Capítulo 44

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7 de Novembro

http://www.youtube.com/watch?v=8H7ZwDawsb4
Estava agora a ser levada para o hospital. As águas tinham rebentado e as dores eram maiores que nunca. Ela ia nascer. A minha filha iria hoje ver a luz do sol pela primeira vez. Estava nervosa, mas mais que isso com medo. Medo de perder esta menina de que eu tanto cuido nestes últimos meses, o meu novo amor. Alguém que vai poder considerar-me a sua ídola, que vai poder confiar em mim para tudo. Alguém que vai poder chamar-me de mãe. Alguém a quem vou poder fazer surpresas, comprar brinquedos, roupa, ensinar a andar, a ler, a escrever. Ensinar a amar. A não se apaixonar por qualquer menininho bonito. Poder ensinar-lhe que a vida não é fácil, mas que um dia vai aparecer alguém que o vai mudar. Poder estar lá para quando ela estiver mal. A minha pequenina.
- Urgência, esta menina vai dar à luz! - Os médicos diziam enquanto corriam pelo hospital, transportando a minha maca. Lembro-me de pouco mais. Não estava lá ninguém comigo, nem mesmo o meu pai. Ele era sensível a este tipo de coisas, desmaiou quando eu nasci. No entanto estava também no hospital, na sala de espera. Aposto que neste momento anda de um lado para o outro a pegar em jornais e revistas, a mudar de posição a cada minuto assim que se senta. Queria ter o Harry ali, ao meu lado, a ver a nossa filha nascer, a apoiar-me. Mas ele nem sabia que ia ser pai, e tão cedo não ia saber. Não queria preocupar-me mais com isso, tem sido o meu maior sofrimento desde que sei que estou grávida. Tudo isto me dá felicidade, tudo me faz sorrir, menos pensar que a minha filha não vai ter um pai por perto. Claro que eles vão saber que são familiares. Daqui a uns anos. Mas se ele me esqueceu assim, tão cedo não o vou conseguir voltar a encontrar. Só não quero sofrer mais, muito menos que a minha filha também sofra. Ela nasceu. Após muitos esforços, após um grande sofrimento, ela estava nos meus braços. Ela era linda. Chorava de alegria e de alívio, enquanto os médicos sorriam por terem conseguido manter a vida de uma adolescente de 18 anos, e da sua filha. A sua nova razão de viver.
- Olá Nancy. - Eu sussurrei sorrindo, tocando na sua mão pequenina. Podia ficar ali para sempre, com ela, mas os médicos tiveram de a levar. Horas depois, já eu tinha dormido, ela estava de novo no meu quarto, na sua cama, perto da minha. Olhava sorrindo para ela e lembrava-me de como ela viria a ser parecida com o pai e com a mãe. Lembrava-me de como eu ainda o amava. Eu amava-o, sim. Passaram-se cerca de nove meses desde que me vim embora. Desde esse dia não consigo tirar a sua imagem da minha cabeça. Ele ia ser um bom pai. Todos os dias peço que não lhe tenha acontecido nada, que ele seja o mesmo Harry que conheci há um ano. Exacto. Hoje faz um ano que nos conhecemos, no corredor da escola, o meu primeiro dia de aulas em Inglaterra. A minha filha tinha nascido precisamente um ano depois de os pais se conhecerem, estranho não? 
- Sim? - Eu perguntei depois de ouvir bater à porta. Era o meu pai. Sorri assim que o vi. Ele chorava emocionado, e ainda mais chorou quando viu a sua filha e neta, lado a lado. 
- Olá pequenina... - Ele disse sorrindo tocando nela. - Como estás? Como correu? - Ele perguntava ainda emocionado, não sabendo bem o que fazer. - Ela é linda, como tu...
- Oh pai. - Eu disse envergonhada.
O dia assim se passou. Com visitas de amigos, colegas, filhos de colegas do meu pai, vizinhos... Ninguém propriamente conhecido. Eu só queria poder tê-los lá... A brincar comigo e com a Nancy, que nem tolos. Por momentos isso aconteceu, sim. Eles entraram no quarto gritando "parabéns!", abraçaram-me, brincaram com a bebé, falaram comigo, fizeram-me rir até me doer a barriga. Mas no fim abri novamente os olhos e percebi que era só mais um sonho. 
Nancy Silva Styles, nascida às 2h46 da manhã do dia 7 de Novembro de 2012, filha de Samanta Correia e de Harry Styles. A minha nova razão de viver.

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