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Fiquei sentado na cadeira, assistindo pela janela o sol nascendo. No verão o dia começava mais cedo, eu gostava porque tinha mais tempo para ficar sem fazer nada, principalmente, nos finais de semana. Era um sábado bonito. Fiquei cogitando a ideia de tentar olhar a janela de Jimin mais uma vez, talvez agora ele já estivesse decidido abri-la.

Descobri bastante coisa sobre o misterioso Park Jimin ontem à noite. Ele não era o tipo de pessoa que adora se expor na internet gratuitamente, então precisei ser um pouco mais criativo. Em algumas das fotos que achei nas redes sociais dele, reconheci o uniforme de uma universidade aqui de Seoul. Então foi simples, precisei apenas invadir o banco de dados da instituição e procurar pelo nome dele nos alunos. Com isso, pude achar mais informações. Agora que também já tinha o número de celular ficava fácil segui-lo, só iria precisar que ele cooperasse com algumas coisas, como por exemplo, clicar no link que eu enviei para ele via e-mail. Espero que ele seja o tipo de pessoa que ainda checa o e-mail de tempos em tempos, se não, terei que fazer isso pessoalmente. É apenas um vírus simples que eu desenvolvi. Ele clica no link e então eu consigo acessar o notebook remotamente. Mas se ele não cooperar, terei de fazê-lo pessoalmente, não que seja um problema, mas sempre é arriscado entrar na casa de alguém.

Uma coisa era estranha, após horas vasculhando dezenas de sites, páginas e comentários que consegui achar sobre qualquer coisa que estivesse relacionada a ele, percebi que havia uma parte de sua vida que não estava descrita. Era como se algo ou alguém tivesse a excluído, sem deixar vestígios. Um período de tempo que, simplesmente, não tinha nenhum registro. Era uma lacuna no meu relatório. Principalmente, o fato de que nos seus dados da faculdade constavam que ele tivera sido transferido há um ano. Mas transferido de onde? Não havia nada sobre sua educação entre o ensino médio e a atual universidade. No entanto, não fiquei muito tempo pensando nisso, até porque haviam algumas teorias plausíveis que poderiam explicar a situação. Ele poderia ter ficado um tempo sem internet ou celular por exemplo, o que eu acho improvável, mas é possível. Ele pode ter tido problemas familiares ou pessoais que o fizeram trocar de instituição de ensino e teria pedido para que a anterior deletasse seus dados, mas por que fazer isso? Eu precisava descobrir o que tinha acontecido, algo me dizia que aqueles olhos gentis e sorriso cativante escondiam alguma desgraça atrás dos dentes.

Não consegui ficar remoendo a curiosidade de olhar através da lente novamente. E para a superação das minhas expectativas, quase tive um surto de euforia quando, finalmente, o vi. Ele tinha aberto a janela mesmo, e agora eu conseguia vê-lo. Foram por poucos segundos que assisti sua silhueta magra e desenhada passando de um lado para o outro. Não conseguia enxergar muita coisa por trás da janela, mas o apartamento dele era visivelmente claro, limpo e minimalista. Por alguns momentos, ficava imaginando como seriam as outras paredes, a cama que ele dormia, o que fazia quando estava sozinho. Essa hora já deveria ser sete da manhã, mas não parecia que Jimin tinha alguma intenção de sair de casa.

Passou algum tempo e nada de ele visualizar o tal do e-mail. Talvez se eu mandasse uma mensagem de texto pelo celular, mas não, seria muito óbvio e eu não queria assustá-lo, até porque ele nunca me deu o número. Era provável que a reação não fosse a mais agradável caso ele soubesse que eu tinha roubado todos os seus dados pessoais, então esperei. E continuei esperando, até não aguentar mais. Eu precisava vê-lo mais de perto, apenas um pouco. Decidi tomar uma atitude. Não seria fácil subir até o sétimo andar do prédio sem que ninguém que morasse lá tivesse qualquer tipo de contato visual comigo.

Eu fui a pé até o prédio, o desgraçado tinha que morar logo no sétimo andar, só para complicar ainda mais a minha vida. Passei na frente da entrada para ver o lugar e depois andei até a rua dos fundos. Estudei um pouco o local do crime antes de agir. Havia uma grande árvore perto da escada de incêndio, o que facilitaria se caso as minhas habilidades de alpinista deixassem a desejar, o que era óbvio. Eu já subi muito em árvores, talvez eu até tenha algum talento, mas fico nervoso na hora de descer, então admito que é um pouco perigosa essa ideia. Esperei um pouco, até que todos que estivessem ao redor do meu campo de vista desaparecessem. Sentei no cordão da calçada e fiquei lá até que estivesse sozinho na rua.

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