A dor da perda.

2 0 0
                                    

Eu estava na cozinha conversando com Marilyn enquanto meu pai arrumava suas malas para a próxima viagem de negócios. Ele quase nunca fica em casa, mas sempre que está comigo faz de tudo para que nossos momentos entre pai e filha sejam divertidos. No trabalho mantém a postura de um homem severo e disciplinado, mas quando está comigo é extrovertido e totalmente crianção.

- Fique calma senhorita Emma, seu pai volta daqui três dias, é uma das viagens mais curtas que ele já fez.

- Eu sei mas é complicado. E me chame somente de Emma, você sabe que já temos intimidade pra isso Marilyn.

- Me desculpe. Emma - rimos.

- Filha eu já estou de saída. Como você sabe eu tenho assuntos a tratar com um empresário muito importante de Tóquio, mas vai ser coisa rápida, te vejo no sábado - meu pai disse chegando na cozinha e se despediu de mim com um beijo na testa - Marilyn, pode cuidar da Emma pra mim? Como sempre? - Eles riram.

- Sim senhor.

Depois que meu pai saiu fiquei conversando mais um pouco com a Mari  ( apelido que dei pra Marilyn ) enquanto ela fazia o jantar.

Em casa costumamos jantar bem cedo, então eu ainda tinha tempo pra poder fazer alguma coisa antes de me retirar pra dormir.

Resolvi ir pra biblioteca que meu pai fez pra mim. Tem todos os meus livros favoritos, e também algumas fotografias da família.

Estava procurando o "Cidades de Papel", mas acabei me distraindo olhando um retrato da minha mãe. Ela era tão bonita. É uma pena que eu nunca pude conhecê-la, pois ela morreu no meu parto. Isso não me afeta tanto, já aprendi a conviver com essa situação, faz parte da vida, é o que meu pai dizia.

- Porque não vamos visitar sua vó no hospital amanhã? - Mari disse e quando me dei conta ela estava bem atrás de mim - Desculpe, te assustei?

- Não foi nada - sorri - Acho que é uma boa ideia visitar a vovó, faz tempo que não a vejo.

Minha vó Lucy está em coma a três longos meses, ela sofreu um acidente muito grave, isso foi um choque pra mim e meu pai, já que ela é a única pessoa que nos resta da família. Meu avô William e minha tia Dove morreram antes de eu nascer, com o resto da família nunca tivemos contato, praticamente estão mortos também.

- Ela se recuperará logo, eu tenho fé - a abracei.

- Obrigada Mari, você sabe que é como uma mãe pra mim.

- E você é como uma filha.

De repente um mal estar começou a me atingir. Minha cabeça girava e doía ao mesmo tempo, eu não conseguiria ficar em pé sozinha nem mais um minuto. Isso era rotina. Todo dia eu me sentia da mesma maneira, já fui a muitos médicos e nenhum deles soube dizer do que se tratava, e nenhum remédio cura nem alivia.

- Emma? Está tudo bem? São aqueles mal estares de novo?

- Sim Mari. Me ajude a ir pra cama por favor.

- Sim claro, mas não acha que devemos avisar o seu pai?

- Ele já sabe que eu tenho isso, e é melhor não atrapalhá-lo, daqui a pouco melhora.

- Temos que descobrir o que é isso.

- Já tentamos de tudo e não descobrimos, deve ser algo crônico.

- Mesmo assim.

Marilyn me levou até meu quarto e me ajudou a deitar. Ela tentou me fazer tomar algum analgésico mas eu insisti para que deixasse tudo como estava, eu sabia que nada daquilo faria efeito, as vezes só piorava.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 22, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

MirrorOnde histórias criam vida. Descubra agora