Catorze.

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Faz meia hora que estamos frente a frente. Meus pais não falam nada, o tempo passa e tudo fica mais torturante. Minha vontade é gritar, e de tentar entender o por que disso, por que não me deram escolha. Eu precisava saber, tenho esse direito.

"Então?" sinto o salgado da minhas lágrimas que invadem meu rosto.

"Nós tentamos achar um melhor tratamento. Nós... Você não reagia a nenhum e o pior eles estavam te fazendo mal, muito mal. Seus olhos perderam o brilho, seu sorriso..." minha mãe chora arduamente.

"Você era muito nova, nem mesmo tinha ideia do que estava passando. Estávamos tratando tudo como uma gripe qualquer e te deixamos relaxada com isso" meu pai segura as mãos da minha mãe.

"Vocês então me deixariam morrer" serro os punhos.

"Não... Estamos em um tratamento alternativo" minha mãe salta do sofá.

"Tratamento alternativo?" indago.

"Sua mãe e eu entramos em contato com várias pessoas que estavam passando pela mesma coisa. Conseguimos contato com um médico" meu pai também fica de pé.

"Então ele disse para me deixar morrer?" cruzo os braços.

"Foi constato que o tratamento tradicional atualmente ajuda sim a combater a doença mais ele acaba deixando os pacientes mais instáveis" meus pais voltam a sentar.

"Que?" arqueio as sombrancelhas.

"Decidimos não te dar nenhum tratamento" minha mãe fala rápido.

"Muitas pessoas se curaram ou tiveram mais tempo de..." meu pai engasga.

"Tempo de vida" seguro o sofá.

"Você vai viver muito eu tenho certeza filha" minha mãe chora.

"Amanhã vou ao médico vê o estrago que vocês fizeram" levanto.

"Filha" meu pai diz.

"Me deixem decidir o que quero" levanto.

"Elisa!" minha mãe chama.

Abro a porta com pressa, e bato freneticamente na porta do Niall. Rapidamente ele abre e como de costume me jogo nos seus braços. Seus braços me envolvem e posso sentir seu respirar parece que seu abraço me transmiti paz.

"Posso ficar aqui?" minha voz saí abafada contra seu corpo.

"Claro" ele me guia até o sofá.

"Obrigada" sento e cruzo as pernas meia desengonçada.

"Como foi?" sua voz doce me acalma.

"Horrível, eu sou um teste pra eles" seguro minhas lágrimas.

"Teste?" suas sombrancelhas revelam sua confusão.

"Sim, um tratamento experimental" bufo.

"Me conte" ele se debruça e me ouve.

Conto tudo para o Niall, ele parece me entender perfeitamente.

(...)

"Sente fome?" ele diz depois de meia hora calado.

"Acabei de falar que estou morrendo e você me pergunta se sinto fome?" dou uma gargalhada leve.

"Primeiramente você não está morrendo, está muito bem viva na minha frente com um sorriso lindo. E segundamente tem coisa melhor que comer para afogar as mágoas?" não sei por qual motivo mais ele falando desse jeito faz brotar borboletas voando e saltitando no meu estômago.

"Afogar as mágoas? Pensei que funcionasse apenas com bebida" limpo os restos de lágrimas no meu rosto.

"É né? Mas serve com comida também" ele me puxa.

"Claro" caminho junto a ele até a cozinha.

"Então... Você poderia cozinhar que tal?" ele diz sem jeito.

"O que quer comer?" o pergunto.

"Você... Você pode fazer qualquer coisa" ele fica envergonhado. (Você, não me contive)

"Claro" pego algumas coisas.

"Amanhã vamos ao hospital" Niall fala.

"Eu irei... Sozinha" largo a panela ao balcão e o olho.

"Não, nós vamos" ele segura minha mão.

"Você é teimoso" abro um sorriso de lado.

"Nunca neguei" ele solta minha mão mas no reflexo puxo novamente.

"Obrigada Niall" o olho fixamente.

"De nada" ele me olha na mesma intensidade.

Ficamos por uns segundos assim até que em um movimento rápido já estou entre suas pernas próxima ao banco aonde ele está sentado. Suas mãos me seguram pela cintura e as minhas vão diretamente até seu rosto. Giro meus polegares pelas suas bochechas e eles entram em atrito com sua barba rala, o cheiro de loção masculina invade minhas narinas e o som do meu suspiro com o seu se envolvem tornando apenas um único som. O melhor som que já ouvi. É loucura eu sei, nunca havia sentido nada como isso antes, é tão carnal, tão insaciável, tão literalmente improvável. Tão querer... Me desculpe é a única coisa que falo. Me desculpe se repete na minha fala e na minha mente. Com um movimento rápido também tento me afastar mas seus braços me pressionam mais contra ele e em um lapso já estou envolvida naquele beijo, um beijo calmo, necessitado como da primeira vez mesmo que eu tenha negado.

❤❤❤

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Uma pequena esperança| Niall HoranOnde histórias criam vida. Descubra agora