Capítulo 6 - Mãos

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Camila sorriu para a mulher e pensou em negar, mas no fundo sabia que iria se arrepender amargamente.


_Não incomodo? -Camila tentou disfarçar o nervosismo.

_De forma nenhuma. Entre. -A mulher abriu a porta por dentro.

_Vou apenas avisar minha mãe. -Camila disse e pegou seu telefone e discou o número da mãe, que atendeu no segundo toque. _Mamãe? -A professora desligou o carro. _ Sou eu... Sim.. Entendi.. Já estou indo pra casa e então não precisa se preocupar... Sim... Está tudo bem mãe... Estou com a Srta.Jauregui mãe...Sim...Também te amo. -Camila desligou o telefone, estava tremendo muito.

_Você me explica o caminho, tudo bem? -A mulher sorriu para Camila que retribuiu.

_Sim. -A menina colocou o telefone no bolso.

_Não se esqueça dele. -A mulher falou e puxou o cinto de segurança para Camila, esbarrando sua mão no braço da mais nova, fazendo-a se arrepiar. A mulher notou e sorriu. _Pronto. -Falou encaixando o cinto no devido lugar.

_Obrigada Srta.Jauregui. -Camila sorriu e a mulher ligou o carro.

_Não agradeça. -A mais velha sorriu largo.

Camila riu. Estava se sentindo mais que a vontade apesar de todo o nervosismo inexplicável. _Vamos? -Camila apenas concordou com a cabeça.

A professora ligou o carro e quando virou na primeira curva da escola, ligou o rádio baixinho, do jeito que Camila gostava de escutar. A menina se mexeu no carro em extremo nervosismo ao sentir o calor da mão da professora no freio de mão próxima a sua que repousava entre sua coxa e o assento do carro.

_A música te incomoda? -A professora perguntou enquanto olhava para os dois lados da via. _Posso desligar se quiser. -Sorriu gentilmente.

_Não, está ótimo. Eu.. E-eu amo o som assim. -Camila sorriu e sentiu o suor em seu corpo.

A mais velha sorriu e virou a direita.

_Você pode ir direto e virar na terceira a direita para cair na Main. Aí você virá a primeira direita e segue até o final da rua. Minha casa é a última da rua. -Camila concluiu.

A professora concordou e mudou a marcha do carro. Ao chegarem na Main um enorme trânsito se formava ao longo da avenida. Camila olhou adiante a enorme fileira de carros e bufou. A professora abaixou seu vidro por inteiro e tirou o cinto.

_Você quer que eu desça e você faça o retorno para voltar? Não quero atrasa-la. -Camila falou tirando o cinto.

_De jeito nenhum. Eu passo por aqui todo dia. Eu não vou deixar você ir sozinha para casa de forma nenhuma. Você está sob minha responsabilidade. -A mulher falou olhando fundo nos olhos de Camila.

Camila sentiu-se extremamente bem com as palavras da mulher. Olhou mais uma vez e a mesma continha um sorriso brincalhão no rosto. Camila ainda estava tentando entender o que estava sentindo naqueles últimos dias. Os carros de repetente começaram a andar lentamente. A professora se ajeitou e mudou a marcha do carro, arrancando atrás dos carros lentamente. Voltou a colocar seu cinto assim como Camila que ainda estava nervosa. Aos poucos foram chegando perto da entrada da rua de Camila e a Professora dirigia tranquilamente.

_O que está achando do segundo ano? -Olhou rapidamente para Camila.

_Estou amando. -Falou empolgada até demais, arrancando uma risada alta da professora. Camila sentiu o rosto esquenta na mesma hora. _Quer dizer.. Estou gostando muito. É exatamente o que eu gosto.

_Fico feliz em ouvir isso. Pensei que me odiasse por tê-la feito escrever tanto. -A mais velha sorriu de canto. _Temo que essa seja sua casa. -A professora parou em frente a casa de Camila e desligou o carro.

_Você só estava fazendo seu trabalho e enfim, tudo é uma lição. -A mais nova tirou o cinto. _Obrigada pela carona Srta.Jauregui. -Camila falou nervosa enquanto abria a porta.

_Não precisa agradecer tanto Srta.Cabello. -A mais velha piscou fazendo o coração de Camila errar uma batida. _Até amanhã. -A mais velha ligou o carro e sorriu para Camila, estendendo a mão.

_Até amanhã Srta. Jauregui. -Camila apertou a mão da mesma que sorriu.

A menina observou o carro até perde-lo de vista. Camila agora tinha um sorriso bobo nos lábios e o coração como se tivesse corrido uma maratona inteira umas cinco ou mais vezes. Entrou em casa toda sorridente e foi recebida por sua irmã, Camila a pegou no colo e beijou a testa da mesma.

_Kaki está paixonada!! -Sofia falou rindo e correndo para o quintal.

_Sofi! -Camila foi atrás. _Não estou apaixonada coisa nenhuma. -Correu atrás da irmã.

_Está sim. Toda boba. -Sofia falou rindo.

Sinu apareceu no mesmo momento, estacionando o carro próximo a piscina nos fundos e pegou as duas filhas ao redor da enorme mesa de madeira correndo uma atrás da outra. Sorriu ao olhar a cena.

_O que está acontecendo? -Desceu do carro sorrindo.

_Kaki está apaixonada mamãe! -Sofia falou.

_Sofi! -Camila bufou. _Isso não é verdade! - Camila olhou para a mãe e Sofia correu para dentro.

Sinu olhou bem nos olhos de Camila. Decidiu ficar calada e apenas concordar com a filha mais velha. A abraçou e as duas entraram juntas em casa.

_Então, já esta amiga da Professora. Eu disse. -Sinu falou e Camila revirou os olhos.

_Foi só uma carona mãe. Professora e aluna. Srta Jauregui e eu. -Camila bufou se sentando no sofá. Sorriu ao pensar na mais velha.

Sinu apenas concordou e foi até a filha, beijou a testa da mesma e alegou que iria tomar banho. Camila sorriu e subiu para o quarto. Ao entrar, jogou a mochila no pufe e se atirou na cama pensando em tudo que aconteceu hoje. Em como queria que aquele trânsito tivesse ficado parado para sempre...

_Para. Para. Para! -Falou batendo na própria cabeça. _Você é idiota. Muito. Idiota. -Camila grunhiu.


Fechou os olhos e começou a relembrar o verde esmeralda que estava começando a atrapalhar sua vida. Sabia o que estava acontecendo e novamente se entregou a isso. Apesar de não querer sentir nada, Camila fechou os olhos com a mesma sensação queimando no peito de forma pertinente e caiu no sono pensando nos olhos verdes que além de começarem a atrapalhar sua vida, estavam começando a tirar sua paz.

Srta. Jauregui - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora