão.

Sobrava então, Margareth, segunda filha do primogênito. A pequena Margareth? Não tão pequena como seu avô ainda acreditava. Ele viu a menina crescer, mas depois que seu filho decidiu trocar o conforto do castelo por uma casa menor, perto do meio rural do reino, ele não viu mais a menina, agora já crescida.

Seria ela o futuro do reino?
Seu avô não sabia dizer. Sua majestade poderia cogitar morrer apenas de preocupação por pensar que o reino estaria nas mãos de uma criança despreparada.

Sua Majestade vai de imediato ao encontro de seu filho, o pai de Margareth, implorando-o para assumir a coroa quando ele vier a falecer. Guilherme não deseja passar por tudo que passou o pai, mas sabe também que não deve renegar, do contrário passa a responsabilidade para a filha mais nova, e isto seria uma tragédia da maior grandeza.

Ele não queria que sua filha também sofresse com todo o esforço que esse trabalho requer. Ele cresceu, pode-se dizer, que sem seu pai. O rei Henrique não dava sequer 'Boa Noite, durmam bem", para os filhos. Ele tentava ser um bom governante para seus súditos. Vivia ocupado, sempre visando o melhor para o reino.

Guilherme não sabe qual decisão tomar, está confuso, receoso, conturbado. Na volta do castelo para a casa, ele pensa em suícidio. Chega em casa e vai para a sacada mais alta de lá. Coloca os pés para fora da madeira velha que protege a pequena varanda.

Seria ele capaz de largar sua filha nessa posição, deixando-a à mercê da corte, sozinha, sem ninguém para aconselhá-la? Ele logo pensa em deixar uma carta para Margareth, pedindo desculpas, e implorando-lhe para que não assuma a coroa, e abdique, em prol de seu tio, o segundo filho de sua Majestade, e o terceiro na linha de sucessão.

Ele se vira rapidamente para dentro da casa, em busca de papéis e uma pena com tinta para elaborar tal carta. Mas o que encontra o deixa paralisado.

Margareth está de pé à sua frente. Postura firme, e atitude de uma verdadeira rainha. Seus cabelos castanhos que andavam sempre presos em coques variados, estavam soltos e bagunçados. Ela tinha voltado da cavalgada. Seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas. Mas estas lágrimas pareciam contidas, elas não desejavam cair.

- Me diga de uma vez, o que pensava fazer com seus pés para fora da sacada? - ela o olhava com firmeza, como um pai que dá uma bronca em um filho. Entretanto, o que aqui ocorre, é o contrário.

- Filha, eu... Eu tentava tirar a minha vida. - seu rosto mudou de feição. Passava de choro para surpresa e ira. Embora ela já imaginasse a resposta.

- Me permite saber o motivo de sua insanidade repentina? - ela tentava enxugar suas lágrimas com um lencinho bordado à mão.

- Seu avô espera que eu assuma o trono depois de sua morte. Mas não posso fazer isso.

- Ora, e por qual motivo não pode?

- É um trabalho que, requer muito de sua Majestade. Muito esforço, muito trabalho, alta resposabilidade. Acha que seu avô é feliz na posição dele?

- Se me permite dizer, isso não passa de covardia da sua parte. Sei que é um homem forte papai. É capaz de assumir.

- Como ousa falar desta forma comigo Margareth? Você não sabe o que é estar nessa posição. Me sinto no olho do furacão.

- Se este é o problema, então eu...- Guilherme à interrompe no momento.

- Nem cogite a possibilidade de você assumir o trono.

- Fui treinada desde pequena. Com as leis gerais, as de confiança entre vassalos e seus senhores, assim como algumas regras do senso comum da população. Me sinto preparada.

- Você não sabe o que fala Margareth.

A princesa se afasta por uns minutos de seu pai. Anda pelo corredor, como quem reflete sobre determinado assunto.

Volta, decidida.

- Vou falar apenas uma vez. Estou disposta à assumir a coroa. Mesmo ciente de todos os problemas que isso pode acarretar. Se não é a sua vontade assumir, assumirei eu. E ninguém me impedirá.

Ela sai do quarto, deixando seu pai sozinho. Ele cai de joelhos em choro, implorando aos céus, rogando para que sua filha desista de tal loucura.

Nada impedirá Margareth agora.

Á Caminho Da CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora