1. Trauma

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Eu estava no colegial quando o inferno começou. Sempre fui nerd por natureza e nunca tive vergonha de admitir. O ruim disso tudo era ser taxada de nerd, geek, chata, CDF, vulgo "cú de ferro", enfim, todos os apelidos possíveis e imagináveis que nunca incomodaram, mas passaram a incomodar quando uma pessoa em especial começou a dize-los.

Thomas Moore. O cara mais lindo do colégio - pra mim - porque minhas amigas o achavam metido demais para esse título. Sim, ele era metido, mas era simpático, na maioria das vezes. Ele sempre dizia "oi" ou "tchau", sempre fazia uma careta engraçada quando o professor falava alguma merda, ou seja, não era de todo o mal. Quer dizer, até eu descobrir que eu era completamente apaixonada por ele.

Não foi tão fácil descobrir isso. Eu demorei muito para entender que não conseguia mais tira-lo da cabeça. Óbvio que não era correspondido, mas eu não era o tipo de garota que ficava tímida perto do crush. Pelo contrário. Eu falava com ele normalmente, como se fosse um grande amigo, mas em casa eu chorava, sorria, suspirava e me masturbava pensando nele. Sim, eu sou muito sincera e bocuda e não posso esconder esse detalhe, até porque hoje eu tenho vinte e cinco anos e ainda sou virgem, ou seja, masturbação é algo muito normal pra mim. Não me julguem por favor. Sou mesmo virgem e não quero perder meu lindo hímen para qualquer um. Prefiro usar eternamente o vibrador do que ficar com alguém que não presta.

Bom, voltando ao cachorro do Thomas, quer dizer, voltando ao Thomas. Ele era sim um cara legal ou pelo menos era o que eu achava, até o dia em que resolvi abrir minha grande boca e me declarar. Tudo culpa da minha melhor amiga Molly. Lembro como se fosse hoje aquele dia inútil e embaraçoso.

- está pronta?

- claro que não.

- você está linda. Vai lá e aproveita que ele está sozinho.

Respirei fundo e caminhei lentamente até ele. Estávamos em uma festa, bem barulhenta, ou seja, me humilhei várias vezes repetindo as mesmas coisas para ele conseguir escutar o que eu dizia.

- oi Thomas!!

- oi!

- posso falar com você um minuto?

- que?

- posso falar com você um minuto?

- ah sim!

Nos afastamos um pouco mais do lugar onde estávamos e eu logo comecei a vomitar as palavras.

- sabe o que é Thomas, se eu não disser logo o que estou com vontade de dizer eu vou explodir.

Ele sorriu. Pronto. Foi o suficiente para me desarmar. Minha nossa. Ele é muito gato.

- estou completamente apaixonada por você.

Ele arregalou os olhos e piscou algumas vezes antes de dizer:

- ann... poxa, obrigado.

 poxa, obrigado

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Eu NÃO Gosto de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora