Prólogo

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”Universo. Os humanos acham que existe apenas o mundo deles. O fato é que esse universo é composto por duas linhas que andam juntas, mas que nunca se encontram. Linhas paralelas, mundos paralelos.

Ele é composto por dois mundos: o mundo dos seres humanos e o mundo das criaturas paranormais. Para que o universo exista, é preciso haver o equilíbrio entre esses dois mundos. Por isso, foi decretado há centenas de anos atrás, um acordo: os humanos jamais deveriam saber da existência de um mundo paralelo. ‘Poderia haver ganância, ambição, dinheiro e egoísmo por parte dos seres humanos.’. Em troca, os humanos dariam, através de suas almas, energia e poder de existência para os paranormais. Se suas energias não servissem mais, eles morreriam. Enquanto isso, as criaturas paranormais controlariam o mundo dos humanos. Assim, haveria equilíbrio, e, portanto, o universo.

Porém, nem todos queriam – e querem – o equilíbrio. Para que o universo não seja ameaçado pelas organizações malignas que desequilibram os dois mundos, foi criada uma nova espécie: os espers – seres humanos com poderes sobrenaturais. Diferente dos humanos, eles não possuem uma alma. Eles possuem uma essência, responsável pela sua existência e seus poderes paranormais. Os espers são as únicas criaturas desse universo que podem transitar de um mundo para o outro, em função de sua existência – e essência –, equilibrando o mundo.

Até esse momento, os fatos são assim. Vivo centenas de anos dessa maneira, e o universo também. Porém, hoje, sinto que mudanças estão por vir. Não que o universo esteja em desequilíbrio – sei quando isso acontece, já que é a minha função. Mas sinto que essas duas linhas paralelas que andam juntas no universo irão se encontrar muito em breve. E o real significado de cada humano, de cada paranormal, e de cada esper, também será encontrado.”

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Névoa.

É apenas o que Clarice consegue observar. Tenta pegar um pouco de névoa com suas luvas negras e pontiagudas, feitas de um material que seria algo semelhante a metal. Aspira e confirma: a neblina está completamente radioativa.

Tenta identificar mais algum fator que confirmasse que ela está no local certo. Percebe que há um enorme letreiro - em péssimas condições - pendurado no teto. Cerra os seus olhos na tentativa de ler o que está escrito. Começa a abanar a névoa com suas luvas. Pegar uma lanterna e iluminar o local é perigoso e uma ótima chamada para que a inimiga viesse. Depois de abanar dezenas de vezes a neblina, Clarisse consegue entender o que está escrito no letreiro: Área 239.

A garota se sente triunfante e solta um longo suspiro de satisfação. Vira-se e começa a dar passos longos, porém silenciosos, indo na direção da luz de um farol fluorescente. Um carro flutuante, largo, de porte médio e da cor azul néon se revela. Clarice do carro, através do vidro da porta do motorista.

— É aqui mesmo. – diz a garota, em um tom calmo e frio, para um grupo de jovens que se encontram sentados e espremidos dentro do carro. Eles suspiram, aliviados com a notícia. Porém, o medo e o nervosismo ainda estão presentes em suas feições.

O grupo começa a sair do carro flutuante. Depois de todos os jovens saírem – ao todo quatro pessoas – Clarice ordena que o automóvel desligue. O carro vai se apoiando no chão vagarosamente, até que sua cor azul néon se apaga, assim como a luz do farol. Não há mais nenhuma luz no local.

Um silêncio profundo. Clarice vasculha o bolso direito de seu uniforme e consegue encontrar aquilo que queria. Aperta o botão de ligar com seu dedo indicador e joga o objeto redondo no ar. O equipamento se expande e abre. Em seguida, o local é iluminado por um fulgor de cor azul cintilante.

A equipe agora consegue visualizar perfeitamente Clarice, a líder do bando. Seus longos cabelos negros lisos estão muito bem penteados e jogados para trás. Sua franja repicada cai perfeitamente na altura da sobrancelha. Seus fios de cabelos, extremamente escuros, entram em contraste com sua pele tão pálida como a neve. Clarice possui uma beleza invejável, com seu corpo alto, esguio e maduro. No entanto, o destaque vai para seus grandes olhos redondos, que são da cor púrpura. Não é lente artificial ou truque de ilusão, os olhos de Clarice possuem sim uma coloração roxa. Isso é algo normal e hereditário para sua família, porém para os conhecidos da garota, seus olhos são algo raro e de beleza inigualável.

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