Vergonha

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O sol refletia no rosto de Melissa quando ela abriu os olhos lentamente. Estava confusa e com a vista embaçada, até que em poucos segundos percebeu que não estava em casa.

Percebeu que estava despida na parte de cima, envolta apenas por um simples lençol branco, sozinha em uma cama de casal.

Em um grito estridente, Melissa demonstrou o pânico que sentia naquele momento. Sentiu nojo, raiva, medo. Levantou-se rapidamente daquela cama, enrolou-se no lençol e tentou entender onde estava.

Anderson entrou no quarto de repente guiado pelo grito desesperado de Melissa. Ela então se recordou de onde estava. Lembrou-se da bebida que Flávio lhe deu e finalmente entendeu a situação.

- SEU MONSTRO! - Melissa chorava desconsoladamente.

- Calma, não é nada disso que você está pensando - disse Anderson se aproximando de Melissa e tocando em seus ombros.

- NÃO TOCA EM MIM, SEU INFELIZ!

- Eu juro que não aconteceu nada!

- Como não aconteceu nada?! Seu desgraçado! O que você fez comigo?!

Melissa caiu sobre seus joelhos, ainda em prantos. Anderson observou Melissa ali no chão, envolta num lençol, com o rosto desfigurado pela maquiagem escorrida e pelas lágrimas e saiu do quarto. Instantes depois volta trazendo consigo o celular.

- Olha, senta aqui - disse sentando na cama - vou te explicar o que aconteceu. Agora se acalma.

Melissa se levantou mas não sentou ao lado de Anderson. Ela estava angustiada, nervosa e profundamente envergonhada.

- Ontem você me beijou. Lembra-se disso? - Ela respondeu que sim assentindo com a cabeça - Aquele beijo mexeu comigo. Quando eu subi pro meu quarto, vi que você estava aqui. Desacordada.

- Foi o Flávio - disse ela cortando a fala por causa do choro

- É, foi ele sim. Mas quando eu cheguei e vi você, no início eu senti desejo de te possuir, eu confesso, mas quando eu olhei seu rosto... Eu não sou um monstro. Eu não faria isso com você.

- Como você quer que eu acredite em você? Eu estou sem roupas! Você é um imbecil!

- Quando eu percebi a barbárie que eu ia fazer, eu saí do quarto. Fui conversar com a minha namorada. Olha aqui as mensagens. Olha a hora.

- Você é um cafajeste! Desgraçado! Eu quero ir embora daqui! - disse esmurrando inutilmente o peito de Anderson - Meu Deus! A lanchonete! Meu emprego já era!

- Você não acredita em mim?

Apesar se ser verdade, Melissa não confiava em Anderson. Mas aos poucos foi se acalmando até que aceitou uma carona até a lanchonete que fica a caminho do teatro onde Anderson trabalha.

Ao chegar na lanchonete, ambos desceram do carro.

- Vai ficar me seguindo agora?

- Quero tomar café. Será que eu não posso?!

Mal entrou na lanchonete, o gerente veio até Melissa e a demitiu por indisciplina e falta se compromisso.

- Seu imbecil! Tudo por sua culpa! E agora? - mais uma vez Melissa desabou a chorar.

- Já te falei que foi o Flávio e que não aconteceu nada entre a gente. Você precisa confiar em mim. Vamos comigo pro teatro. Lá você se acalma um pouco.

Entraram no carro sem dar mais uma palavra, até que após alguns quarteirões, Anderson quebra o silêncio.

- Você é especial. Se fosse pra acontecer algo entre a gente, teria que ser especial.

Melissa ignorou o comentário de Anderson e permaneceu em silêncio até o teatro.

Destino improvávelOnde histórias criam vida. Descubra agora