Capítulo 10 - No Topo do Mundo

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Baby, like we stood a chance
Two paper airplanes flying

Capítulo 10
No Topo do Mundo

Nunca entendi a diferença entre estar apaixonado por alguém e o amar de verdade. Sempre vi em filmes fazerem essa distinção, principalmente nas comédias românticas dos anos noventa, deixando entender sempre que estar apaixonado é menos, menos intenso, menos determinante.

Pois eu tinha certeza absoluta de que estava completamente apaixonada por Thomas e não havia nada de pouco intenso e determinante nisso. Pelo contrário, a cada andar que o elevador ia subindo, sentia mais a impressão de que estava caindo, de que estava a um passo de flutuar, de que minha vida nunca mais seria a mesma.

Como poderiam dizer que estar apaixonado não significava tanto assim?

Tirei seu bilhete do bolso, passando os olhos e os dedos outra vez por ele, o imaginando escrevendo naquela manhã e depois, como tinha escrito que faria, pulando a janela para que minha mãe não descobrisse que ele estava ali. Até ri sozinha outra vez, ainda que só tivesse visto a cena em minha mente. Como ele conseguia me fazer sentir como uma garotinha? E, ao mesmo tempo, uma mulher?

Tinha sido assim a noite inteira, mesmo quando nós fizemos uma pequena pausa entre música e amassos para comer, ele conseguia me fazer sentir como a mulher mais adulta e incrível do mundo e, ao menor dos olhares roubados, uma garotinha que tinha acabado de descobrir o que era felicidade.

Queria tê-lo visto de manhã, ter acordado com o barulho da minha mãe antes dele. Mas agora só estava ainda mais ansiosa para o encontrar de novo. Assim que o elevador chegou ao meu andar, senti o frio na minha barriga outra vez, enquanto guardava seu bilhete e revia meu plano em minha cabeça. Entraria em casa, tomaria banho e sairia para o hospital. Com alguma sorte, já que já passava dá uma da tarde, ele estaria lá. E, quem sabe, eu conseguiria ver em seus olhos a resposta para a pergunta que conseguia me arrepiar inteira, fosse de medo ou esperança:

Ele estava apaixonado por mim também?

Praticamente corri para abrir a porta do apartamento, torcendo para Max não estar por lá. Não sabia ainda o que faria em relação a ele e não queria decidir antes de ver Thomas de novo e descobrir o que a noite de ontem tinha significado para ele. Mas, quando entrei, percebi que minha apreensão deveria estar direcionada a outra pessoa.

"Aí está você!" Stacy, namorada de Adrian, exclamou, enquanto batia seus saltos no chão e vinha até mim. "Não me diga que você se esqueceu de nosso almoço?!"

Eu não tinha nada contra ela. Sem contar com o fato de que estava disposta a se relacionar com um cara que ainda nem estava divorciado - coisa que eu estava longe de poder julgar, principalmente agora, - ela era bastante inteligente, tinha sua própria empresa de cosméticos e entendia bem mais sobre economia do que alguém apostaria só pela sua aparência, bem mais do que eu. Mas ela estava desesperada demais para ser minha amiga, como se isso fosse provar que ela estava mesmo com Adrian, e, quando tinha marcado o almoço no outro sábado, eu só aceitei para que parasse de insistir.

E ainda fiz questão de me esquecer completamente durante a semana.

"Não, claro que não," menti.

Ela jogou seu cabelo ruivo por cima do ombro e fez um gesto com a mão que para que eu acelerasse. "Vamos, troque de roupa que nossa reserva é para daqui dez minutos."

Deixei minha bolsa no sofá, completamente contrariada. Não queria por nada desistir de meu plano de ir encontrar Thomas, mas sabia que teria que adiá-lo, nem que fosse só para não ter que ouvir a voz aguda dela insistindo outra vez naquele almoço.

Uma década em uma noite  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora