Capítulo 4

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Tenho medo. Tenho medo de voltar a por os pés naquela escola. E se eu fico sozinha mais uma vez e eles me descobrem? E se eles me magoam outra vez? Eu não sei o que vai ser de mim. Se isto se repetir todos os dias, mais tarde ou mais cedo vou ficar sem forças.
- Bom dia. – O porteiro interrompeu os meus pensamentos. – Vais ficar aí especada?
- Não, desculpe, vou já entrar. – Eu disse, aterrorizada com a ideia de me cruzar com eles novamente. Eu devia ter ficado em casa. Caminhei lentamente, procurando encontrar alguém que pudesse falar comigo, proteger-me, como faziam antes. Eu só não queria andar por ali sozinha. Avistei Joanne um pouco mais à frente, o que me fez desviar o meu caminho com o coração aos pulos. Estava prestes a entrar no maior e mais movimentado átrio da escola, quando Steve apareceu. Estava completamente perdida. Ele colocou o seu braço à volta dos meus ombros e conduziu-me ao mesmo sítio onde tínhamos estado no dia anterior. As pessoas olhavam para nós confusas, talvez perguntando-se o que fazia eu com ele. Achei que se gritasse alguém podia ajudar-me, mas depois percebi que provavelmente isso ia ser ainda pior para mim. Estava completamente aterrorizada com o que podiam fazer comigo.
- Não me digas que achaste que conseguias fugir de nós… És mesmo ingénua. – Joanne falou, segurando o meu queixo.
- Então, trouxeram o que era suposto? – Steve falou, ainda com o braço à volta dos meus ombros.
- Claro! – Chad e Peter falaram ao mesmo tempo. 
- Larga-a Steve, ela não vai fugir. – Joanne disse, revirando os olhos.
- Mas é que ela é tão linda. – Ele respondeu, beijando o meu pescoço, o que me fez afastar-me, enojada.
- Vá, pessoal, passem para cá. – Edward disse. Desviei meu olhar para eles, e assim que vi Chad dar uma faca a Edward senti o meu coração parar antes mesmo de a inserirem no meu corpo. Lembrei-me de tudo. De todas as palhaçadas que fiz com a Raquel e o Carlos. De todas as vezes que gozaram comigo por eu ser desastrada. Da minha mãe.
- És uma bonequinha, tu. – Edward falou, revirando a faca nas suas mãos. – Só é pena que sejas tão indefesa. – Ele disse aproximando-se de mim.
- O que é que vais fazer com isso? – Perguntei, afastando-me dele. Dei por mim encostada a uma parede, encurralada.
- Já pensaste como seria se a tua mamã estivesse aqui? Imagina uma velhota a gritar connosco e a morrer contigo. – Ele disse, irritando-me cada vez mais. No entanto, estava mais preocupada com a faca que tinha apontada a mim. Eles não me podiam fazer nada… Podiam?
- Não faças nada, por favor… - Eu implorei. Tarde demais. Senti uma dor aguda na minha barriga, e por muito que a agarrasse, essa dor não passava. Deslizei pela parede, coberta de sangue. Eu ia morrer ali.
- Edward! Estás parvo?! Era suposto ser uma brincadeira, não era para esfaqueares a miúda! – Aquilo que pareciam ser gritos, na minha cabeça iam-se tornando sussurros.
- Corram, rápido! Fujam, ninguém nos pode ver aqui! – Edward falou.
- E ela? Vai morrer aqui?! – Joanne perguntou, aflita.
- Esqueçam a miúda e corram, burros! – Edward falou, afastando-se.

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