Prólogo

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Eu estava cansada, pensei que fazer parte do time de basquete feminino da escola fosse legal, não exaustante. Obrigada filmes de colegial por me iludirem a vida inteira!

Abri a porta do meu quarto me jogando na cama, eu não dormi bem esse mês inteiro graças a uma competição que estava se aproximando. Adormeci no mesmo instante.

 -_______? - minha mãe bateu na porta, me acordando - A comida está pronta, não vai descer?

 -Que horas são? - murmurei com a cabeça coberta pelo lençol.

 -Oito e alguma coisa - ela foi até a porta da sacada, abrindo-a - Mais conhecida como hora de você descer para jantar com a sua família.

 -Não posso comer aqui hoje? - senti ela puxar meu lençol - Por favor.

 -Ok - suspirou - Mas pegue a sua comida na cozinha, não vou subir aqui de novo.

 -Aish - me levantei, ainda com sono.

Desci as escadas, ao entrar na cozinha percebi que meus irmãos estavam lá, mas meu pai não.

 -Cadê o papai? - perguntei indo até o armário pegar um prato.

 -Ainda não chegou - Ayla, minha irmã mais velha, respondeu - Engarrafamento no centro.

 -Ele não estava no norte da cidade hoje? - peguei um pouco de deung galbi.

 -Foi no centro buscar um pacote pra mim - Evan, meu irmão mais velho, respondeu.

 -Por que tem carta se sempre pede pro papai dirigir por você? - Caleb, meu irmão mais novo, perguntou.

 -Não sei se vocês se lembram, mas alguém soltou o freio do meu carro quando estava brincando no banco do passageiro - olhou feio para Kim, minha irmã mais nova - Então meu carro está no concerto.

 -Mamãe disse que é sua culpa por ter deixado uma criança de oito anos sozinha no carro - falou Kim enquanto bebericava um Banana Uyu - Aliás - olhou para mim - Mamãe deixou sua comida no balcão.

 -Ela sabe que você está tomando Banana Uyu na hora do jantar? - Ayla encarou Kim.

 -Ela sabe que você namora escondido? - retrucou Kim - Há muitas coisas que a mamãe não precisa saber, não é?

 -Praguinha - Ayla sussurrou - Sabe que não pode falar disso aqui dentro.

Kim era a mais nova da família, mas era muito inteligente para a idade, o que as vezes irritava um pouco. Ela foi a única a nascer na Coréia, meu pai diz que a inteligencia de Kim se dá ao fato dela ter nascido no mesmo lugar que ele, mas sabemos que isso não tem nexo algum.

 -Qual o problema? - perguntou Caleb - Você já tem 21 anos, já alcançou a idade adulta coreana.

 -Se eu não quiser contar eu não conto - Ayla falou em meio a um gole de Chilsung Cider.

 -Alguém está afiada hoje e, por incrível que pareça, não estou falando da Kim - Evan tirou sarro.

O comentário gerou uma pequena discussão, peguei minha comida e subi de volta para o quarto.

Mesmo que a maior parte da nossa família fosse americana, mamãe insistia em sempre comermos pratos coreanos, até porque é difícil encontrar temperos americanos aqui. 

Comi sentada em frente a meu notebook, lendo e relendo tudo o que aparecia no meu feed de notícias no Facebook. Quando terminei já estava com preguiça demais para descer as escadas, que pareciam não ter fim. Peguei um pedaço de papel e escrevi um bilhete:

"Kim, te dou dez wons e minha cartela de figurinhas do Pororo se você levar meu prato para a cozinha.

Ass: ________"

Deixei meu prato e o bilhete na porta do quarto e voltei a me deitar. Pude ouvir os passos leves de Kim pelo corredor, mas depois disso não ouvi mais nada, apenas fechei os olhos e dormi.

Acordei com um barulho vindo da sacada, sentei-me na cama.

 -Mãe? - falei ainda sonolenta - Ok, Caleb, isso não tem graça, sai agora do meu quarto! - liguei o abajur.

Uma silhueta apareceu na porta da sacada, fechando-a. Estava escuro, mas mesmo assim notei que não era a silhueta de Caleb, nem de Kim, nem mesmo  da minha mãe.

Conforme a silhueta caminhava mais a luz do abajur refletia em seu corpo, até ilumina-lo por completo.

Eu já havia visto ele antes, não conseguia me lembrar de quando, mas o que me deixara confusa era simplesmente as perguntas mais fúteis que eu poderia dizer para alguém, ou algo, como ele, mas mesmo assim, eu as fiz

 -Q-Quem é você? - falei com a voz esganiçada - O que é você? - ele se aproximava - O que você quer? - sem prestar atenção para onde eu ia, caí da cama.

 -Eu poderia dizer que sou seu pior pesadelo - ele se sentou sobre a mesa de centro do quarto - Mas isso é o clichê dos sobrenaturais - seus pés balançavam, sem ritmo - Como vai minha pequena _________? Faz muitos invernos que não te vejo, quer dizer, que você não me vê, é claro, porque, sabe como é, eu sempre estou te vendo - sorriu sarcástico.

 -Isso não serve como resposta as minhas perguntas - afastei-me mais, batendo as costas contra a estante de livros.

 -Ah... Não se lembra de mim? - ele fez bico, mas logo voltou com seu sorriso malicioso e ameaçador - Triste, porém intrigante - levantou vindo até mim - Talvez eu consiga te ajudar a lembrar, se doer, não será minha culpa - sua mão se aproximava de meus olhos - Dor é o que curiosos ganham - seus dedos encostaram em minhas pálpebras, e assustadoramente, eu apaguei.

My Devil FriendOnde histórias criam vida. Descubra agora