Final

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2 dias após a morte da professora Ana Luiza.

"Dormia no terraço, ao ar livre, e os raios oblíquos do sol matinal me despertavam. Vestia-me às pressas, punha debaixo do braço uma toalha, um romance francês, e ia-me banhar no riacho, à sombra de uma bétula que ficava a meia versta de casa. Depois, estirava-me e lia, parando às vezes para contemplar o lilás sombrio da superfície do riacho que começava a se agitar ao sopro da brisa da manhã, ou o campo dourado de centeio que ficava na margem oposta."

— Esta é uma das descrições de Tolstói, a respeito de sua juventude, alguém saberia me dizer onde encontrar tal descrição? Falamos dela na aula passada. – questionou Edu a sua turma na sala de aula na USP.

— Está registrado no livro Memórias. – disse uma aluna.

Quando Edu ia comentar a respeito do livro, alguém o chamou na porta.

— Professor Eduardo. – chamou o reitor. — Pode nos dar um minuto por gentileza.

O reitor encontrava-se na porta juntamente de uma mulher vestida elegantemente.

— Reitor. – Edu estendeu sua mão e o cumprimentou.

— Professor, essa é a delegada de polícia da divisão de homicídios DHPP, Dra. Cristiane Fernandes.

Tratava-se de uma linda mulher que se equilibrava em 1,61 m, cabelos curtos, cortados em camadas dando a uma mulher da lei, o ar de modernidade e elegância. Tinha lindos olhos apertados e castanhos. Vestia um camisete branco por baixo de uma jaqueta de couro preta e jeans. Segurava em sua mão o livro de Edu, o mesmo que emprestará a professora Ana Luiza. Edu foi pego de surpresa, assim sendo não conseguiu evitar de levar seus olhos de mel até o livro.

Estendeu sua mão em direção a mulher e cumprimentou-a.

— Como vai professor Eduardo? – perguntou a Delegada com a voz rouca e de certa forma sexy.

Todos os sentidos de Edu se ligaram naquela voz, fosse ela um atrativo a ele ou não.

— Estou muito bem, Dra. Obrigado. — respondeu-a prontamente.

— Edu a delegada quer trocar meia dúzia de palavras com você, pode deixar que dispenso sua classe.

— Sim, claro, deixe-me apenas pegar minha pasta.

Edu sabia que estava encrencado, e como sairia daquela saia justa não sabia.

— O reitor nos liberou a sala dos professores para termos essa conversa, perdoe-me ter vindo aqui, não pude esperar.

— Não se desculpe, Dra. Você está cumprindo seu dever.

Caminharam pelos corredores em um silêncio aparente, contudo na cabeça de Edu todas as suas vítimas gritavam de felicidade, finalmente Edu seria desmascarado e enjaulado como um animal que era.

Ao chegarem na sala dos professores, havia um investigador de polícia na porta, parecia mais um armário que um homem, a sala estava vazia, claro e notório que o reitor tratou de dar ordens para que ninguém os interrompesse.

Edu fez sinal com as mãos de forma gentil, para que a delegada viesse a se sentar, e assim ela o fez.

— Posso servi-la com um café, água ou suco, Dra.?

— Café por gentileza, sem açúcar.

Edu estava estranhando a si mesmo, pois a cada palavra que saia dos lábios da delegada, sentia-se ligeiramente atraído com o tom das notas roucas daquela voz, soava com uma competência e uma firmeza desconcertante.

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