Capítulo 1 - Bem-vindos a minha vida.

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— Você o que? — gritei alto o bastante para a figura feminina imposta a minha frente, minha mãe. Estava puta por ela ter deixado aquele homem nojento vir morar com a gente ontem à noite, e mais essa agora? Só podia ser brincadeira...

— É isso mesmo que você ouviu, Alicia. — sua voz estava tremula e sabia que ela se esforça para se manter diante de mim. Soltei uma gargalhada alta. Encarei-a pegando o que vi na minha frente, um jarro de vidro, e joguei com toda a força no chão, fazendo o mesmo se despedaçar em vários caquinhos. Minha mãe soltou um grito levando a mão na boca.

— Escuta aqui, eu não vou pro colégio interno nenhum. — esbravejei alto sentindo as lágrimas molharem meu rosto. — Não é justo comigo. — minha voz saiu fraca e chorosa. Respirei fundo saindo da sala de estar e seguindo para o meu quarto, porém ela começou a me seguir também.

— Eu preciso viver minha vida. Não é justo o que você faz comigo! E é só até a sua madrinha voltar de viagem, ai você fica na casa dela. — só podia ser brincadeira! — Se já não bastasse sua birra de pirralha, ainda tenho que te aturar e cuidar de você sozinha depois que aquele traste foi embora! E eu cansei, cansei de você. A partir de hoje quem manda em você sou eu, como sua mãe.

— NÃO FALA ASSIM DO MEU PAI! — gritei o mais alto que podia — Se ele foi embora é porque cansou de aturar você! — levei um tapa forte estalado no rosto. Quem ela pensa que é para bater em mim? A olhei com ódio e nojo.

— Faça as suas malas, Alícia. Você vai para um colégio interno.

Gritei alto assim que Ashley — minha mãe, saiu do quarto. Ela só pode estar de brincadeira! Que ideia louca era essa de me colocar em um colégio interno? E pior, me fazer estudar lá para depois ir morar com uma madrinha que nunca vi na vida? Só podia ser brincadeira. Mas eu sempre soube que ela queria se livrar de mim, ela era muito nova quando me teve, e desde então foi obrigada a ter que abrir mão da vidinha dela para cuidar de mim junto com meu pai. Mas agora que ele foi embora, o caminho estava totalmente livre para ela voltar para a vidinha fútil que possuía.

Minha mãe nunca foi uma boa mãe e muito menos boa esposa. Reclamava de tudo e fazia questão de jogar na minha cara que eu havia sido o pior erro da sua vida, e foi por essas e outras que meu pai foi embora. Ele não aguentou a pessoa que minha mãe passou a se tornar, fútil, mesquinha, rancorosa e chata. Então, ele simplesmente arrumou suas malas e sumiu do mapa. Eu nunca superei sua partida, chorava todas as noites a sua falta, ele era tudo que eu tinha. O único que me entendia e me dava amor como um pai deveria dar, mas depois que ele foi embora, eu descobri que tudo não passava de encenação e teatro, e eu como sempre, cai nas ciladas que a vida me pregava.

Fechei os olhos com força tentando segurar as lágrimas que caiam incessantemente dos meus olhos. Eu estava com muito ódio da minha mãe, e ainda sem acreditar que ela iria mesmo me mandar embora. Acabei adormecendo com tantos pensamentos.

A bagagem cinza abarrotada fazia um contraste interessante na mala do pequeno Fiesta preto da minha mãe. Fechando a mesma me dirigi até meu pequeno quarto estampado de pôsteres, dando uma boa olhada antes de suspirar profundamente. Me abaixei do lado da cama puxando uma pequena caixa marrom desbotada.  Abri-a fazendo menção de fechar os olhos com força para não chorar. Era ali aonde guardava algumas lembranças que tinha do meu pai antes dele ir embora. Sei que deveria estar puta com ele por ter me deixado e deixado minha mãe, mas a saudade dele era avassaladora. Peguei o pequeno pingente com o meu nome e o nome dele gravados no coração já enferrujado, e guardei no bolso me levantando. Iria sentir falta daqui. Muita falta mesmo.

— Se demorar demais vai acabar perdendo o voo, Alícia. —ouvi minha mãe falar da porta e revirei os olhos.

Dei uma última olhada escanceando o quarto e sai me afastando dela que passou a me seguir logo em seguida. Ao entrar no carro notei que o motor já estava ligado e o ar condicionado também, ela queria mesmo se livrar de mim.

Soul Criminal [Justin Bieber Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora