Evelyn
"Querido William,
Temo que não voltes a tocar neste caderno novamente. A ideia é aterradora. Mas preciso de te contar umas coisas, independentemente de tudo. Tenho medo, admito. Qualquer coisa agora assusta-me.
O Darren mudou a minha medicação. Não consigo dormir. Queria poder ver-te, tocar-te, mas a verdade é que não sei se sou sequer capaz de olhar para a tua cara novamente. Porque digo isto? Se me pedires, eu perdoo. Mas não agora.
Com amor,
Evelyn."
A minha caligrafia é descuidada e as minhas palavras não fazem sentido, sendo tão vagas. Pouso o lápis por cima do caderno e levo as mãos à cabeça. O meu cabelo começa a ficar com pequenas madeixas brancas graças ao stress e sei que isso não é nada bom. A presença de William começa a fazer-me falta e eu começo a perder-me.
Oiço a porta do quarto dele abrir-se e escondo o meu cabelo loiro, para que não vissem aquelas madeixas brancas.
- Evelyn. – A voz rouca de Darren chama por mim e eu limpo o meu rosto, encarando-o. – Preciso que saias. Vou fechar o quarto. – Ele diz-me, sem qualquer sentimento na sua voz. Desvio o olhar para o caderno aberto em cima da cama e abano a cabeça.
- Porque haverias tu de o fazer? – Murmuro baixo, sentindo a minha voz quebrar-se a cada palavra que pronuncio.
- Porque é necessário. Não vou deixar que continues a fechar-te aqui dentro. – Ele diz, rígido e eu encolho-me, instintivamente. – Por favor, apenas vem-te embora. – Ele pede, baixinho.
Solto um suspiro. Coloco as minhas pernas para fora da cama e calço as pequenas pantufas, levantando-me. Apoio-me na mesa-de-cabeceira e respiro fundo. A médica tinha razão; o meu corpo não aguentava tanta coisa. Eu nunca o disse a ninguém, não valia a pena. Darren aproxima-se para me ajudar mas eu afasto as minhas mãos dele. Ele assente, entendendo que eu não queria a sua ajuda e afasta-se, saindo então do quarto. Respiro fundo e olho novamente para o caderno na cama. Espero que ele o chegue a ver.
Deixo tudo como está e começo a caminhar para a porta. Abro a mesma e saio, virando-me para esta e tranco-a, para me assegurar que ninguém entrava. Afasto-me lentamente do quarto, mas os passos atrás de mim fazem-me parar. Olho para trás, por cima do meu ombro e vejo William. Viro-me, para ter a certeza de que não é apenas um projeto da minha imaginação e percebo que ele me encara, parado no seu lugar. Os seus olhos cinzentos brilham, ao contrário dos meus azuis, que perderam o brilho. Ele está magro, talvez tão magro quanto eu. Os seus cabelos estão curtos e eu dou por mim a sentir falta dos seus longos cabelos.
Ele olha para o teto e eu sinto o meu coração apertar e as lágrimas insistem em continuar. Sinto-me perder as forças nas pernas e vou-me embora, para que ele não me veja neste estado.
Começo a correr dali para fora, seguindo para o quarto do Jake, para que me pudesse confortar ou pelo menos, dizer que imaginei coisas.
Quando entro, ele observa-me de forma espantada e assustada, talvez preocupado. Não me surpreende.
- O que se passa? – Ele agarra nos meus braços e ajuda-me a sentar na sua cama, enquanto me tenta acalmar.
- O Will... - Murmuro e pelos vistos, é o suficiente para ele entender o que quero dizer.
- Viste-o? – Pergunta-me, olhando-me com os seus olhos bem abertos.
- Sim... - Sussurro, brincando com os meus cabelos loiros.
- Eve... - Ele começa, erguendo o meu rosto, para que eu pudesse olhar para ele. – O Darren decidiu que precisava de o soltar, porque descobriram que a culpa não foi dele. Descobriram que foi a medicação que o Martin lhe deu... - Ele diz-me, algo que eu já calculava, pelo simples facto do frasco da medicação não estar sequer etiquetado.
- Mas... - Suspiro de forma pesada, agarrando as mãos dele. – Eu quero poder abraçá-lo, Jake e não consigo. Tenho medo. – Sussurro.
- Eu sei. – Ele diz-me, beijando a minha testa. – Mas não te apresses. O Darren e eu pedimos-lhe para não se aproximar, esperamos que sejas tu a fazê-lo, quando estiveres pronta. – Abre um sorriso que me aquece o coração, com o carinho que transborda neste.
Assinto com a cabeça e suspiro profundamente, levantando-me. Rosalie mexe-se, algo que me fazer encolher de dor, por estar tão tensa. Respiro fundo e saio do quarto de Jake, seguindo pelos corredores, procurando por Darren. Ele não está, assim como Lilian e presumo que tenham indo buscar qualquer coisa ao exterior. Sigo o caminho para o quarto do William novamente e quando chego à porta, paro antes de bater nesta. Não tenho coragem.
Fecho os olhos por momentos, sentindo-me perder cada vez mais a pouca coragem que me resta e solto um suspiro. Vou para bater na porta quando esta se abre, revelando o rapaz de cabelos curtos.
- Evelyn... - Sussurra enquanto me observa de forma atenta. – Não devias estar aqui...
- E-Eu... - Olho para os meus pés cobertos por pantufas brancas e oiço-o suspirar. – Eu não queria que fosses embora... Eu não quis dizer nada daquilo... - Sussurro, tentando-me explicar, mas estava a falhar redondamente.
- Eu percebo. Se eu estivesse na tua posição, não quereria ter-me por perto também. – Ele diz-me, numa tentativa de me sossegar, mas isso só me magoa mais. Ele sabia como eu me estava a sentir.
- Evelyn. – A voz de Darren faz-se ouvir e o seu tom é deveras duro, como se eu estivesse a fazer alguma coisa de errado.
- Devias ir. – Diz William.
- Que fazes aqui? – Rosna o médico, mais uma vez, como se eu tivesse feito alguma coisa de errado.
- E-Eu... - Não sei que dizer. Não tenho palavras sequer para explicar o porquê de estar aqui, em frente ao homem que amo e que quase me matou há dias. – Eu tinha saudades.
- Não devias estar aqui. – Diz-me o médico.
- Parem de me tratar como uma criança! – É a minha vez de rosnar para ambos, batendo o meu pé. – Eu sei que o Will não é monstro nenhum. O que ele fez foi graças ao Martin. Ele já pagou o suficiente. – Digo já em lágrimas. – E o Martin pagou? Não!
- Evelyn... - Avisa-me Darren.
- Baby... - William agarra-me quando sinto o meu corpo ceder novamente. Os seus braços fortes trazem-me uma certa força, um certo conforto. Algo que já não sentia há algum tempo.
Will faz sinal ao Darren para se ir embora e ele apenas vai, sem sequer ter oportunidade de abrir a boca para disparatar. O rapaz pega em mim e fecha a porta do quarto com o pé, caminhando de novo para a tão conhecida cama do seu quarto e pousa-me nesta, com bastante cuidado. Deita-se a meu lado e tapa-nos, envolvendo-me novamente com os seus braços.
- Eu estou aqui, princesinha. Eu estou aqui. – Ele sussurra contra os meus cabelos loiros que começam a ficar brancos.
- Eu nunca quis que te mandassem embora. Eu queria ter dito para ficares. – Sussurro.
- Descansa, por favor. – Ele diz-me, brincando com os meus cabelos.
- Não me deixes, William. – É a última coisa que lhe digo, antes de adormecer.
**
EU SEI QUE DEMOREI IMENSO, PERDOEM-ME POR FAVOR
MAS É QUE A ESCOLA DEIXA-ME TÃO STRESSADA QUE ENTRO EM PARAFUSO COM TUDO E SÓ ME DÁ VONTADE DE DORMIR :(
MAS ESPERO QUE GOSTEM
LAMENTO O CAPS LOCK
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Evelyn
FanfictionWilliam: What do you want? Evelyn: What I wanted was you. William: You told me to go away. Evelyn: Yeah, but I never said goodbye. © 2015 LT17_4ever & saadict4ever. All rights reserved.