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16 de Maio
Caminhava pelas ruas de Londres sentindo-me finalmente livre. Finalmente independente. De volta à minha felicidade, como sempre quis. Nancy tinha ficado em casa com a minha tia, a brincar com o peluche que o Louis me tinha dado no meu 18º aniversário. Eu tinha-lho dado a ela, sabia que ela o ia tratar bem. A minha tia já sabia de tudo o que se tinha passado, sabia que eu ia procurar o Harry. Ela também sabia que ele estava vivo, mas que já não morava na mesma casa. Ele e Anne tinham-se mudado há cerca de 2 anos, a minha tia não sabia bem onde era, pois já não mantia tanto o contacto com eles como antes. Só sabia que continuavam em Londres. Só o facto de saber que ele estava vivo era um alívio para mim. Passeava imaginando-o ao meu lado, levando a nossa filha às cavalitas. Sorrindo como antes. Se tinha medo? Muito. Medo da reacção dele, medo da minha reacção, medo de não o chegar a encontrar. Medo de ver a Nancy crescer sem pai, chorando todas as noites como eu chorei pela minha mãe. Sonhando com ele cada vez que fechava os olhos. Pior que isso era mesmo não saber sequer como era sentir um abraço seu. Apenas o imaginar. Sonhar com ele.
- Bom dia. - Eu disse entrando no Starbucks. Ninguém lá me era conhecido. Era como se eu os tivesse deixado e agora todos eles tivessem voado com o vento. Como se tivesse até sido tudo da minha imaginação. Um sonho meu. Um sonho em que eu era feliz, muito feliz. Até ao dia em que acordei novamente em Portugal e tudo se tinha apagado. Menos Nancy. Essa menina, essa princesa, dava-me forças para continuar a lutar. Ia ser difícil para ambas se ela fosse para a escola e visse todos os seus amigos com um pai. Aí ela ia chegar a casa e perguntar-me quem era o seu pai. E eu não ia saber como responder. Então eu tinha que lutar pela felicidade de ambas. Sentei-me a tomar o pequeno almoço e a ler um grande livro que tinha trazido. Planeava ficar ali por muito tempo. Pressentia que assim tinha que ser. Tanto Harry como todos os outros visitavam aquele Starbucks vezes sem conta, pelo menos há quatro anos. Quatro. Quatro. Quatro. Este número persegue a minha mente. E passar todas aquelas passagens de ano e lembrar-me de como tinha sido o nosso primeiro beijo, enquanto estava nesse momento em casa a olhar para as estrelas, onde subitamente aparecia fogo de artifício? E todos os dias 2 de Fevereiro que passei, tendo que conter as lágrimas? E todos os aniversários de Nancy? Nada foi fácil. Então eu não quero passar mais um ano assim. Até dia 31 de Dezembro eu tenho que o encontrar. Tenho que o beijar à meia noite como se fosse a primeira vez. Tinha que o sentir de novo. Sentir como foi o seu primeiro beijo. Como eu corei. Como eu tremia. Podia jurar que o tinha acabado de ver passar pela grande janela. Levantei-me correndo e cheguei perto dele, tremendo. Não era ele. Pedi desculpa e voltei a entrar. Sentei-me no mesmo lugar e continuei a fingir concentrar-me no livro que estava a ver. Até que ele entrou. Eu tinha a certeza que era ele. Os seus olhos verdes e brilhantes, o seu cabelo ondulado, os seus lábios claros... O meu olhar congelou. O meu corpo congelou. Eu simplesmente congelei. Não sabia o que fazer. Não sabia se deveria correr até ele, ou se deveria voltar atrás no meu objectivo e fingir que não o conhecia. Eu simplesmente não sabia. Senti-me como se o estivesse a ver pela minha vez. Ele estava exactamente igual. Sorria a qualquer pessoa por quem passava, cumprimentando-os. Fez o seu pedido e dirigiu-se até à sua mesa. Por sorte ou azar passou por mim, e eu não tive que fazer nada. O meu olhar ainda não tinha encontrado o dele, apesar de não ter deixado de olhar pormenorizadamente para ele. Agora tinha encontrado o seu olhar, finalmente. O seu perfume. A nossa distância era apenas de alguns centímetros, enquanto já tinha chegado a ser de quilómetros. Não conseguia controlar a minha respiração. Reparei que o olhar dele também tinha congelado. Estava ali, parado, a olhar para mim. Como se fosse a primeira vez. Como se me estivesse a apresentar de novo a escola. Como se se estivesse a apresentar de novo.
*Flashback on*
- Harry Edward Styles. - Ele falou.
- Eu sou a Samanta. - Ele sorriu, provocando novamente arrepios por todo o meu corpo.
- Eu sei.
- Como sabes? - Eu perguntei confusa.
- És da minha turma. - Ele disse rindo, fazendo com que eu risse junto.
*Flashback off*
Num movimento rápido consegui desprender-me do cubo de gelo que me prendia, levantei-me e abracei-o. Senti os olhares em nós. Ambos chorávamos. Ambos sabíamos que aquele momento era... O mais importante. Eu já soluçava, agarrando a sua camisola, não o querendo deixar ir embora de novo. Não o querendo largar. Não o querendo perder de vista.
- Samanta... Como é que... - Ele perguntou chorando, ainda a abraçar-me. - Eu pensava que tu não ias voltar... - Ele separou-se de mim e pude ver os seus olhos vermelhos, cheios de lágrimas.
- Eu... - Ele interrompeu-me.
- Os rapazes, a Hannah e a Jess ainda estão cá em Londres. Queres vê-los? - Ele perguntou limpando as lágrimas e eu sorri.
- Claro! - Eu disse saindo com ele do Starbucks. Ele acabou por nem comer o que tinha pedido. Caminhávamos por Londres como dois estranhos. Não falámos, apenas olhávamos um para o outro de vez em quando. Chegámos a casa do Louis e eu tremia de ansiedade. Toquei à campainha e esperei que ele viesse abrir a porta.
- Oh meu deus! Sam! - Ele gritou abraçando-me. Pude perceber que levantou a sua cabeça e olhou para Harry. De certeza que pensou se estaríamos de novo juntos, ou não. Mas não perguntou nada. Simplesmente se separou de mim e sorriu. - Não acredito que voltaste! - Ele passava as suas mãos pela cara, incrédulo.
- Mas voltei! - Eu chorava de felicidade. Ele abraçou-me novamente.
Reencontrei-me com todos, e com todos chorei. Hannah, histérica como sempre, começou a gritar no meio da rua quando me viu. Ela estava bem diferente, mas sempre sorridente, e no fundo a mesma Hannah que tinha conhecido há uns anos. Correu até a mim e abraçou-me. Jess estava com ela e apenas deixou os seus sacos de compras cair no chão, e ficou parada olhando-me. Acabou por fazer o mesmo que Hannah. As minhas idiotas. Tinha tantas saudades delas, e dos rapazes. Harry continuava calado, acompanhando-me enquanto eu os reencontrava a todos. Acabámos por almoçar todos, não em minha casa, não podiam encontrar Nancy. Apenas almoçámos, contei que tinha um novo emprego aqui em Londres e que por isso tinha voltado, e também porque os queria reencontrar a todos. Todos eles tinham histórias para contar, histórias de fazer doer a barriga de tanto rir. Todos menos o Harry. Esse esteve calado durante todo o almoço, e quase não comeu. Ele numa ponta da mesa, eu na outra. Olhava para ele de vez em quando e reparava que ele brincava com a comida do prato, e raramente a levava à boca. Estava pensativo. Pouco tempo depois fui embora, pois não podia deixar a Nancy muito tempo sozinha, eu já não era mais uma adolescente. Tinha deveres comigo própria e com ela. Despedi-me de todos com dois beijinhos e prometi manter o contacto com eles. Menos do Harry. Esse passou rente a mim e não me disse nada, apenas olhou os meus olhos e se foi embora. Doeu. Andei em direção à minha casa, sozinha. A pensar o porquê de ele ter reagido assim. Dói pensar que pode nunca vir a ser o mesmo... Que não vamos conseguir recuperar tudo o que construímos em tão poucos meses, mas que foi tão importante. E que se foi construindo ao longo destes quatro anos. Memórias, recordações, sonhos e principalmente objectivos, objectivos que queríamos alcançar quando estivéssemos juntos de novo. Pelo menos eu.
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How to save a life
FanficEsta fanfiction foi escrita por mim em 2012. Já está terminada. Há pouco tempo comecei a publicá-la aqui, com algumas melhoras na escrita nos capítulos que publiquei, mas devido a falta de tempo não consegui acabar de a publicar. Esteve na página On...