Meu maior medo é virar estatística!

Sabe quando você anda pelas ruas e só quer estar em paz, sentar debaixo de uma árvore e sentir o vento batendo no rosto?! Se você sabe e aprecia esse tipo de coisa, sabe também, o quão importante é sentir-se seguro e livre para ir e voltar. Mas eu te trago uma verdade: "Não são todos que tem essa segurança, essa liberdade!".

Infelizmente, há pessoas que não conseguem suportar a existência do outro sem prejudicá-lo, seja por não estar bem consigo mesmo, seja porque crê (foi dito) que só uma forma de ser esta correta e essa é a que a pessoa mesma segue, ... Enfim, por qualquer motivo.

Um olhar de julgamento, uma sentadinha mais distante ou até mesmo a escolha de outro banco, é por aí que a nossa presença vai sendo rejeitada, não inclusa ou até mesmo erradicada.

É dito para que eu me comporte como homem ou seja uma mocinha de família, etc., mas não me é encorajado que eu refute essas ideias, que eu reflita o quanto isso vai me afetar futuramente.

Em uma festa, "ah, não seja tão gay", "não dance muito extravagante", "ah, mas também né", ... Como é que eu devo me comportar não gay se eu sou gay! o.O

Assim como a culpabilidade da mulher, sempre é do gay também. "Mas ele que procurou", "não tinha que sair assim de casa", "ele não é nada discreto". Daí, me batem, me matam e eu não posso fazer nada além de virar uma notícia: "UM Travesti é encontradO mortO em local ermo", "Estudante gay é esfaqueado em casa por garoto de programa", "Homossexual é espancado até a morte em metrô, POIS estava maquiado", "Gay é morto devido a crime PASSIONAL", ... Essas e outras formas manipuladas de apresentar um crime que TIROU A VIDA de alguém que é diariamente invisibilizado, fazendo com que não seja considerado algo tão horrível, me colocam na posição em que estou.

Todavia, quando o governo cria um programa que vai tirar não sei quantos milhões da miséria total e dar um pouco de dignidade a estas vidas, "CRIME HEDIONDO! GOVERNO CRIA...", é por isso que eu diariamente tenho medo de virar simplesmente uma notícia, uma não como qualquer outra, mas sim uma sem importância e cheia de justificativas. Meu maior medo é virar estatística!