CAPÍTULO 1 - De ninguém e de todas as três

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Minha cabeça doía como se nunca tivesse conhecido outra coisa. Meu corpo estava moído e aquele PI infernal não saia da minha cabeça. A luz ainda estava acessa e quando abri os olhos, parecia que estava ficando cego. Grunhiu me sentando, e logo me arrependi de ter feito, já que minha perna começou a ter uma espécie de cãibra que eu não sabia se iria rir ou chorar.

— Tem gente querendo dormir aqui. – Disse alguém do meu lado, e eu encontrei a cara amassada de Mike que estava deitado de mau jeito no sofá. – Ah, a cinderela finalmente acordou. – Disse ele se levantando.

— Onde estou? – Perguntei com a voz horrivelmente horrível de quem não falava há dois anos. E aquele gosto de acetona me dava ânsia. Escova de dente, por favor, eu estou te chamando, venha até mim!

— Vai me dizer que não lembra?

— Não, Mike. Claro que eu lembro, eu estou perguntando por que eu não tenho mais o que fazer e quero ouvir sua linda voz. Quer me dar um abraço? Estou morrendo de saudades. – Disse irônico, e ele revirou os olhos.

— Está no hospital, bundão. Esqueceu que foi atropelado?

Cerca de 20 horas antes...

— Cara, ainda tem gente que fala que mulher é o sexo frágil. – Disse Michael me olhando com uma cara nada boa. Mike, um dos meus melhores amigos, disse me analisando como se eu fosse um bicho em exposição.

Fechei os olhos, apertando o pedaço de bife no olho, e me acomodei ainda mais no sofá, tentando evitar olhar para sua cara de trouxa.

— Como se algum dia alguém tivesse acreditado nisso. – Retruquei.

— Vai saber, tem gente que nunca levou uma rolada no olho. – Disse Dave, me fazendo abrir os olhos para lhe encarar com a minha melhor cara de cínico. David era o meu outro melhor amigo. Vemos com clareza que preciso mudar meu circulo de amizades.

— Se fecha Dave. – Disse, me sentando direito, tirando a carne do olho, revelando uma mancha arroxeada. – Eu não sei o porquê ela fez isso, que garota louca.

— Porque convenhamos, quando Summer foi normal? – Subiu a sobrancelha, fazendo um bico de pato.

— Quando você foi normal, miguxo? – Michael perguntou a Dave, que deu os ombros.

— Vocês deveriam calar a boquinha de vocês. – Disse me levantando de um jeito deficiente.

— Claro que não, miguxo. – Disse Dave se levantando me seguindo até a cozinha com Michael logo atrás. – Quem iria alegrar seus dias se não nós?

— Talvez minha cama? – Perguntei suspirando, e ele fez careta, revirando os olhos.

E esses, eram o que eu tinha para chamar de melhores amigos. Dave Sheepard e Mike Simmons. Não que eles fossem da melhor qualidade, mas dava para o gasto. Dave era estranho, ele era meio abaitolado, mas quando estava de bem com a vida, conseguia até ser legalzinho. Olhos verdes, alto feito uma girafa, magro feito uma criança desnutrida da África e loiro feito Edward Cullen. Mike se sentia o homem dos homens, um machão deselegante.

Michael era mais baixo, tinha uma cara de criança de doze anos, mas fazia com que todas as mulheres caíssem ao seus pés quando deixava uma sujeita – que ele ousava chamar de barba – no rosto. Ele já estava envelhecendo, e eu tenho a leve impressão que um dia ele iria ficar calvo.

Dave era primo de Summer, a maníaca do rolo. Ela costumava ser mais gentil quando a gente namorava, e nunca me tacou rolos de esticar massa de pão na testa até aquele dia. Motivo? Eu dizer que o pão doce estava muito salgado. Normalmente, para aquela menina, qualquer coisa era motivo para me bater, acredito que era assim que ela alegrava seus dias.

Todas Contra Ucker (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora