Acerto de Contas

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 As palavras perambulavam por sua mente como cenas de um filme que queria nunca ter visto

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As palavras perambulavam por sua mente como cenas de um filme que queria nunca ter visto. Seu coração batia descompassadamente, e tudo que conseguia pensar era no que poderia ocorrer. Nunca se perdoaria se algo acontecesse aos seus amigos por sua causa. Sam. Onde ele estava que não tinha chegado ainda? Onde estavam todos? Por quanto tempo teria de ficar relendo as palavras mentalmente, tendo de lidar sozinha com aquele sentimento?

Correu para o andar de baixo e, tropeçando no último degrau, atingiu o chão. Murmurou, virando-se de barriga para cima, e pousou as mãos nela. O chão estava gelado. Estava cansada demais para se levantar. Encarou o teto. As aspirais desenhadas em dourado eram belíssimas. Algumas flores pintadas em um azul pastel também compunham a parte de cima. Como nunca as tinha visto antes?

Ouviu passos vindos da porta, sentiu um alívio e, inclinando a cabeça para trás, sorriu. Era Sam.

— Ash — começou o garoto com as mãos no joelho, abaixando-se. — O que você está fazendo aí?

— A visão daqui é realmente diferente, sabia? — disse, apontando para cima. — Já viu os desenhos no teto?

— Não — respondeu, deitando-se junto dela. — Então são essas coisas que dizem que a gente perde quando não olha para cima.

Ashley riu e olhou para o lado. Sam parecia completamente diferente daquele garotinho amedrontado que vivia debaixo dos olhos de Elizabeth como um mordomo. Seus olhos brilhavam, esbanjando felicidade e leveza. Agradecia todos os dias por ter conseguido trazê-lo com ela. Esticou o braço para que pudesse abraçá-lo, e com um sorriso, Samuel se aproximou. A jovem depositou um beijo terno em sua testa, e permaneceram ali. Juntos. Olhando para o teto.

— Vocês poderiam nos dizer o que é que estão fazendo aí no chão? — Era Tyler.

Os outros, que haviam chegado logo atrás de garoto, começaram a rir enquanto os dois sentavam-se sobre o piso gelado para olhar para eles.

— Estávamos vendo o teto — respondeu ela apontando para cima. — Já viram esses desenhos?

Todos olharam ao mesmo tempo, admirando as pinturas que nunca haviam visto antes. Depois de um tempo, sentaram-se à mesa e Ashley voltou a sentir um frio incomum. Sentia seu corpo tremer e percebeu que Sam notara, apoiando sua mão sobre a dela, com um sorriso.

— A morte daqueles pescadores deixou o povo enlouquecido — o primeiro a comentar foi Benjamin.

— Já larguei meu emprego por lá — respondeu Lincoln, cruzando os braços.

Riram. Menos Ashley, que não conseguia afastar sua insegurança. Parecia que tudo que se passava ali, naquele momento, sua pequena felicidade, não passava de um sonho. Sua frágil segurança estava prestes a ser totalmente abalada. Ou não. Resolveu sair por um breve momento para espairecer seus pensamentos antes de falar sobre a carta. Precisava reunir toda a coragem que tinha para encarar que o tempo de sossego havia acabado. Queria chamar por Meisner para conversarem, pois ele era um ótimo ouvinte, mas sabia que por alguma estranha razão não podia. Logo, foi à cidade.

Novael (VOL. 1) - O Conto de um Reino Perdido | EM BREVE DISPONÍVEL IMPRESSOOnde histórias criam vida. Descubra agora