1. i'm free, my love

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— Gukkie? — o ruivo chamou baixinho, abrindo os olhos lentamente e se deparando com as paredes brancas e totalmente sem graça do quarto em que se encontrava.

Taehyung estava no hospital, como vem estado desde aquele dia. Há alguns meses atrás — três, para ser mais exato — descobriram em si um tipo de câncer, denominado leucemia mieloide aguda. Essa doença, pelo que seu médico contou, se desenvolvia rápido demais, e mesmo com o tratamento as chances de cura eram poucas e, se não feito corretamente, a vida do paciente poderia acabar bem mais cedo e num curto período de tempo.

Talvez por certo descuido do rapaz, essa coisa em seu corpo não foi descoberta antes. O garoto começou a perder peso de uma hora para outra e se sentia mal constantemente, esses sintomas não passaram despercebidos aos olhos atentos de seu melhor amigo — que tentou fazer com que o outro fosse à um médico —, mas o pequeno Kim não dava muita importância para o que seu corpo tentava lhe avisar.

Jeongguk teve de muitas vezes ir ao apartamento do amigo, que ficava ao lado do seu, pois o mesmo havia o ligado de madrugada em desespero por causa da maldita falta de ar e fortes dores de cabeça. O mais novo geralmente passava o resto da noite com ele, o dava remédios para dores e o aninhava em seu peito enquanto aspirava o cheiro de menta que era expelido dos fios vermelhos de quem se encontrava totalmente a mercê em seus braços.

Mas Taehyung não poderia saber o quanto doía para o outro encontrar seu secreto amado caído ao chão, a medida que uma pequena poça de sangue era formada na altura de seu rosto por conta das frequentes hemorragias. O jovem Jeon chorava feito um bebê quando segurava o maior nessas condições, porque tinha medo.

Jeon Jeongguk morria de medo de perder a coisa mais preciosa que havia conquistado em toda a sua vida, tinha medo de que em um desses desmaios algo pior acabasse acontecendo, e de que nunca mais pudesse fitar a imensidão escura que existia nos olhos do Kim. A coisa que mais temia era que o deixasse escapar pelas suas mãos por conta de um descuido.

Então depois de um mês sendo obrigado a suportar o ruivo nesse estado, mesmo ao seu contragosto, o levou ao hospital para fazer uns exames, e foi nesse mesmo dia que todo o suporte do menor caiu bem diante dos seus olhos. O médico, doutor Jung, deu a infeliz notícia do já bastante desenvolvido câncer de Taehyung.

Lembra-se que recebeu cada sílaba com lágrimas prontas para cair de seus olhos, o outro não estava muito diferente de si, os dois não podiam — e nem queriam — acreditar que durante todos esses dias sem fazerem nada apenas deram tempo para que o câncer aniquilasse, em maioria, cada célula saudável que existia no corpo do Kim. Não podia acreditar que estava morrendo, e que não podia fazer nada para mudar isso.

— Só mais cinco minutinhos. — resmungou sonolento, se mexendo um pouco na poltrona acolchoada em que estava sentado, bem próximo da cama em que o amigo estava.

— Jeonggukie... — deixou que o nome do mais novo saísse de um modo bem manhoso de seus lábios. — Por favor, acorde logo.

O Jeon se sentou brevemente, se espreguiçando em seguida e deixando que um bocejo cansado escapasse. Olhou então para o corpo magro do amigo que se encontrava encarando-o na cama; seu cabelo estava um pouco bagunçado por causa do sono, sua pele antes perfeitamente acobreada agora encontrava-se em um tom pálido esquisito — mas que não deixava de ser perfeito aos seus olhos — e os lábios agora secos e com muitas rachaduras mas que ainda continuavam irresistíveis para si. Ah, como sentia vontade de beijar e sentir o sabor do garoto que tanto amava.

— Bom dia, — sorriu, com os olhinhos ainda meio fechados. — como dormiu, Taetae?

— Ah, eu me senti enjoado para caralho mas nada demais. — falou baixo, piscando para o outro ao final da frase.

take me to the ocean.Onde histórias criam vida. Descubra agora