Cap 16 - Revelações

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Clove on:

Tomei um banho demorado,devido aos cuidados que tinha que ter com os ferimentos. No banheiro mesmo, vesti meu pijama e sequei meus cabelos,olhando através do grande espelho meu reflexo.

Minhas olheiras diminuíram e,devido a melhor alimentação,havia engordado um pouco,o que acentuava minhas poucas curvas. Em compensação, havia uma marca roxa em minha bochecha e uma levemente avermelhada. Graças ao curativo que Cato fez,não podia ver como os pontos ficaram.

Levanto a camisa para olhar a marca roxa logo abaixo da minha costela. Estava bem feio,e mais escura do que antes,como Cato prometera.

Passar esses dias com o pessoal,numa casa com boa comida e pessoas para ajudar havia feito bem ao meu corpo. Meus cabelos estavam mais brilhosos,os olhos mais vividos e a boca menos seca. Além disso, sinto que minha mente se mantinha mais no lugar, e meus momentos de solidão reduziram 110%. Tinha muito o que agradecer a Zac por isso.

Quando saio do banheiro percebo que Cato ainda estava lá, sentando no chão,contando as balas de seu revólver.

- Não ia falar com as meninas?

- Já fui e já voltei. Demorou mais de uma hora ai dentro,Clove.

-Bom, já está liberado se quiser usar! - Vou até a cama e pego o livro que ele estava lendo.

O menino do pijama listrado

- Bom livro,onde conseguiu? - Pergunto enquanto ele se levanta,pega suas roupas,uma toalha e vai até o banheiro.

- Tem um monte na gaveta aí do lado - Explica e se também se tranca no banheiro.

Vasculho a gaveta que ele indicou e encontro diversos livros muito bons,mas um de poesia me chamou a atenção. As 100 melhores poesias de todos os tempos,dizia o título.

Dizem que medicina,negócios e direito são profissões nobres. Eu concordo,mas poesia,música e arte são o que move o mundo na minha opinião,são elas que despertam o amor,dão sentido para a vida. E era por isso que eu gostava do teatro.

Estou na página 20 quando Cato sai do banheiro e se joga na cama ao meu lado.

- Gosta dessas coisas? - Pergunta observando meu livro.

- Bastante. Fazia tempo que não via um desses. Você não? - Abaixo meu livro e olho cara ele.

- Não é muito a minha cara, não tenho muita paciência para tentar entender essas coisas cheias de metáforas e palavras difíceis na verdade - Sorrio para mim mesma,entendendo o que ele quis dizer.

Abro o livro numa  das que mais gostei.

- Essa aqui é uma das minhas preferidas - Decido ler em voz alta para ele.

As cartas de amor...

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

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