Reações em Cadeia

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Toquei a campainha, após alguns segundos pude ouvir um grito vindo de dentro da residência solicitando que eu aguardasse. Conferi as horas em meu relógio de pulso: 17 hrs e 48 min. Helena a essa hora já estava no ônibus. A imagem dela veio à minha mente, seu olhar, seu sorriso...

- Hmmmm parece que alguém está apaixonado...rsrsrs

Fui trazido de volta para a realidade pelas palavras da mulher que já havia aberto a porta para que eu entrasse com suas compras. Ela me fitava com um sorriso cúmplice no rosto. Me senti um pouco desconfortável com aquela situação.

- O-oi, dona Júlia? Como vai?

- Eu vou bem, e você? Soube que estava afastado do trabalho...

- É... eu tive uns probleminhas ....rsrsrs

- Rs... é a vida... mas que bom que está de volta! Bem... pode entrar, não se incomode com a bagunça...rs... 

- Rs.

Entrei em sua casa, a arquitetura era bem simples mas aconchegante. Eu a segui por um corredor que levava até a cozinha. Durante o percurso eu ia observando aquele ambiente, não porque eu fosse curioso... pelo contrário, já perdi a conta de quantas vezes fiz entregas nesta casa. Era mais uma questão de admiração. As paredes eram cheias de quadros pintados à mão e fotografias de sua família, vislumbrei uma parte da sala... haviam dois sofás e algumas poltronas, uma TV daquelas bem modernas, vasos de plantas, cortinas azuis... Mais a frente eram os quartos, três ao todo. Nesse momento eu desviei minha atenção, seria falta de educação bisbilhotar a privacidade alheia. 

À medida que nos aproximávamos da cozinha eu ia ouvindo vozes, jovens conversando e rindo.

- Rs, Pode colocar as compras ali, eu vou só atender o telefone.

- Ok.

Pedi licença e entrei, o grupo de jovens já estava de saída. Não me atentei muito para quem estava lá no primeiro momento, pus as sacolas no lugar de sempre e quando me levantei meus olhos foram de encontro ao rosto daquele cara. Já haviam se passado três dias, porém ainda era possível notar a área roxa próxima a maçã do rosto, o local onde soquei aquele filho da mãe que fez minha Helena sofrer. Ele olhou para mim, eu olhei para ele, e todos ficaram nos olhando enquanto nos encarávamos. Ele ficou parado na minha frente, pôs sua mão sobre o machucado... senti sua raiva sendo direcionada a mim. Eu já estava pronto caso o indivíduo quisesse continuar aquela briga.

- Ei, Will... que foi mano?

Alan estava ao seu lado e o barrou ao perceber sua intenção. Nesse momento dona Júlia entrou na cozinha.

- O que está acontecendo aqui? Algum problema?

- Não é nada, dona Júlia.

O boyzinho foi quem respondeu. Me olhou de alto a baixo com desprezo e continuou seu trajeto junto aos outros rumo a saída. Eles se distanciaram rapidamente mas ainda deu para ouvir Alan perguntando a ele o que tinha sido aquela reação. Respirei fundo, dona Júlia me olhava sem entender nada. 

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A galera ficou toda empolgada quando o Alan começou a compartilhar as informações acerca do Festival. Tudo estava indo bem até que eu o vi. Eu não tinha dúvidas de que era aquele cara. Senti uma onda de pura raiva me invadir, eu já não controlava meu corpo... e aí alguém segurou meu braço.

 - Ei, Will... que foi mano?  

Balancei a cabeça tentando me segurar para não fazer nenhuma merda. Analisei ele de alto a baixo. O que ele tinha de especial? 

Convergindo (Em Construção)Onde histórias criam vida. Descubra agora