Olá! Tudo bem? Só quero avisar uma coisa sobre essa história: optei por dividir ela em duas partes, pois assim fica mais fácil. São dois capítulos aos quais um completa o outro, não são duas histórias diferentes e tampouco trato como capítulos. Só fiz isso porquê senão iria ficar um capítulo muito grande.
Bem, se gostarem, deixem opiniões nos comentários e/ou favoritem a história. Obrigada desde já :) Boa leitura!
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A fria chuva inesperada faz o mundo parecer desabar. Trovões soam altos demais, assustando os animais. O céu escuro denuncia a tempestade que provavelmente durará a noite toda. Não dá para ver a lua, por isso a escuridão toma conta de cada canto, como um pesadelo que invade os sonhos bons. Uivos ecoam ao longe, e pequenos arrepios correm o corpo da garota.
Olhar para as folhas das árvores que balançam com o vento é como assistir à um assassinato de perto. Sarah fecha os olhos por um momento, sentindo a chuva molhá-la por inteiro, se deixando ser envolvida pelo canto da floresta, enquanto a ventania a faz estremecer. Ela realmente sente a chuva, como se entendesse o que cada gota quer dizer, entendendo os lamentos da nuvem, que se sente triste lá em cima, e por isso tem que desabar aqui embaixo. Ela sabe que o céu não faz isso de propósito, mas só porquê ele tem que chorar de vez em quando.
Ela também sente a floresta, como se estivesse mesmo no interior da mata, no sentido figurado mais significativo. É como se tudo tivesse uma própria melodia, que envolve as gotas, os animais se aninhando, os lobos agitados, as árvores ferozes; até o próprio ar parece falar. E Sarah adora ouvi-los, ela sente que assim pode ser realmente um deles.
E então ela percebe um movimento. Seus ouvidos treinados detectam algo diferente, obrigando-a a ficar atenta. Ela é rápida em abrir os olhos e olhar em volta, procurando o que há de errado. Acostumada com isso, a garota anda silenciosamente, dando a volta completa na árvore rochosa em que estava encostada. Um veado dorme a poucos metros, na pequena gruta entre as árvores, mas ela sabe que não foi ele que fez o barulho. O que escutou, foi barulho de água. Claro, não a água da chuva, mas algo como a água da praia. O barulho que as ondas fazem quando se quebram perto da areia. Um som que se destacou e se sobressaiu da calmaria da tempestade. Sarah sente um arrepio. Não tem mar ali perto. Ela está no meio de uma densa floresta, como poderia ter um mar?
A garota põe o capuz sobre o cabelo já molhado, e dá uma última conferida no local, antes de seguir caminho mata adentro. Inconscientemente ela sabe que não deveria fazer isso. Os lobos estão famintos, e ela com certeza seria uma presa fácil, portanto ela deveria ficar quieta e tentar se misturar ao ritmo das árvores. Mas algum tipo de força a chama, como se um transe automático a tivesse envolvido. Ela sente um certo frio na barriga, mais forte do que borboletas; algo como gigantes pisoteando seu estômago.
Sarah é cuidadosa, presta atenção em cada detalhe, desde os galhos das árvores dançando com o vento, até cada raposa que se esconde aqui ou ali. Ela se esforça para não fazer barulho nas folhas secas caídas no chão. Ela não sabe para onde está indo exatamente, mas seu corpo parece saber. Apesar de conhecer a floresta como a palma da mão, um certo receio aperta seu peito.
É então que algo clareia sua mente. Ela se lembra do lago. O grande lago viscoso que marca o centro da floresta. Isso talvez explicaria o barulho de água... Mas ela estava longe demais para ouvir qualquer coisa que viesse de lá. Como pode, então? Com isso em mente, ela escuta de novo, o mesmo barulho mais alto que a chuva. Mais uma onda se quebra no mar inexistente. Dessa vez, porém, ela faz ideia de onde ir. Seus pés seguem a trilha para o lago. Sarah não sabe porquê quer tanto descobrir de onde vem o barulho, nem porquê isso prendeu tanto sua atenção. Talvez seja só seu espírito curioso e aventureiro aflorando outra vez. Mas ela sente algo a mais. Como se estivesse prestes a fazer uma descoberta. Ela não sabe como explicar essa sensação, apenas sente.
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FEEL (Conto)
Short Story"Vou escrever uma história de fantasmas agora" "Uma história de fantasmas com uma sereia e um lobo" - A Menina Submersa. A citação acima foi a base para este conto, me inspirei no que Imp datilografou para escrever essa história de lobos e sereias...