Prologo
Mama, me conta aquela história da sereia da Coréia? – minha doce menina me perguntava e sorria enquanto estava deitada em sua cama.
- Você não se cansa de ouvir essa história? – perguntei sorrindo me aconchegando ao seu lado na cama.
- Não, é minha história favorita. – ela respondia enquanto sorria, levantei mais sua coberta e comecei a mexer em seus cabelos que estavam bastante longos.
- Então eu vou contar, mas preste bastante atenção. – falei por fim e sorri -Há muito tempo existiam sereias nos mares de todo mundo. Uma dessas serias se apaixonou por um humano, ela o conheceu quando ele quase se afogou e ela o salvou. Todos os dias ela tentava vê-lo na beira da praia, até que um dia ela procurou a bruxa do mar e pediu que ela a transformasse em humana, a bruxa perguntou o motivo de tal pedido e ela respondeu que estava apaixonada por humano. Ela então perguntou para a pequena sereia se esse humano correspondia desse sentimento para com ela, ela disse que não sabia, mas tinha certeza que quando o mesmo a visse, se apaixonaria. A bruxa do mar então disse que duvidava que isso realmente fosse acontecer, mas que mesmo assim iria conceder seu pedido, porém, a sereia teria 100 dias para fazer com que seu amado correspondesse o seu amor, se não ela iria se tornar bolhas de sabão.
- E ela conseguiu que ele a amasse?
- Até parece que você não conhece o final. – comentei sorrindo. - Ela tentou de tudo para que ele a amasse como ela o amava, mas no final todo seu esforço foi em vão. No último dia, quando o sol se pôs, ela foi para beirada do mar e seu corpo começou a se transformar em bolha de sabão e quando ela estava no fim, seu amor apareceu e disse que a amava, mas já era tarde demais.
- Essa história é muito triste no final. – ela falou fechando seus olhinhos.
- Realmente é, mas você gosta. – disse por fim. – Nunca entendi o porquê.
- Por que ela tentou de tudo para ficar ao lado do seu amor e por pouco ela quase consegue. – ela respondeu com sua voz embargada de sono.
- Verdade. – concordei dando um beijo em sua testa. – Você não precisa se preocupar, eu nunca te deixaria se tornar bolha de sabão, bons sonhos minha Pequena Hana. – dei um beijo em sua testa e a deixei dormindo.Capitulo 1
Hoje era um péssimo dia para que eu chegasse atrasado no trabalho. Tudo bem que eu trabalhava para o meu pai e eu podia fazer meu horário, mas eu tinha marcado com a nova secretária - que meu irmão tinha contratado - às oito horas da manhã e agora eu estava preso no trânsito. Fazia 1 mês que meu pai tinha passado a empresa do Japão para minha responsabilidade e do meu irmão mais novo, mas o comando mesmo era meu. Eu estava ficando atolado com a minha agenda e uma coisa que eu tanto relutei acabei fazendo, pedi para o Kai arrumar uma secretária para mim, e hoje no primeiro dia dela eu ia dar uma aparência ruim sobre minha pontualidade. Com muito custo, saí do trânsito e tentei cortar caminho pelas ruas que não eram principais. Quando cheguei à porta da empresa, o manobrista já estava lá para pegar a chave e estacionar para mim, agradeci e entrei andando em passos largos.
- Bom dia, senhor Kim! - a recepcionista me cumprimentou.
- Bom dia. – respondi educadamente. Eu não gostava de ser grosso com as pessoas que trabalhavam comigo. Ao contrário de meu pai, meu irmão e eu concordávamos que tínhamos que ser cortês com nossos funcionários.
- Uma senhorita esta a sua espera, ela chegou informando que tinha sido contratada para o cargo de secretária, pedi para que a mesma subisse e aguardasse sua chegada na sala de espera. – ela me informou.
- Obrigado. – agradeci e fui o mais rápido possível para o elevador.
Apertei o sexto andar, dei uma olhada pelo o espelho do elevador, para ver como eu estava, e sorri cansado. Eu vestia meu terno preto, com uma blusa social azul e uma gravata preta, meus sapatos estavam bem engraxados, o problema era meu cabelo, ajeitei da melhor maneira possível, não tive tempo de penteá-lo da maneira que eu queria, então joguei ele para trás, mas ele cismava de vir para frente. Resolvi parar de brigar com ele. O elevador apitou e finalmente eu estava no meu andar. Quando saí, logo avistei - sentada e encolhida no sofá da sala de espera - uma moça, que parecia nervosa. Respirei fundo, eu tinha que demonstrar segurança. Ela puxou o celular e parecia estar lendo algo que a distraiu e não percebeu a minha chegada.
– Bom dia! – falei e ela se assustou. Rapidamente a vi guardar o celular e se levantar.
- Bom dia, senhor Kim! – ela respondeu se curvando. Ela era muito bonita, tinha sua pele bronzeada, lábios grandes, seus cabelos castanhos se ondulavam na ponta e chegavam até a cintura. Seus olhos eram castanhos claros, que chegavam quase ao mel. Ela estava usando uma saia social azul, que chegava até o joelho, uma blusa social branca com mangas longas e de salto.
- Desculpa o atraso. – falei e ela pareceu surpresa, mas depois recobrou as feições sérias.
- Não tem problema, não esperei tanto assim. – ela respondeu timidamente.
- Vou me apresenta formalmente, sou Kim Junmyeon, sou presidente interino junto com o meu irmão, Kim Jongin. – falei sorrindo e ela mexeu no cabelo, pondo a mecha que estava no seu rosto para trás.
- Eu sou Park Hana! – ela se apresentou docemente. - E seu irmão me falou muito sobre o senhor na entrevista.
- Aposto que falou muito mal de mim, Kai só sabe reclamar. – comentei rindo e ela ficou vermelha.
- Não senhor, ele só falou coisas boas. – ela ressaltou, tentando se defender e eu achei aquilo bem fofo.
- Fique tranquila, senhorita Park, é uma brincadeira. – comentei sorrindo.
- Desculpa. – ela pediu sem graça.
- Não precisa se desculpar. – sorri. – Venha comigo até minha sala, vou te passar o trabalho e te mostrar onde você irá ficar. – ofereci meu braço educadamente e ela aceitou, totalmente tímida.
Após a sala de espera, tinha uma porta onde ficava uma mesa e um computador que ficava entre duas portas, onde uma era minha sala e a outra era a sala de meu irmão.
– Aquela mesa ali... – apontei para mesa que estava à frente. – é a sua mesa. Ali que você vai trabalhar, vou por um telefone aqui para você receber minhas ligações e dependendo da importância, você vai transferir para mim. Se for cliente chato, você pode fazer esperar que não tem problema. – comentei rindo e ela balançou a cabeça. Ela soltou meu braço e puxou um bloquinho, uma caneta de dentro da sua bolsa e anotou o que eu disse, achei aquilo diferente, mas também legal. – Vai anotar tudo que eu disser? – ela me olhou timidamente e mais uma vez ficou vermelha.
- Desculpa, é bom para que eu não esqueça. – ela respondeu. – Não tenho muita experiência, não sei se o seu irmão passou isso para o senhor.
- Ele realmente não me falou isso. – falei pensativo. – Mas não tem problema, seu trabalho não será tão difícil e o que você tiver de dúvida, é só bater naquela porta e entrar, que eu respondo. Se for caso, te ensino também. – indiquei a porta da esquerda, a qual era da minha sala, e voltei a olhá-la. – Ali é minha sala, você pode entrar e sair quando quiser e pode pedir o que quiser. Esqueci-me de te falar do banheiro.
- Eu vi onde ele fica. – ela me interrompeu e depois me olhou espantada. – Desculpa ter te interrompido.
- Não precisa se desculpar, estava começando a achar que eu estava te assustando de tanto que estou falando. – ela sorriu e aquilo já me fez relaxar.
Passei o dia explicando o que ela tinha que fazer no computador, liguei para o técnico da empresa, para que ele fosse instalar o telefone na mesa dela, e enquanto ele fazia isso, ela ficava do meu lado entendendo o meu trabalho. Hana anotava tudo o que eu dizia e perguntava quando tinha duvidas, o que era algo raro. Ensinei desde cálculos até autuar os processos. Quando o técnico instalou o telefone, fizemos um teste para verificar se estava funcionando e logo todas as ligações que eu receberia passariam por ela. Depois de tanta agitação, fomos ver a hora e já era umas 16 horas da tarde. Nós não tínhamos almoçado.
- Nossa, estou com uma fome. – comentei por alto, Hana estava concentrada lendo um processo. – Você devia deixar isso para amanhã. – falei e ela me olhou.
- Mas você não precisa entregar isso com certa urgência? – ela perguntou confusa.
- Precisar, eu até preciso, mas isso eu resolvo mais tarde. – comentei sorrindo.
- O senhor perdeu muito tempo me ensinando, acho que posso dar uma lida nesse aqui. – ela falava já voltando a leitura e eu suspirei.
- Quantos anos você tem? – perguntei meio sem pensar e ela me fitou sem entender.
- 20 anos.
- Eu tenho 23. – falei mesmo ela não tendo me perguntado. – Só três anos de diferença. – eu ri. – Não precisa me chamar de senhor, nem de tanta formalidade.
- Isso, o chame de Velho chato, é melhor. – a voz do meu irmão invadiu o ambiente. Ele estava abrindo a porta e entrando sem bater, para variar, e rindo.
- Podia ter batido na porta, Jongin. – comentei e ele me deu língua. Depois de sua palhaçada, posou seu olhar em Hana.
- Vi a mesa sem você lá fora e com todos os equipamentos, resolvi ver como estava se saindo. – ele falou diretamente para Hana e ela sorriu. – Meu irmão te atolou de informações, Dona Park? – ele perguntou de maneira simpática.
- Não. – ela respondeu pondo o cabelo atrás da orelha, já percebi que ela fazia muito isso quando ficava constrangida. – Ela me ensinou bastante coisa e tem sido bastante paciente comigo. – ela comentou e eu não pude deixar de sorrir, meu irmão, por outro lado, revirou os olhos.
- Meu irmão não é muito paciente, tome cuidado senhorita Park, Suho é um conquistador de primeira. – ele avisou sorrindo e dando as costas para sair.
- Suho? –ela perguntou confusa.
- É o apelido dele. – meu irmão respondeu.
- Não acredite nas palavras dele, Kai gosta de fazer essas coisas para me envergonhar. – falei sem perceber que tinha me referido ao mais novo pelo seu apelido.
- E Kai é o apelido dele? – ela perguntou curiosa.
- Sim. – meu irmão respondeu sorrindo. – Aliás, pode me chamar de Kai, nada de senhor Jongin ou senhor Kim, mas isso é lógico que é só para você. - ele falou dando uma piscadela.
- Você não ia sair Jongin? – perguntei já ficando irritado.
- Se você já esta ficando irritado, então sim, eu já estou de saída, minha missão já foi cumprida. Até mais senhorita Park, qualquer coisa minha sala é à direita. – ele saiu dando risadas e eu bufei. Ele sabia como me tirar do sério. Hana estava tentando disfarçar o riso e aquilo de certa forma meio que me acalmou, ela era tímida e parecia ter se soltado bastante depois da vinda do Kai.
- Desculpa por isso, meu irmão gosta de implicar comigo, acho que é mal de irmão mais novo. – falei por fim.
- Pensei que ele fosse o mais velho. – ela comentou.
- Por que achou isso? – perguntei curioso. – Tudo bem que eu tenho uma carinha de novinho e ele não. – brinquei tentando zuar o Kai, mas não tinha muita graça sem ele aqui, mesmo assim ela abafou uma risada.
- O fato dele ser mais alto do que o senhor. – a olhei sério e ela suspirou. – Digo, pelo o fato dele ser mais alto que você, e também pelo o apelido, Kai significa primeiro em coreano. – ela concluiu e dava para ver que ela estava ficando sem graça, então eu me liguei que ela entendia coreano.
- Isso mesmo. – respondi sorrindo. – Jongin sempre foi mais alto do que eu, mas ele tem a sua idade, o apelido de Kai foi dado por um amigo nosso, porque o Kai foi o primeiro dele em muitas coisas. – ela pareceu surpresa quando falei da idade do Kai e meio confusa pela explicação de seu apelido. - Sabe o que significa o meu apelido?
- Suho significa guardião. – ela respondeu sorrindo.
- Isso mesmo, o mesmo amigo que deu o apelido do Kai, deu esse apelido para mim porque ele disse que eu sempre o protegia na escola, e também porque eu sou o mais velho. – apoiei meu rosto na minha mão esquerda, meu estômago roncava de fome, mas estava tão interessante conversa com Hana. – Como você sabe coreano? – perguntei curioso.
- Sou meio japonesa e meio coreana. –ela respondeu sorrindo. – Minha mãe era coreana e me ensinou algumas coisas.
- Que legal. – falei sincero. – Eu sou coreano, mas meu pai tem empresa em toda Ásia e eu prefiro ficar aqui no Japão, é bem mais divertido. - dei uma olhada na hora e já era quase cinco horas da tarde. – Quer sair para comer algo? – perguntei e na hora a vi ruborizar. – Não leve a mal. – apressei-me a dizer. – é que estamos o dia todo trabalhando e não paramos nem um minuto para comer, você deve estar com fome que nem eu.
- Estou sim, mas não se preocupe, eu como quando chegar em casa. – ela respondeu timidamente. – Senhor, que horas tem?
- Dez para as cinco da tarde - respondo olhando o relógio, ela fez uma cara de assustada.
- Ai que droga. – ela praguejou e logo se repreendeu por isso. – Senhor, tem como me liberar? Eu esqueci que tenho que fazer algo agora, amanhã chego mais cedo e reponho essas horas. - a olhei sem compreender.
- Pode ir, seu expediente acaba as 17:00 horas mesmo, não precisa repor as horas, são só 10 minutos. – respondi sorrindo e ela pareceu constrangida.
- Desculpa, senhor Kim. – ela pediu timidamente e eu suspirei.
- Não tem nada que pedir desculpas, e a partir de amanhã, me chame de Suho, por favor. – pedi e ela me olhou surpresa. – Você não estava atrasada? – a lembrei e fiz sinal para que ela saísse logo, pois imaginava que deveria ser um compromisso importante.
De uma maneira educada, ela se curvou e saiu quase correndo e eu não pude deixar de rir. Tive a breve sensação de que Hana e eu nos daríamos bem, uma vez que, ela é uma excelente menina, meio tímida, tinha uma beleza única sem muito esforço, no caso, uma beleza natural e era esforçada. Seria divertido ter ela aqui na empresa. Fechei minhas coisas e saí do escritório para comer e quando cheguei do lado de fora, vi a Hana entrando num ônibus e indo para o seu destino.
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Laços Inesperados
Fanfiction"Park Hana é uma mulher esforçada, que aprendeu a se virar desde muito cedo. Assumindo responsabilidades enquanto ainda era muito jovem, Hana não tem amigos e se sente sozinha, mas não deixa se abalar. Precisa ficar firme. Arrumou um emprego em uma...