Capítulo 28 - Metal reciclado?

61 12 20
                                    

P.O.V Annie

Legião. Tá aí algo que alvoroçou todos os jornais e eu não dei a mínima porque não me importava com seis crianças brincando de super-heróis por aí. Agora em minha frente estava uma daquelas crianças, e pelo o que eu sei até agora, ela também tem o fragmento em seu DNA.

A garota ainda estava apagada. Ela tinha os cabelos negros e ondulados que desciam por suas costas, bem bonitos, para dizer a verdade. Era pequena também, parecia ter quinze anos com aquele rostinho delicado.

Me pergunto por que uma menina tão jovem decidiu simplesmente sair por aí salvando o mundo. Ela deveria estar em casa com sua família, não em sabe se lá onde conosco.

Deus, ela parecia ter a idade de Gabe. E Gabe é apenas uma garotinha extrovertida que fica muito em redes sociais.

A tal garota da Legião tinha um corte na boca, ele estava quase cicatrizado. Seu rosto estava com algumas cicatrizes, uma no supercílio, outra no nariz. Também haviam hematomas no rosto dela, estava bem avermelhado. Já no pescoço era evidente que alguém tentou enforcá-la, fortes marcas estavam por lá.

- Socorro. - Ela murmurou ainda com os olhos fechados. Ela começou a se mexer e enfim abriu os olhos. Belos olhos, eram cinzentos e brilhosos, quase pareciam lentes de tão claros.

- Ei, tá tudo bem. - Disse o homem em meu lado.

A voz dele estava diferente, estava como quando falou com o tal cara que nos prendeu. Imediatamente eu senti meu corpo se acalmar, meus músculos tensionados relaxarem, como se fosse uma ordem que meu subconsciente tinha que seguir. Não posso negar que foi a primeira vez que me senti realmente bem em dias.

A menina olhou para Jane com o cenho franzido. Minha irmã não estava nem aí, sequer olhou para a garota. Ao menos parecia que não estava nem aí, afinal, Jane Waolken gosta dessa imagem de durona que tem, mesmo que por dentro seja uma mulher delicada que chora assistindo filmes infantis.

Eu sabia o que Jane estava sentindo. Ela estava se martirizando por estarmos presas, ela estava se culpando, e pela a maior ironia do fodido universo, isso era minha culpa.

Eu não devia ter falado aquelas coisas rudes para Jane. Ela estava apenas tentando me ajudar, mas eu apenas despejei toda a merda em cima dela sem me importar. Eu me odeio por isso.

- Você? - Falou quando finalmente tomou sua consciência por completo. Ela edireitou sua postura na cadeira, ao se mexer certamente algo a machucou, isso por causa da careta que fez.

Era engraçado, minha vida estava uma merda, mas ainda assim existia alguém pior do que eu. Esse alguém era aquela garota da Legião. Claro, ao menos eu estou em um vestido bonito e sem várias cicatrizes por meu corpo.

- Essas são as outras descendentes. - O cara loiro olhou para Jane e para mim. Claro, ele achava que eu seria forte e sinistra como Jane, bem, eu não sou. - Era para estarmos fazendo daquele cara um chaveirinho enferrujado agora. - Realmente me deu pena da carinha triste que ele fez. Se começasse a tocar Pink Floyd agora eu não me surpreenderia.

- Ei, o que eu devo fazer para que ele saiba que eu não tenho super-poderes? - Enfim falei. Já estava sendo chato demais eles me olhando como as pessoas costumam olhar para minha irmã. Ela era a Veneno, ela é super, ela consegue conciliar perfeitamente sua vida como heroína e pessoa comum. Eu sou só a pessoa que não consegue viver por causa do maldito ex-namorado. - Ei cara, eu sou só uma órfã - Eu tentei gritar, mas ainda assim era estranho negar ser filha dos meus pais. Mas quem sabe o maluco que nos sequestrou tenha alguma pena de uma garotinha que cresceu num orfanato. -, e já tenho meu inferno particular, então se puder me deixar em paz.

ClintonOnde histórias criam vida. Descubra agora