Capítulo 35

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Anne apareceu finalmente no jardim, após uma longa conversa com o médico. A sua face transmitia-nos a confusão que existia no seu coração: Lágrimas escorriam pelas bochechas enquanto estas estavam bem redondas sustentando um sorriso. 
- Então Anne? Quais são as novidades? – A minha tia perguntou antes que eu e os outros pudéssemos ter qualquer reação. 
- O Harry está bem. Só há um problema, e eu preciso da tua ajuda para isto Sam. – Ela disse olhando-me. O meu coração quase saltou pela minha boca. – Ele vai ter que fazer fisioterapia durante cerca de quatro ou cinco semanas, segundas e quintas, começando dia 17 (Segunda feira da semana seguinte). Se não melhorar vai ter que ser operado, para poder ficar completamente curado, mas essa é apenas uma alternativa. Ele tem dificuldade de mobilidade nas pernas, perde as forças rapidamente, devido à zona da cabeça que foi atingida. – Ela soluçava entre as palavras, preocupando-se com o seu menino. O menino que me roubou o coração.
- Eu ajudo. – Eu disse parecendo confiante, porém, não estava. Tinha medo de me ir embora antes que ele pudesse melhorar. Eu queria vê-lo a jogar futebol com o Louis outra vez, queria vê-lo a atirar-se para o chão ao tentar defender uma grande jogada dele. 
- Obrigada querida. – Anne abraçou-me e a minha tia levou-a a casa, deixando-me nas mãos dos idiotas e retardados dos meus amigos.
- Será que podemos ir ver o Harry? – Niall perguntou encolhendo-se de frio debaixo do seu casaco.
- Não sei, mas não custa tentar. – O Louis respondeu dirigindo-se à receção do hospital. A senhora disse-nos então que apenas três de nós podiam ir visitá-lo hoje, e que tinham 5 minutos. Justamente foram o Zayn, o Liam e o Niall, pois eram os mais chegados a ele que ainda não tinham estado com ele. Jess e Hannah concordaram. 
Depois de um longo almoço no Nando’s, depois de o Niall se ter empanturrado de batatas fritas, depois de o Louis ter entrado em depressão pois não vendiam sobremesas de cenoura e depois de termos descontraído, cada um voltou à sua casa. Se me fez impressão passar por aquela rua em que eu e o Harry já tantas palhaçadas fizemos? Sim, muita. Porque estava mimada e habituada a passar por ali acompanhada por ele, e agora estava sozinha a pensar como iriam ser as suas sessões de fisioterapia, por causa de algum atrasado mental que lhe decidiu tirar os travões do carro.

17 de Fevereiro (Primeira sessão de fisioterapia) 
Sendo que hoje é a primeira sessão de fisioterapia do Harry, às 19h00, tinha cerca de cinco minutos para chegar a casa. Sim, claro que vou ter com ele. Depois deste dia entediante de aulas, só quero chegar a casa, tomar um bom banho e fazer alguma coisa que faça o tempo passar rápido, até essa hora chegar. Se bem que já não faltava muito. Entrei em casa e vi Anne conversar com a minha tia. Era tão bom ver que elas se estavam a dar bem e a apoiar-se uma à outra nestes momentos. A Anne ainda não sabia que eu me ia embora dentro de pouco tempo, mas só o facto de estar ali com a minha tia a ajudava a ultrapassar isso. E acredito que quando eu me for embora elas vão juntar-se outra vez e vão a um bar qualquer dançar tango, valsa, ou seja o que for que as mulheres mais velhas fazem entre amigas. E acredito também que nesse preciso momento estarão os membros do meu grupo de retardados a ajudarem-se uns aos outros. Eu vou ser a única que não vou conseguir ter qualquer tipo de ajuda. Eu não vou ter ligação à internet, e duvido muito que tenha um telemóvel. O meu pai não gosta de gastar dinheiro em coisas que para ele são dispensáveis, mesmo que para mim não sejam. Percebem agora o meu medo de me ir embora? Eu não vou sequer poder chegar ao Facebook e mesmo que seja por um mau motivo como “Harry Styles está numa relação com ______”, saber novidades sobre ele, muito menos falar com ele. Vou estar no mínimo um ano sozinha, sem qualquer contacto com eles, sem qualquer novidade, sem qualquer sorriso.
Foram estes os pensamentos que invadiram a minha mente enquanto eu sentia a água escorrer pelo meu corpo e me vestia. Coloquei um pouco de perfume, passei os dedos pelo meu cabelo soltando-o, calcei os meus ténis e desci. Fui até ao meu quarto e procurei o meu diário, para nele poder escrever o que sentia, mais uma vez. Eu não respeitava o seu nome (Diário) pois apenas o usava quando mais precisava. Era como se eu fosse uma pessoa bem falsa que só usava os amigos quando precisava deles. Mas o diário não tem sentimentos, não tem coração. Então eu posso fazê-lo com ele, e sei que bem lá no fundo ele vai compreender. 
“Querido diário, a última vez que te escrevi foi para descrever o quão otimista estava, e o quão importante aquele dia era para mim. Sim, o aniversário do Harry, lembras-te? Ótimo. Porque hoje eu não estou tão otimista assim. Dentro de pouco tempo vou abandonar todos aqueles que nunca me abandonaram, e eu não estou pronta para isso. Eu não posso deixar o Harry, muito menos agora, depois de sofrer um acidente de carro. É… Isto não tem andado nada fácil. Peço-te que lhe implores para que ele não fique chateado comigo, para que ele não desista de mim. Eu vou voltar, um dia (…)”
Fechei o diário e arrumei-o novamente no sítio onde ninguém o iria encontrar. O relógio marcava já as 18h30 e Anne bateu à porta do meu quarto, perguntando-me se seria muito cedo para irmos para o hospital, ao que eu obviamente respondi “claro que não, Anne”. Fomos até ao hospital onde ele estava internado, sendo que nesse dia ia poder voltar para casa. A sessão de fisioterapia foi angustiante para mim. O Harry não conseguia estar muito tempo em cima das suas pernas e isso deixava-me nervosa, nunca o tinha visto assim tão fraco. Uma hora depois pude finalmente abraçá-lo e senti-lo perto de mim outra vez. O médico não o deixava sequer ir à escola, portanto tive que usufruir do nosso beijo de despedida assim que Anne chegou à nossa rua. Entrei em casa pensando novamente como seria a sua próxima sessão de fisioterapia. Se eu estaria lá ou não. Deitei-me na minha cama não querendo saber de qualquer tipo de trabalho de casa, teste, nem sequer de comer. Enrolei-me nos cobertores e pensei em vários momentos que passei com ele, momentos que me vão acompanhar para sempre. Que vão preencher os meus sonhos e fazer-me sentir ao lado dele, mesmo quando eu estiver a quilómetros de distância. Senti essas imagens desaparecerem e adormeci.

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