Coruja expresso em treinamento

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Giulia estava sentada nos degraus de sua casa ouvindo mais uma vez seus pais aos gritos por conta dela, filha de dois bruxos puros sangues e que dá pior forma possível era considerada um aborto pelos mesmos, tudo porque não apresentava nenhum traços de magia durante seus breves 11 anos de idade.

Sua mãe vivia a enchê-la de sonhos sobre a possibilidade de adentrar no Castelobruxo e ser selecionada para uma das três casas que lá existia, ter aventuras em meio a floresta mágica que circulava a escola e conhecer bons amigos no navio que os levava para lá, mas isso fora por água abaixo quando o primeiro mês de entrega de cartas havia se passado e ela não receberá a sua.

- Mugle e se eu não for mesmo uma bruxa? - A garotinha perguntou ao elfo doméstico que estava a sua frente limpando os degraus enquanto aparava a grama com magia.

- Mugle ficaria feliz de ter a senhorita fazendo companhia a ele mas… - O elfo para de falar deixando a garotinha curiosa.

Giulia apesar de ser uma puro sangue como os pais, não via necessidade de maltratar o elfo doméstico que os servia, eles eram bons amigos e ela vivia a defendê-lo das agressões dos pais - algo incomum no mundo bruxo, mas que para ela era a decisão correta - Giulia chegou a dar a Mugle uma camisa de bolinhas de presente obrigando seus pais a entregar a ele sem saberem o que era e quando descobriram que ela havia dado à ele uma peça de roupa e junto com ela a liberdade do elfo trataram logo de castigá-la, porém Mugle apesar de livre se recusava a ir embora e deixar a pequena sozinha.

- Fale Mugle não me deixe curiosa - Pediu a pequena apoiando as mãos nos cotovelos e olhando para o elfo que parou o que estava fazendo

- Mas Mugle dúvida que a senhorita não seja uma bruxa, Mugle tem certeza que sua carta vai chegar a tempo.

- Mas e se eu não for uma bruxa? O que vai ser da minha vida? Eu não quero ser uma vergonha para minha família e também não quero viver em um mundo do qual não pertenço - Murmurou chorosa se segurando para não chorar, porém uma lágrima teimosa insiste em escapar.

- Não chore senhorita, sua carta vai chegar quando menos espera - O elfo a conforta subindo os degraus até ela e acariciando seus cabelos negros.

- Espero que esteja certo - Ela sorri dando um beijo na bochecha do elfo, o fazendo tocar o local constrangido. - Vou brincar nos jardins.

- Se assegure que não há seres de grama lá senhorita - Ele diz enquanto via ela se afastar.

- Pode deixar - Respondeu antes de sair correndo e atravessar todo o quintal antes de pular para a casa vizinha, jogando uma pequena pedra na janela de seu amigo.

- Já estou descendo Ju - Lucas disse aparecendo na janela e sorrindo antes de desaparecer para dentro do quarto novamente, sabendo que ela o insultaria por chamava daquele apelido.

Lucas era um amigo antigo de Giulia a qual seus pais não tinham o menor dos conhecimentos pelo simples fato de que não aprovariam a amizade de uma bruxa com um Trolley.

Ela se virou e correu para a casa na árvore que os dois partilhavam e esperou por ele lá olhando para o teto onde pequenas estrelas e fotos deles estavam presas.

- Giulia já recebeu a carta? - Lucas perguntou animado assim que entrou na casa, porém quando a viu negar com a cabeça seu sorriso desapareceu - Você ainda vai receber.
- Falta uma mês para o início das aulas Luck, eu tenho que aceitar logo que sou um aborto e que não tenho magia.

- Talvez sua carta tenha apenas se extraviado.

- Duvido um pouco disso - Respondeu olhando no fundo daqueles olhos castanhos escuros um pouco triste.

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