Capítulo 42

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https://www.youtube.com/watch?v=BuOfFe2k0dc
14 de Abril
Abri os olhos com a claridade do sol. Não, eu não me tinha esquecido de fechar as persianas. Era o meu pai que as abria, preparando-se para me dar os parabéns. 18 anos. Antes eu iria considerar esta data importante. Fazia de mim livre, podia voltar para Inglaterra dentro de poucos meses, ou até mesmo amanhã. Mas não o vou fazer. Ele esqueceu-se de mim, provavelmente encontrou outra pessoa. Não me preocupo mais. Já passou pouco mais de um mês desde a última carta que recebi, dia 4 de Março. Ainda hoje pego nela e me lembro do quão feliz fiquei assim que lhe toquei. Assim que senti que ele a tinha escrito, que ele tinha estado com ela na mão. Ela tem o perfume dele, e a letra linda dele... É a única que tenho. Considero-a apenas mais uma memória agora que tudo acabou. Tentei desistir, mas ainda tenho esperança. Ele continua a dar-me a esperança com que acordo todos os dias. Por muito que eu não a queira ter, ela continua, e não me deixa desistir por completo. Todos os dias sonho com ele, todos os dias sonho a mesma coisa. Que estou de pé perto dos baloiços onde já antes tínhamos estado, e olho para ele sorrindo, vendo-o a empurrar o baloiço onde está a nossa filha sentada. Ela ri alto e tenta tocar com os seus pequeninos pés no céu. E aí ele olha para mim e sorri. O sonho acaba e repete-se no dia seguinte. E repete-se, e repete-se, e repete-se... Mais novidades? Bem... As minhas aulas começaram na segunda, há precisamente seis dias, e...
- Parabéns! - O meu pai falava baixinho, para me acordar. 
- Bom dia pai! - Eu sorri. Abracei-me a ele e agradeci. Apesar de estar desiludida, perdida, agora o meu desejo de voltar para Inglaterra era muito menor. Claro que existiam os idiotas dos meus amigos, mas não é a mesma coisa... Um dia encontramo-nos. Quanto ao Harry... Não dá para explicar... 
- Tenho uma surpresa para ti na sala! - O meu pai disse piscando o olho.
- Ui! - Eu levantei-me e corri pela casa até à sala. Encontrei um grande embrulho em cima do sofá. Era mesmo muito grande. Corri até ao sofá e abri-o rapidamente. Uma viola! Eu sempre quis uma viola, desde pequena... - Oh meu deus! Não acredito! - Eu dizia dando pulos de alegria na sala. - Obrigada pai! - Eu corri até ele e abracei-o.
- Gostaste? - Ele perguntou rindo.
- Muito! - Eu disse ainda não acreditando. 
- Bem... Tenho a dizer-te que esta não é a tua maior surpresa.
- Hum? - Eu perguntei curiosa. O meu pai puxou a cortina para que eu pudesse ver através da janela. - Oh meu deus! - Eu disse boquiaberta. Fiquei completamente em choque. O meu pai tinha acabado de me dar um carro. Novo. - Oh... Meu... Deus... 
- Com 18 anos tens que começar a pensar noutras coisas, tens que começar a ter outras prioridades. Uma delas é teres o teu próprio carro, e carta de condução. Não te preocupes com nada. Eu pago-te tudo com muito gosto. - Ele disse sorrindo. Eu não podia acreditar. O homem que quase passava fome há uns anos atrás tinha acabado de me oferecer uma viola e um carro! 
- Eu nem sei o que dizer... Obrigada! - Eu disse ainda sem saber como reagir. 
(...)

- Parabéns a você, nesta data querida (...) - O meu pai cantava acompanhado de alguns vizinhos e colegas de trabalho que tinha convidado, visto que eu não conhecia ali ninguém. Todos simpáticos. Para minha sorte tinham trazido os filhos, pois não me dou muito bem com assuntos de negócios, e assim não estava sozinha. Apaguei as velas e cortei o bolo, servindo todos os convidados. Tocaram à campainha. 
- Estavas à espera de alguém, Samanta? - O meu pai perguntou.
- Não, nem por isso... Volto já. - Dirigi-me à porta de entrada e o meu coração disparou quando os meus olhos viram o correio com uma embalagem na mão. 
- Samanta Correia? - Ele perguntou lendo a embalagem.
- Sim. - Eu disse tremendo.
- Assine aqui, por favor. - O senhor pediu e eu assim o fiz. Agradeci e fechei a porta correndo até ao quarto com a embalagem na mão. "De Louis Tomlinson para Samanta Correia". Não sabia qual deveria ser a minha reacção. Se devia ficar extremamente feliz por o meu melhor amigo me ter enviado um presente, ou se devia ficar extremamente deprimida por não ser do meu namorado... digo, ex-namorado. Abri-a e uma lágrimas escorreu pela minha face quando vi o presente. Um urso de peluche, com uma camisola às riscas. Simbolizando-o a ele. Tinha uma pulseira onde tinha escrito "Louis, o rapaz das riscas". Sorri. Reparei numa folha no fundo da embalagem. Li-a então.

"Olá minha pequena! Como está a ser o teu dia? Espero que óptimo! 18 aninhos, hum? Estás a ficar velha. Mas eu vou sempre gostar de ti, eu e todos os teus amigos idiotas. Sim, porque eu não sou idiota." - Ri. - "Espero que nos vejamos em breve, tenho saudades tuas. Não te vou repreender por não teres contado ao Harry antes, eu não sei pelo que estavas a passar. Só espero que estejas melhor agora, e a habituar-te de novo a Portugal. Qualquer dia ainda te vou aí visitar! Bem, beijinhos do teu boo bear que te adora. Ah, e espero que tenhas gostado do presente!" - Coloquei de novo a folha na embalagem e escondi-a debaixo da cama assim que ouvi o meu pai aproximar-se do meu quarto. 
- Está tudo bem, filha? Quem era? - Ele perguntou entrando.
- Sim, está, era só o carteiro com uma prenda para mim. - Eu disse.
- De alguma amiga tua lá de Londres?
- Sim, da minha melhor amiga. - Eu respondi sorrindo. 
- Estamos à tua espera na sala, então. - Ele saiu encostando a porta. Enterrei a minha cara na almofada e chorei de saudades. Do Louis, da Hannah, do Zayn, da Jess, do Liam, do Niall... E especialmente do Harry. Mas eu continuo a ter esperança...

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