1. Deram meu número para o Bart!

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Estava lendo no meu quarto, deitada na cama quando meu celular começou a vibrar sobre a minha barriga.
Deslizo a tela e vejo que era uma mensagem de número desconhecido. Estranho.

Número desconhecido: Oi, Dorothy. Aqui é o Bart Bordelon, sou o criador e Ceo da Magcon, você já ouviu falar deles?

Penso duas, não, cinco vezes antes de responder-lo.
No final, escrevi um sim em inglês.
Bart, que estava online, respondeu de imediato.

Número desconhecido: Que bom! Olha, eu estou no Brasil a passeio, uma amiga sua descobriu meu número (não me pergunte como) e me mandou um de seus vídeos. Garota, gostei bastante do seu conteúdo. É diferente de tudo que já vi, de tudo o que os meninos fazem. Embora eu não tivesse entendo numa palavra do que falou em português. Haha.

Isso é uma verdade. Eu não fazia loucuras em meus videos, bom, não todas as vezes, em geral, o canal no YouTube e as outras contas das outras plataformas eram sobre o meu cotidiano, sobre coisas que eu converso normalmente com meus pouquíssimos amigos; religião, sociedade, auto-estima, depressão, a vida de adolescente em pleno século XXI pra ser mais exata. Além de dar uma de escritora nas horas livres. Como assim, "uma amiga sua descobriu o meu número"?

Ei, espera aí, a Josefina conseguiu o número do Bart Bordelon e enviou o meu vídeo pra ele?!

Número desconhecido: Fiquei pensando se poderíamos nos encontrar para conversamos sobre sua possível entrada no grupo. O que me diz?

Calma lá, parceiro!

Preciso falar com os meus pais primeiro. Envio.

Sim, claro, você tem dois dias para me dar uma resposta. Vou voltar para EUA no sábado.

Tudo bem.
Vou ser rápida.

Deixo o celular onde estava antes, em cima da minha barriga, pensando no que acabou de acontecer comigo; Bart Bordelon me queria no seu time de astros da web, ele me queria no grupo! Fechei o livro e o coloquei na mesinha ao lado da cama, sentando-me um pouco atordoada diante do meu computador.
Havia recebido dez notificações no Wattpad e outras cento e noventa no YouTube. Não é querendo me gabar nem nada, mas meus videos faziam sucesso pra caramba! Haviam ainda algumas mentions no Twitter e curtidas no Instagram. E também notificações no Snap.
O primeiro vídeo foi há dois anos atrás, no meu quarto antigo em Macae. O fundo não passava de uma parede toda branca e a decoração simplesmente era minha almofada de coração entre minhas pernas. A câmera era a do celular Samsung Note apoiado numa lata de refrigerante. Um milhão e meio de visualizações e trinta e poucos likes na manhã seguinte. E os comentários nem se falam — todos queriam saber quando sairia o próximo, e o próximo, e o próximo e o próximo.
— Filhota, quer pizza? — perguntou minha mãe, a cabeça pra dentro do quarto e o resto do corpo no corredor, tirando-me do meu estupor.
Faço sim com a cabeça.
Ela entra no quarto com uma fatia de pizza na mão.
O nome dela é Bruna e teve o primeiro filho, o Mateus, muito jovem, aos quinze anos, o que a levou a dar uma pausa nos estudos, aí veio mais um, o Pedro, que lhe atrasou mais um ano na escola, um ano depois o Daniel e, alguns anos depois, eu, uma baita de uma surpresa. Tudo isso do mesmo homem, meu pai Túlio. Ela tem quarenta e quatro anos e ainda está com tudo em cima.
— Mãe...— eu começo, ela estava sentada na beirada da minha cama de solteiro mastigando seu último pedaço de pizza de frango. Ela levantou o olhar das tão queridas unhas de gato para me observar — Eu recebi uma proposta de...
— Namoro? Aí meu Deus, aí meu Deus, filhota! — ela levou as duas mãos a boca e começou a dar pulinhos de alegria no meu quarto. Quando percebeu que eu não pulava contente feito ela, parou — Não era de namoro, né?
— Não, mãe. — balanço a cabeça ao dizer — Foi meio que de trabalho, se é que pode chamar isso de trabalho.
— Trabalho? Filhota, você tem dezessete anos, é um bebê ainda e, além do mais, você estuda. Terceirão, faculdade ano que vem, não quero que você trabalhe logo agora. — ela disse, séria.
— Eu sei, eu sei. É que... é uma proposta ótima, mãe. Eu vou poder ver meus fãs, você sabe que eu amo eles, certo? E viajar pelo mundo, mãe, pelo mundo! Eles até pediram para conversar com a senhora e o papai. . — eu falei, um toque de empolgação na voz.
Minha mãe fez aquela cara que descrevia muito bem a pulga atrás da orelha que ela estava sentindo com toda aquela história. Se eu estivesse no lugar dela também teria.
— Não sei se você assiste jornal, mas você sabe como isso se chama? — ela se elevou da cama, ficando de pé na minha frente com as mãos na cintura.
Balanço a cabeça, em negativo.
— Tráfico humano. — ela disse.
Fiz uma careta, não acreditando no que ela havia dito.
— Não faz essa cara! — ela adverte — Tá doida? Acho que ficar horas na frente desse computador postando sabe se lá o que nessas redes sociais tá tiraram o juízo, só pode, né.
— Mãe, só uma chance. — junto às mãos debaixo do queixo, suplicante — Por favor.
Bruna anda de um lado pro outro por um tempo, quando para no meio do quarto e grita o nome do meu pai.
Túlio é alto tanto quanto a porta que abriu. Ele perto da minha mãe faz dela um gnomo de jardim sem muito esforço. Não tem cabelo desde que me conheço por gente, pele bronzeada devido ao nosso último final de semana na praia de Copacabana, e muito, muito musculoso.
Papai parou do lado dela com uma interrogação na cara.
— Tá passando o jogo do Flamengo, Bruna, o que foi?
Papai detestava perder os jogos do Flamengo na nossa nova televisão de tela plana. Comprado depois do aumento que ele ganhou no trabalho. Ele dizia que os jogos ficavam mais emocionais naquela televisão e que poderia jurar quase poder pegar na bola por conta da tecnologia 3-D.
— Grava, ninguém se importa. — disse minha mãe, grossa — Conversa com a sua filha, ela quer colocar o futuro dela no lixo.
Depois de dizer isso, ela saiu do quarto pisando forte no chão. Túlio abaixou a cabeça e passou a mão pelos olhos, como se aquilo já estivesse o cansando antes mesmo de começar.
— O que foi que você fez, parceira? — inquiriu, caindo sentado na minha cama.
— Um cara, Bart, você não conhece, é claro, ele conseguiu meu número com alguém, eu não sei quem, e veio falar comigo sobre uma proposta. Ele é o criador da Magcon, espera, eu vou mostrar pra você. — virei-me para a tela do computador, digitei Magcon na barra do Google e cliquei no primeiro link.
A tela ficou escura, as primeiras fotos a surgirem foram a Aaron Carpenter, Cameron Dallas e Taylor Clifford, Nash Grier, Heyes Grier e assim por diante até a metade do layout está cobertor por meninos, e uma menina de cabelo ruivo incontrolável chamada Mahogany Lox.
— Só tem menino!
— Tem a Mahogany, pai. A Mahogany é menina.
— Tanto faz, só vejo marmanjo. Mas, vai, explica aí.
— A Magcon é uma convenção que se juntou com uma campanha anti-bullying no início para os fãs conheceram seus ídolos. Eles viajam pelo mundo todo para conhecê-los e sabe o quanto isso é importante pra mim, pai?
— Posso imaginar. Esses ídolos são tipo Justin Bieber, One Direction?
Eu rio.
— Não exatamente, pai. Esses garotos e, garota, eles são pessoas normais, como eu e você, que fazem vídeos como eu e postam em plataformas online como o YouTube. Vine. Instagram.
— Quanto tempo dura essas turnês?
— Meses, seis ou quatro, no mínimo. Ou menos do que isso. Olha, eu não pararia de estudar, prometo. Eu sei o que eu quero pro meu futuro, pai, você sabe, fotografia é a minha vida e acompanhe eles, fazer parte do grupo seria apenas o começo. E, — respiro fundo — você não imagina o quanto esses meninos, e menina, me ajudam com tudo isso.
Pairou um silêncio constrangedor entre nós dois, papai o rompe com um pigarreio.
— Sua mãe e eu precisamos conversar mais um pouco sobre isso. E queremos falar com esse tal de Bart, quero saber tudo direitinho sobre esse Magcut.
— É Magcon, pai.
— Sobre esse dai também. — ele andou até a porta, e antes que saísse para o corredor, olhou-me por sobre o ombro e disse: — Durma bem querida, eu vou conversar com a sua mãe e vamos ver o que faremos.
Sorri para isso.
— Obrigada, pai, e durma com os anjos.

Bart?
Ele não estava estava online. Paia. O jeito é deixar uma mensagem, penso.

Bart, conversei com o meu pai e a minha mãe. Bom, a reação dos dois foi bem mista, mas no final das contas eles vão querer conversar com você. Está no Rio, certo? Em que hotel? Manda aí.
P. S.: estou animadaaa!

Horas depois, justo na hora que eu estava começando a cair no sono, meu celular vibra sobre a minha escrivaninha ao lado do monitor do computador, fazendo-me levantar da cama feito um zumbi. Desbloqueei. É o Bart. Rio sonolenta, instantemente.

Ótimo!! Sim, sim. Estou no Fasano.
P.s.: hahaha idem!!

Desliguei o celular. Agora só amanhã, penso feliz. Vou para debaixo os cobertores por conta do frio que imana na central de ar e que bate até nos meus ossos, e durmo. Dormir como uma pedra.

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Olá, terráqueos!

Primeira história sendo postada na 2ª conta
Ansiosa para saber o que vocês acharam
POR FAVOR, não sejam fantasmas e COMENTEM e VOTEM
Os COMENTÁRIOS E VOTOS são a gasolina dessa história.
Vou ficar no VÁCUO, mas amo vocês.

A Dorothy vai ser interpretada pela Kiana Ledé
Mas quem é essa garota?!
Ela fez a Zoe (💔) em Scream.

Oh, my God! ;; magcon Where stories live. Discover now