Capítulo 34

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A chuva tinha começado a cair, novamente. Fez-me sentir melhor, foi como se naquele dia até as nuvens chorassem. O Louis continuava sentado ao meu lado, agarrando a minha mão fortemente. Já nenhum de nós tentava esconder as lágrimas, era impossível. Pela primeira vez o frio me fez sentir bem, não sei porquê. Encolhi-me e sentei-me no chão molhado, não querendo saber de nada. Agarrava as mangas do casaco e olhava para o céu escuro. Vi Jess sentar-se também, à minha frente. Ela olhava-me com pena, medo. Desviou também o olhar para o céu, em que as nuvens escuras se moviam contrastando com a pouca luz do sol. Senti todos sentarem-se no chão, tal como eu. O Niall respirava fundo, tentando encontrar calma e paz dentro dele. O Louis brincava com as pedras molhadas que estavam no chão. O Zayn brincava com os cordões da sua camisola, apático. O Liam chorava como nunca, tentando, tal como o Niall, encontrar algo dentro de si que o acalmasse. Senti o Louis agarrar a minha mão. Niall, que estava do meu lado esquerdo, agarrou-me também. Foi-se assim sucedendo, até estarmos todos unidos, como sempre. Olhámos uns para os outros e sorrimos levemente. Ficámos ali até a chuva acalmar, e aí entrámos para dentro do hospital, esperando alguma boa notícia. Fui a primeira a entrar na sala de espera e a deparar-me com o olhar das pessoas que lá estavam. Uns olhavam-me de lado, pensando que eu era idiota por estar naquelas figuras. Ao meu lado apareceu Hannah, agarrando a minha mão. As crianças olhavam-nos rindo, achando piada aos nossos casacos ensopados e aos nossos cabelos despenteados. E finalmente, Anne dormia encostada à minha tia, que por sua vez me olhava com as lágrimas nos olhos. A sala era grande e encontrámos facilmente espaço para nos sentarmos. Vi médicos passarem pelo corredor bem à minha frente. Um deles era o único que me podia dar alguma notícia. Parecia preocupado… As minhas lágrimas escorreram compulsivamente enquanto ele falava com uma médica, apontando para um processo. Sim, o processo do Harry. O meu corpo desprendeu-se da cadeira e caminhei rapidamente entre todas as outras cadeiras. Olhei para o médico limpando as lágrimas, tremendo como se ele tivesse a minha vida nas mãos.

- Como está o Harry? – Eu sussurrei. 

- Não podemos dar-lhe informações neste momento. Dentro de 30 minutos poderei então informá-la a si e a todos sobre a situação dele. Mantenham a calma, estamos a fazer tudo o que podemos. – Ele respondeu com uma voz calma. A minha raiva apoderou-se de mim e os meus punhos fecharam-se. Enfiei-os dentro do meu casaco não querendo fazer nenhum disparate. Senti a Hannah agarrar-me por trás, puxando-me. Levou-me até à minha cadeira e ajoelhou-se à minha frente, mais calma do que tinha estado há minutos atrás.

- Sam, ouve-me com atenção. – A Jess aproximou-se de nós e sentou-se na cadeira ao meu lado, passando o braço pelas minhas costas. – O Harry vai ficar bem, ok? Ele vai ficar bem! Só tens que esperar. São só 30 minutos, já esperaste muito mais que isso! Depois podes correr para o quarto dele e ver as covinhas fofas dele outra vez. – Eu sorri de canto, ao mesmo tempo que deixei uma lágrima escorregar até ao meu queixo. Elas sorriram também. 15 minutos se passaram e a Hannah continuava à minha frente, desta vez sentada. A Jess estava também no mesmo lugar, mas desta vez ao colo de Zayn, que acariciava as suas mãos. O Louis brincava com o seu telemóvel. Mais 10 minutos se passavam. Levantei-me e comecei a caminhar pela sala, olhando para o relógio de 5 em 5 segundos. Suspirava alto. Mais 2 minutos. O ritual dos 5 segundos continuava. E finalmente, tinha passado já a meia hora e o médico ainda não tinha aparecido na sala. O meu nervosismo aumentava e o meu olhar focava-se agora no corredor. Voltei olhar para o relógio. Já tinham passado 10 minutos a mais. Assim que olho em frente vejo o médico dirigir-se a nós com um sorriso. Fiquei aliviada, mas não deixava de estar preocupada. 

- Anne Cox? – Ele perguntou olhando para a ficha.

- Hum? Harry? – Ela disse assim que acordou. Levantou-se rapidamente assim que viu o médico olhando para ela. – O meu filho está bem? O Harry?!

- Ele está bem. – Todos suspirámos, gritámos, saltámos, abraçámo-nos. Era a única coisa que eu queria ouvir naquele momento. - Pode ir até ao quarto dele e acalmar-se, e depois explico os pormenores que precisa de saber. – Olhei para Anne que se dirigia ao quarto, passando pelo médico. 

- Posso levar mais uma pessoa? – Ela perguntou olhando para mim e eu sorri. – É muito importante para ambos.

- Sim, pode. Têm 5 minutos. – Suspirei aliviada e abracei o Louis antes de entrar. Sussurrei “Ele vai perguntar por ti, e eu vou responder que continuas o mesmo parvo de sempre. Mas que foste uma grande, grande ajuda.” Ele sorriu e deixou-me ir. Fui até ao quarto e chorei de alívio quando consegui ver os seus olhos verdes novamente, o seu sorriso. Vi Anne sentar-se ao seu lado dando-lhe a mão.

- Filho, oh meu deus, Harry! – Ela simplesmente não conseguia falar. As palavras falhavam-lhe, enquanto que eu nem uma única palavra consegui dizer.

- Eu estou bem, mãe. – Ele sorriu. Desviou o seu olhar para mim e limpei as minhas lágrimas, sorrindo e enfiando as mãos nos bolsos enquanto me encolhia. – Princesa! – Ele disse ainda fraco, sorrindo. Só consegui sorrir ainda mais. – O Louis? O pessoal?

- O Louis continua o mesmo parvo de sempre. Mas foi uma grande, grande ajuda. – Eu ri quando percebi que o Louis estava à porta. 

- Boo bear… - O Louis disse ainda com as lágrimas nos olhos. O Harry sorriu. – Bem estou aqui só de passagem, se o médico me vê aqui quem fica nessa cama sou eu! E não deve ser muito confortável. – Ele torceu o nariz fazendo-nos rir, e saiu. Eu fiquei a olhar para aquele quarto. Fiquei a processar tudo o que tinha acontecido. O Harry, naquela cama de hospital. E pensar que eu já estive em quartos assim, duas vezes. O médico apareceu e pediu-me que saísse, pois tinha que conversar com Anne. Saí depois de me despedir com um sorriso. Caminhei até à sala de espera sorrindo. Tal como sorria sempre que ele me abraçava, sempre que me apoiava, sempre que estava comigo. Sorri de felicidade.

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