Então tinha ouvido o relato até o momento sem ao menos me encarar direito, segui direto reto nas palavras que tinha para expelir. Essa era a palavra com o sentido que precisava como precisava para sentir o sentimento que há muito tempo não sabia. Há muito tempo uma velha que amava uma ovelha conheceu outra velha que por sua vez amou a tal velha que amava a ovelha. Era tarde para isso era uma tarde de verão que podia ser uma primavera para fazer sentido no florescer do momento. As velhas olhavam o parque sem o porquê claro de tal jogando migalhas de solidão aos pombos sentindo o rombo deixado na alma pelo tempo que seguia com mais calma que realmente a realidade seguia. Podiam ser viúvas mas eram apenas mulheres esquecidas pelas esquecidas pessoas que já passaram por suas vidas vividas. Uma delas teve uma filha com um homem que conheceu uma mulher amiga da mulher de um homem e fugiu da vida da velha esquecida. Não era intenção de qualquer uma das velhas serem íntimas apenas o silêncio trocava palavras sem se dar conta que um interesse surgia com o surgimento do estranhamento de ambas viverem o esquecimento das pessoas de suas vidas e ainda assim não serem íntimas. A afinidade afinal surgiu. Pães jogados, olhares jogados, palavras jogadas ao final de um sorriso. E lá estavam as velhas velando algo que nunca imaginaram sentir nessa altura do tempo. Uma velha só amava sua ovelha e a outra se podia dizer que amava algo seria apenas suco de groselha e agora como que ao soar do cuco um tanto maluco pelo atraso percebia algo mais que simpatia e amizade. Amizade elas tinham e era diferente desse sentimento diferente. A certeza certamente veio certeiramente quando a velha conheceu a ovelha da outra velha que era rosa que nem groselha. O conto conta que a velha que só amava groselha caiu em pranto emocionado e rompeu com forte emoção num abraço deixando o tal rombo deixado pelos anos de solidão bem ao lado do estranhamento pelo surgir do amor em tempo. O tempo era algo que não tinham assim como o amor que agora tinham. A vida velha trouxe o novo de novo na vida das velhas. Tudo era agora rosa groselha na vida das velhas que andavam pelo parque não mais jogando migalhas aos pombos mas causando estranhamento nos estranhos que jogavam olhares ao verem uma velha com outra velha tão íntimas e que em outro tempo eram esquecidas pelas pessoas que tinham passado por suas vidas vividas. Esqueceu de pontuar, enfim disse sem cerimônia o tal que ouvia. Eis a questão que me trouxe aqui e me fez deitar nesse divã. Tenho que afinal pôr um ponto final no estranhamento que surgiu após ouvir o que ouviu de uma velha amar essa tal outra velha que amava sua ovelha. Como não dei andamento vi que ele aguardar o desfecho pontuando reticências com as sobrancelhas. Segui. As pessoas que esqueceram as velhas esquecidas não podiam mais esquecer o que ouviram dos estranhos que havia duas velhas no parque que pareciam muito íntimas. O ponto a ser pontuado é que a filha da velha teve uma filha que estranhou mais que todos o fato e não soube direito o sentimento que devia sentir depois de saber que a sua velha esquecida que amava uma ovelha agora também amava outra velha esquecida disse eu enfim. Fim.
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VELUDO PÚRPURA #Wattys2017
Short Story"Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?" perguntaria Confúcio talvez ao final desse conto. Afinal, o que conta para o amor? Em uma narrativa entre devaneio e despejar de palavras o amor vence o tempo, ultrapassa a falta d...