How to save a life

Capítulo 33

http://www.youtube.com/watch?v=X0dnp5E8FMo
Corria pelas ruas sentindo os meus pés serem sugados pela neve. A minha mão era fortemente agarrada pela de Harry. Cruzávamo-nos tanto com pequenas crianças que comiam um doce sorrindo, como com idosos recordando bons momentos. 
- Temos dois minutos! - Eu disse ofegante, rindo. Sentia a minha roupa colada ao corpo, molhada. Continuámos correndo pela rua até avistarmos finalmente as nossas casas. 17h29, mesmo a tempo. 
- Estás entregue. Adeus gorda! - Ele disse brincando.
- Gorda? Oh, não me digas que agora a gordura se pega! - Fiz cara de má, gozando com ele.
- É, por isso mesmo é que me vou embora agora, antes que me pegues. - Ele deitou a língua de fora e fingiu ir embora. Cruzei os braços e ele olhou para trás, mas continuou a andar para a frente, fingindo ignorar-me. Corri até ele e subi para as suas cavalitas. Gargalhámos e depois de se virar para trás, beijou-me apaixonadamente. - Até amanhã princesa. 
- Boa viagem para amanhã. Vai dando notícias! E manda um beijinho meu à Gemma. - Acenou com a cabeça afirmativamente, abraçou-me e foi até sua casa. Senti-me estranha, foi como se ele se estivesse a ir embora de vez, sabem? Como eu vou fazer daqui a uns tempos... 
Entrei em casa cumprimentando a minha tia e subi as escadas até ao meu quarto. Sentei-me na cama e suspirei. Depois de ter estado tão desatenta às aulas tinha que estudar alguma coisa, nem que fosse só folhear os livros ou cadernos. Depois de um banho demorado tentei focar-me nos estudos, apesar de mal sucedida. Tudo o que lia me fazia refletir sobre pequenos erros, pequenos pormenores. Algumas horas depois desci para o jantar e logo depois me deitei. O meu corpo estava mole, os meus joelhos estavam sem forças, a minha cabeça doía fortemente e estava repleta de pensamentos. Decidi enviar uma mensagem ao Harry.
"Amo-te. Todos os momentos que passámos fez-me uma pessoa muito mais feliz. Obrigada por estares sempre lá para mim.
Até amanhã príncipe. "
Antes de qualquer resposta apressei-me enviar uma mensagem ao Louis, pois tinha receio de adormecer antes de poder escreve-la. 
"Obrigada pelo apoio, Lou. Juro que estou a tentar contar-lhe, mas é difícil. Promete-me que quando eu me for embora tomas conta do Harry. Ele é tudo o que tenho."
Escondi o telemóvel debaixo da minha almofada como sempre fazia. Na minha cabeça soavam um conjunto de músicas que se adequavam ao que eu estava a sentir. Cantando-as na minha mente, adormeci.
- Pequeno-almoço na mesa! - A minha tia gritou do rés-do-chão. Acordei do meu sono profundo e fechei os meus olhos que ainda ardiam devido ao cansaço. 
- Vou já! - Eu tentei gritar, porém, simplesmente sussurei com a minha voz bem rouca, como qualquer pessoa que tivesse acabado de acordar. Enfiei os meus pés gelados nas pantufas e desci as escadas rastejando-os. Apetecia-me fazer como sempre fazia em criança. Descia as escadas sentada, fingindo que essas eram um vulcão e que lá mesmo em baixo se situava a lava, local onde eu não podia tocar! Ou até mesmo brincar ao "não pisar os riscos do chão" se é que é mesmo esse o nome. Tinha saudades de me divertir com pequenas coisas como essas. Tinha saudades de ser inocente como uma criança, não sabendo os perigos que existiam neste mundo cruel, não sabendo o que era abandonar o seu verdadeiro amor. Se estou a exagerar? Oh, vá lá! Tentem colocar-se no meu lugar. - Bom dia tia. - Dei-lhe um pequeno beijo na bochecha e sentei-me frente a frente com uma imensa variedade de comida. Peguei numa torrada onde barrei um pouco de manteiga, e dirigi-me rapidamente para o primeiro andar. Vesti-me lentamente, apetecendo-me ficar enrolada nos meus lençóis. Tinha que ligar para o Harry, saber como estava a correr a viagem até a casa onde estava a sua irmã, em Brighton. Depois de pentear o meu cabelo peguei então no telemóvel, tentando ligar-lhe. Mas estranhamente o telemóvel dele estava desligado. Teria ficado sem bateria? Sinceramente não sabia, eu tinha-lhe pedido para ir dando notícias... Apesar de ter mexido um pouco comigo, não liguei. Coloquei o telemóvel no bolso e desci até à sala. 
- Alguma coisa de jeito na televisão? - Perguntei brincando com o comando.
- Não faço a mínima, mas já sabes como é ao sábado de manhã. - Ela disse enquanto lia um livro que tinha comprado há pouco tempo.
- Tédio. Vou ligar ao pessoal para irmos ao Starbucks ou assim. - Peguei no telemóvel e deparei-me com uma chamada não atendida de um número que eu não conhecia. Oh, boa! Tinha deixado o telemóvel em silêncio. E se era o Harry? Talvez tenha ficado sem bateria e me tenha tentado ligar e eu feita tola esqueci-me de tirar do silêncio! Idiota Samanta, idiota! Tentei ligar de volta mas não atenderam. Ao invés disso, ouvi a campainha tocar. Dirigi-me até à porta estranhando o que acabara de acontecer e ao abri-la, deparei-me com Anne desfeita em lágrimas, em desespero.
http://www.youtube.com/watch?v=lT67liGjZhw
- Anne?! - Gritei abraçando-a. Tinha medo, muito medo do que ela me viesse a dizer.
- Querida... - Ela tentava falar mas apenas soluçava.
- O que se passou? Fale comigo! - Olhava-a nos olhos e passava as mãos pelos seus ombros, tentando acalmá-la. Na verdade nem eu mesma estava calma.
- Foi o... Foi o Harry... - O meu coração parou. O meu mundo parou. Por momentos a minha visão ficou distorcida e perdi noção de tudo à minha volta. Senti uns braços circundarem os meus ombros por trás. 
- Calma... - Ouvia vozes vindas de um outro mundo ao qual eu não prestava atenção.
- O que aconteceu ao Harry? - Perguntei ainda em estado de choque.
- Ele teve um acidente de carro... Ligaram-me do hospital e temos que ir imediatamente para lá... - Ela soluçava enquanto a minha tia continuava a tentar aconchegar-me. Todo o meu corpo tremia, não conseguia mexer-me. Os meus olhos mantiam-se abertos enquanto as minhas lágrimas desciam pela minha face.
- Querida queres que ligue ao Louis e ele avisa os outros? - A minha tia perguntou abanando-me levemente. Apenas acenei afirmativamente. - Eu vou convosco para o hospital, vou só buscar uns casacos. - Ela dizia enquanto corria pela sala até chegar aos cabides. Puxou dois casacos e correu até à porta, levando-nos até ao carro. Na minha mente nada aparecia. Nem imagens, nem músicas, nem pensamentos, nem sentimentos. Estava completamente apagada, não sabia o que se estava a passar comigo. Queria gritar, espernear, correr. Mas tudo o que conseguia era a imobilidade e lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas. Senti o carro parar e assim que consegui mover-me para abrir a porta foi como se me tivesse desprendido das correntes que me mantiam imóveis e sem qualquer tipo de pensamento. Corri para dentro do hospital procurando a secretaria. Perguntei pelo Harry deixando todo o meu corpo tremer de nervosismo, sem que o conseguisse impedir. Mandaram-me ficar calma, e esperar. Grande ajuda! Anne e a minha tia corriam até mim tentando impedir-me de fazer algum disparate.
- Tem calma querida, só resta esperar e ter fé! - A minha tia dizia. Acenei afirmativamente com a cabeça. Dirigi-me à sala esperando pelo que eu tinha que esperar. Cruzava e descruzava as pernas em pequenos intervalos de tempo.
- Eu vou só apanhar ar. - Foram das poucas palavras que consegui emitir. Levantei-me sentindo os meus joelhos falhar e fui até à porta do hospital. Andei de um lado para o outro olhando para os meus ténis claros, aqueles que o Harry tinha sujado de propósito. Ouvi o Louis gritar ao longe. Também ele estava destroçado. Correu até mim e abraçou-me. Nada tinha para me dizer, por muito que quisesse nenhuma palavra me iria consolar naquele momento, só mesmo o médico dizendo que ele estava bem. Só mesmo vendo-o sorrir novamente.
- Sê forte pequena, o Harry está a lutar para estar perto de ti novamente. - Ele disse tentando consolar-me. Passava as suas mãos pelo meu cabelo também chorando. Olhei por cima do seu ombro vendo Hannah, Jess, Zayn, Liam e Niall correndo até nós. Todos eles estavam em estado de choque. Todos me tentaram acalmar.
- Louis, por favor, conta-me tudo o que sabes do acidente. Eu sei que sabes mais que eu! - Eu disse respirando fundo, tentando acalmar-me.
- Senta-te. Eu conto-te. - Ele disse levando-me até uns bancos de jardim que ali se situavam. - O acidente dele foi grave Sam. - Eu gemi de medo escondendo a minha cara nas mãos. - Sabotaram os travões do carro, e ele ficou sem controle. Pelo que me disseram ele foi contra uma árvore porque não conseguiu parar a tempo. O carro ficou despedaçado, e ele não está bem... - Ele concluiu. Apesar de eu saber que não era esta a verdadeira conclusão.
- Conta-me tudo, Lou. 
- Tens a certeza? Sam... - Ele dizia com medo.
- Porra, conta-me! - Estava já desesperada.
- Ele está entre a vida e a morte... - Ele disse baixo. Todos olharam para mim tentando conter as lágrimas, mas não conseguiram. O Niall escondia a sua cara no casaco. O Zayn abraçava a Jess de lado, estando ambas as faces preenchidas por lágrimas. O Liam olhava para tudo como se nada fizesse sentido. A Hannah escondia a sua cara com as mangas do seu casaco peludo. E o Louis estava ali a tentar consolar-me. Os seus olhos estavam completamente vermelhos, tal como os meus. Já não sabia mais o que pensar. Só me restava esperar, por boas ou más notícias. Eu só tinha que esperar... Coisa que eu nunca me habituei a fazer.