Are we out of the woods yet?
Are we in the clear yet?
In the clear yet? GoodCapítulo 5
Ossos do OfícioPela milésima vez naquela mesma manhã, eu me arrependia de ter escolhido aquele terno. Talvez o pior de tudo fosse a confusão profunda na minha cabeça sobre algo tão besta quanto o que eu vestiria e a culpa que vinha junto de não conseguir tomar uma decisão sem a questionar em seguida. Mas ainda podia sentir meu peito se apertar com o medo de ter errado logo no primeiro passo que dava ao voltar ao trabalho.
Era exatamente esse o problema. Eu voltava ao trabalho. Depois de um final de semana intenso estudando o possível dos meus livros e ficando cada vez mais confusa sobre nossa Constituição, jurisprudências e emendas sem fim, finalmente tinha chegado ao limite das minhas desculpas. Não podia mais adiar minha volta ao escritório. Não queria mais passar o dia em casa e ouvir Max e Juliana insistindo que eu tinha que voltar.
Não admitiria isso para ninguém - nem a mim mesma, - mas ele era uma grande razão de eu ter colocado um despertador essa manhã, levantado e vindo para cá. Depois de passar o final do meu aniversário todo juntando aliados ao perguntar para cada pessoa na mesa se eles concordavam com ele que eu devia voltar ao trabalho, Max fez questão de aumentar a pressão. E mamãe ajudou.
"Você ama seu trabalho, Bridget," ela disse, enquanto a gente comia bolo. "Se tem um lugar que vai te ajudar a recuperar a memória, é no escritório."
"Seria bom se você recuperasse mesmo a memória logo," Max completou. "E você precisa garantir sua vaga. Não concordam?"
Todo mundo assentiu. Só Thomas que se mantinha propositalmente fora da conversa.
Mais do que o enorme terno cinza claro e fácil de sujar que eu vestia, me arrependia de ter colocado o anel de noivado. Não tinha nenhum sinal de que ele estava insatisfeito com nosso relacionamento que ia mais devagar que provavelmente foi quando começamos a sair, não como ele estava com meus novos hábitos sedentários. Eu não usava o anel por ele, nem por realmente já sentir vontade de usar. Pior do que o sentir entre meus dedos, e me lembrar de que ainda não tinha me apaixonado por ele de novo, seria ter que explicar para estranhos por que eu não reconhecia meu noivo, por que até achava ele agradável, mas não sentia ainda nem rastro do amor que devia ter levado a Bridget de noventa e nove a aceitar precisar comprar um vestido de noiva.
Tinha que ter alguma coisa nele que me fizesse amá-lo, não é? Se eu o tinha encontrado na faculdade, lhe dado uma chance e lhe deixado me conquistar, tinha que ter uma razão. Na hora em que ele se ajoelhou para mim, decidi falar sim. Podia não saber quem eu tinha me tornado, mas não havia a possibilidade de eu ter mudado tanto, a ponto de ter aceitado me casar com ele sem realmente estar apaixonada por ele.
Ou tinha?
Tentei respirar fundo, mas até o ar daquele elevador silencioso e desconfortável parecia rarefeito. Talvez fosse o fato de que subíamos fazia dez minutos e ainda não tínhamos chegado ao andar do meu escritório de advocacia. Ou talvez fosse porque, a cada vez que eu tentava respirar fundo, só acaba hiperventilando.
Passei a mão que não segurava a maleta pela minha barriga, em cima do blazer gigante, sentindo seus botões. Precisava me lembrar de não comer nada durante o máximo de tempo possível. Do jeito que eu era, acabaria derrubando um suco em minha roupa na primeira hora. Se não fosse ridículo o suficiente já eu estar usando uma roupa tão séria, tinha certeza de que logo provaria que não deveria ter um guarda-roupa cheio de peças caras, claras e adultas.
Roupas que Max provavelmente tinha comprado para mim, como o apartamento.
Soltei todo o ar que tinha quando percebi que minha vista ameaçava ficar turva. Não podia pensar naquilo agora. Não quando eu ouvia o apito do elevador avisando que tínhamos parado no andar número 23. Só mais dois e eu teria que sair dali. Mais dois e eu teria que provar que ainda conseguiria sobreviver como advogada.
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Uma década em uma noite [COMPLETO]
Ficção GeralA última coisa da qual Bridget se lembra é do colegial. Minutos contados para que pudesse voltar para casa com sua melhor amiga, sair do inferno que chamava de escola e não ter que ser incomodada mais por Max Warner ou qualquer um dos outros popular...