How to save a life

Capítulo 39

http://www.youtube.com/watch?v=p3bFOT1e-AU
28 de Fevereiro
"Olá... Como estás? Já não te vejo quase há uma semana... Não te abraço, não te beijo, não sinto a tua respiração perto do meu pescoço. Não sinto o teu toque delicado nas minhas mãos... Sinto tantas saudades tuas. Nunca pensei sentir isto por alguém, mas agora que sinto não aguento. Estou tão vazia agora. Preciso tanto de uma mensagem tua a dizer 'bom dia princesa' ou 'estou à porta da tua casa'. Preciso tanto de um abraço teu, de um sorriso, de um beijo... De ti. Não aguento sozinha. E pensar que há menos de um mês era o teu aniversário, e passei o momento mais feliz da minha vida. Pensar que eu devia estar contigo neste momento para te acompanhar às sessões de fisioterapia. Pensar que precisas tanto de mim e eu basicamente te abandonei. Como é possível que a minha vida mude assim tanto, tão rápido? Eu queria ter-te contado, juro que queria. Simplesmente não tive coragem, e não sabes o quanto isso me custa, o quanto me arrependo... Pensar que podia ter-me despedido de ti, que podia ter passado mais uma noite a sentir-te ao meu lado, a aqueceres-me, deixa-me ainda pior. Não sei quando vou voltar, mas prometo que vou fazer de tudo para que seja em breve... Aos meus dezoito anos já posso voltar para Inglaterra! É isso que me dá forças para continuar a lutar, pensar que posso ir ter contigo... Não vou prometer que consiga ir assim que faça anos, porque é já daqui a dois meses e não posso deixar assim o meu pai, tu sabes... Já magoei tanta gente... E apesar de ser livre, não vou poder fugir dele... Se ele não quiser que eu volte, eu não posso simplesmente abandoná-lo. Mas eu sei que vou voltar. Estou tão perdida agora... Sei lá. Mudou tudo tão depressa. Eu não sei mais o que fazer para ser feliz de novo. Vou voltar à escola dentro de pouco tempo, não sei bem fazer o quê... Sonhei contigo. Sonhei que estávamos juntos como antes, com a Hannah, Jess e os rapazes... Felizes como em todos os momentos que passámos juntos. Sinto a vossa falta. Manda-lhes um grande beijinho, diz-lhes que sinto imenso a falta deles... Amo-te com todas as letras. Eu vou fazer de tudo para voltar. Prometo príncipe " Assinei a carta com a minha mão tremendo e dobrei-a cuidadosamente. Após limpar as minhas lágrimas meti a carta dentro do envelope já antes preparado, fechei-o e guardei-o na minha mala. O meu pai já tinha saído para trabalhar, então nem me preocupei em comer, porque não o ia ter a vigiar-me. Fechei a porta de entrada e comecei a andar, esperando encontrar o posto dos correios. Nunca tinha estado naquela cidade antes, e isso tornava a caça ao tesouro mais difícil. Finalmente encontrei. Tratei de tudo e saí. Não senti o mesmo ar puro que sentia em Inglaterra, não senti o mesmo perfume, a mesma pureza. Voltei a casa sentindo-me novamente mal disposta. Os últimos dias têm sido assim. Vómitos, enjoos. Sinceramente não sei o que se passa comigo, devo ir ao médico dentro de poucos dias. Tenho medo de continuar a minha vida. Só me apetece gritar e fugir! Sinto raiva do meu pai, mas ao mesmo tempo sei que ele não fez de propósito, nem tem culpa. Agora pensam "devias ter-lhe dito que querias ficar, e ele ia perceber". Mas ele não ia. Por muito pouco tempo que tenha passado com ele, sei perfeitamente como ele é e ele não ia compreender. Muito pelo contrário, ainda me proibia de voltar! Ele não é má pessoa, simplesmente... Nem sei. Não percebo o porquê de a minha vida ser tão confusa. Não podiam ter-me dado uma vida contínua? Não ia ser fácil na mesma, mas pelo menos não me fizessem andar em três escolas diferentes em menos de 4 meses, não me fizessem conhecer as pessoas mais importantes da minha vida e depois me fizessem deixá-las... Não me voltei a cortar porque sei que isso só me vai destruir ainda mais, não me adianta nada ficar para além de eu já destruída psicologicamente, destruída fisicamente. Há quem diga que alivia a dor. Eu não senti isso, apenas senti uma dor maior, que me fez libertar todas as lágrimas de uma vez por todas até secar. Mas isso não adianta. Porque mais tarde eu vou precisar de chorar de novo e não vou ter mais lágrimas para deitar. Já as sequei. E depois, o que vou fazer? Cortar-me outra vez? "Chorar" sangue? Não, obrigada. Prefiro esquecer que o fiz, esquecer que tenho mais uma cicatriz no meu corpo. Tentar focar-me em como vai ser importante o nosso reencontro, em como eu tenho que me manter forte para poder voltar. Voltar ao meu lar.