Capítulo 25

566 33 0
                                    

http://www.youtube.com/watch?v=5anLPw0Efmo

Subi as escadas pensando no que Harry me tinha dito. Não podia ser verdade. Mas que razões teria ele para me mentir? Que razões teria ele para me dizer aquilo sem certezas? Mas por outro lado, que razões teria a minha mãe para se ter suicidado? A minha vida voltou ao mesmo pesadelo que era há alguns meses atrás. Pensei em ligar o computador onde deviam estar Jess e Hannah, mas não o fiz. Em vez disso sentei-me na minha cama, apertei com força a minha almofada. Rapidamente ela ficou encharcada. Olhei para a janela como sempre fazia. O céu estava escuro, em pouco tempo começaria a chover. Levei a minha mão à cara, limpando as lágrimas e deixando-a molhada. Dobrei os meus joelhos e encostei a minha cabeça aos mesmos. As minhas mãos apertavam as minhas pernas firmemente. E aí eu lembrei-me. Lembrei-me do que poderia te-la levado ao suicídio.
Flashback on:
- O que é isto Samanta? - A minha mãe gritou mandando uns papeis para cima da minha cama. Tirei os meus fones dos ouvidos olhando-a. Peguei nas folhas.
- As minhas notas. - Eu respondi não querendo saber.
- Tu sempre foste boa aluna! O que se está a passar contigo? Fala comigo, deixa-me ajudar-te! Por favor! - Ela implorava levando as suas mãos à cabeça.
- O que se passa comigo? - Eu ri ironicamente. - Eu estou a ver a minha mãe a morrer aos poucos! - Eu respondi travando as minhas lágrimas.
- Eu não tenho culpa. - Ela baixou a cabeça, encarando o chão.
- Eu só quero que isto acabe! - Eu respondi sem saber bem o que dizia.
- Vais te-lo. - Ela disse dirigindo-se à porta do meu quarto. - Vais te-lo. - Ela sussurou desta vez, fechando a porta. 
Flashback off.
Levantei a minha cabeça assustada. Olhei o pequeno espelho que se encontrava perto da minha secretária. "Eu sou a culpada." Eu dizia entre soluços. "Fui eu que matei a minha mãe. Eu matei a minha mãe!" O ritmo do meu choro aumentou rapidamente. Levantei-me correndo e fui até à casa-de-banho. Pousei as minhas mãos no lavatório olhando novamente para o monstro que eu era. As minhas lágrimas escorriam já pelo pescoço, de tão rapidamente que passavam pela minha pele. Abri um armário que se encontrava perto de mim, onde encontrei uma pequena lâmina. Lembrei-me de todos os filmes que teria visto em que pessoas quase morriam graças à perda de sangue causada por aquilo. Não me interessava. Peguei nela firmemente e levei-a ao meu braço. Tremia de medo, medo de enfraquecer, medo de adoecer tal como a minha mãe. "Não! Tu és mais forte que isto!" Eu gritava desesperadamente. A minha mão abriu-se dando lugar a um pequeno estalido assim que a lâmina encontrou o chão branco. Escorreguei pela parede acabando por me sentar. Puxava os meus cabelos como que me castigando pelo que eu quase fazia. Estiquei o meu braço e levei a mão ao puxador da porta, abrindo-a. Dirigi-me ao meu quarto já com poucas forças. As lágrimas continuavam a escorrer, deixando os meus olhos vermelhos. Procurei o meu telemóvel entre os vários livros que se amontoavam na secretária. Digitei o seu número, e fiquei à espera de uma resposta.
- Harry... Eu... - Eu tentava dizer, sendo impedida pelo meu choro acelarado. 
- Estou a ir princesa. - Ele disse do outro lado da linha. Desliguei a chamada e olhei pela janela vendo-o passar entre a chuva que se havia formado. Corri o máximo que pude, descendo as escadas apoiada no corrimão. As minhas lágrimas caíam cada vez com mais frequência, mas eu já não queria saber. Abri a porta recebendo Harry.
- Desculpa... - Eu disse assim que o vi. Harry pegou-me ao colo abraçando-me. Escondi a minha cara no seu ombro, rodeando o seu pescoço com os meus braços.
- Tu não tens que pedir desculpa, eu percebo-te. - Ele disse chorando também. Pousou-me no chão, sem que me largasse. A sua mão foi até ao puxador da porta fechando-a. Passou o seu braço por volta dos meus ombros, aconchegando-me, e subimos as escadas até ao meu quarto. Desmanchou a minha cama deitando-me lá dentro, e deitando-se ao meu lado. Escondi a minha cara por trás das minhas mãos, não querendo que ele me visse assim. 
- A culpa foi minha. - Eu disse tentando recompor-me.
- Não foi tua culpa. Tu não tens culpa de nada. - Ele tentava acalmar-me.
- Tenho sim! Fui eu que lhe disse que queria que aquilo parasse. Queria parar de ve-la morrer aos poucos. As minhas notas pioraram, eu fechava-me no quarto a ouvir música tentando travar as lágrimas. - Eu soluçava entre as palavras. - Ela disse-me que ia parar. E algumas semanas depois suicidou-se! Ela não suportou ver-me assim! A culpa foi minha! Eu matei a minha mãe, Harry! - Eu conclui.
- Shhh... - Ele dizia abraçando-me, e encostando a minha cabeça ao seu peito.
- Estou a molhar-te a camisola. - Eu ri baixinho.
- E eu não me importo nada. - Ele sorriu. - Sam... A Jess e a Hannah sabem que a tua mãe... - Ele tentava achar uma palavra que não me magoasse.
- Que a minha mãe morreu? Não. Elas acham que eu moro com a minha tia pois a minha mãe está a viajar em trabalho. - Eu respondi. - Eu sei que lhes devia ter contado. Mas eu não conseguia. 
- Devias contar. Elas são as tuas melhores amigas. - Ele acariciava-me a cara suavemente, enquanto olhava para mim. 
- Eu vou contar, prometo. - Eu disse encarando-o.
- Que me dizes de fazermos o almoço juntos? - Ele perguntou franzindo a sobrancelha, o que me fez rir. 
- Boa ideia, chefe. - Eu respondi levantando-me. Dirigi-me à cozinha, tal como Harry. Preparamos algo para comer entre risos. Ele fazia-me esquecer os meus problemas. Com ele tudo ficava bem. Mas eu tinha que contar à Hannah e à Jess o que realmente se passava. Eu não lhes podia esconder mais isto.

How to save a lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora