24. Matteo

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Era o nosso último dia, ou melhor, nossa última noite no acampamento. Todos os alunos eram obrigados a participar da fogueira , conferidos um a um para saber se estavam ali. Nunca os lugares foram tão disputados, o marshmallow saía feito água e as bebidas... Bom, mais uma vez batizadas para fechar com chave de ouro.

Não conseguimos lugares juntos e os instrutores não deixaram que nossas garotas ficassem em nossos colos, até porque Dante carregava Kim e Perla. Cada um se sentou em seu canto em volta da fogueira e eu pude ter um momento a sós com a minha garota mesmo em meio à toda aquela gente.

Meus braços estavam presos à sua volta e eu me ocupava de distribuir um beijo e outro em sua pelo descoberta do pescoço logo depois de ganhar um marshmallow praticamente derretido de suas mãos. Vez ou outra também recebia um selinho, mas nossa conversa era muda. Olhares, sorrisos e silêncio.

Era o começo do fim?

Seus olhos estavam sempre perdidos na multidão. Apesar de parecer prestara a atenção à sua volta, sabia que ela estava tão perdida em pensamentos quanto eu. Tantas perguntas nos rondavam e parecia afetar apenas à nós. Sabia que Dante e Francesco também estavam abalados, mas não tanto quanto eu.

O que eu sentia por Arabella era amor. Desde os primórdios foi amor. Um amor proibido, negado e doído. Evitado. Pronto pra se desfazer em migalhas. Será que aquele era o melhor momento para conversarmos sobre aquilo? Parecia que nunca era. Mas quando ia ser? Quando eu ia saber se ela queria lutar ou desistir?

Eu queria lutar, é claro que queria. Mas eu a deixaria em paz se ela não me quisesse mais, se ela achasse que aquilo tudo não valia a pena.

A roda cantava uma música a qual eu não estava tão interessado em participar. Arabella chacoalhava o corpo de um lado a outro, cantarolando uma música clichê de acampamento acompanhada de um violão de um dos instrutores. Eu realmente parecia o único desinteressado, com os lábios colados com uma cola resistente.

Arabella parou por um momento, parecendo ter levado um choque, me olhando e fazendo com que meus olhos se atraíssem para os dela.

- É agora, não é? - Ela questionou.

- Acho que sim. - Murmurei.

A garota umedeceu os lábios e assentiu.

Ao nosso lado, haviam alguns segundanistas totalmente desinteressados em nós. Não importava o lugar que aquilo aconteceria, nem com quantos espectadores, só me importava resolver aquilo de uma vez por todas, aliviar a tensão e chorar ou sorrir, dependendo de onde aquilo nos levaria.

- E então... - Ela começou em um tom de questionamento.

Dei de ombros.

- O que você acha?

- Eu não sei, Matteo.

- Eu quero muito continuar, quero mesmo. Mas...

- Mas o que? - Ela se desfez do meu abraço e me olhou com o cenho franzido. - Não vale a pena? É isso?

- Bella, não é isso. É só que...

- Só que o que, Matteo? Você não acha que isso seja real? Que foi só um amor de verão? E todas as juras de amor que você me fez?

- Arabella! - Segurei seu rosto entre minhas mãos. - Se acalma. - Sussurrei em seus lábios. - Se você parar de falar e me deixar falar, quem sabe não entenda o que estou dizendo e pare de deduzir? - Ergui as sobrancelhas.

Suas mãos tocaram meus pulso e nossos lábios se chocaram. Eu nunca achei que algum dia amenizaria a fera que tenho em mãos, me surpreendendo a cada vez que a vejo mansa com algumas palavras que profiro. Posso dizer que ela teve o mesmo efeito em mim em relação a ser um destruidor de corações. Olha só o que sou agora: um bobo apaixonado.

Entre Segredos e PizzasOnde histórias criam vida. Descubra agora