The locked lovers

O inesperado... aconteceu.

Quando soube que o meu pai ia voltar a casar, não me importei muito. Quer dizer, á bastante tempo que não tinha uma figura materna... a mulher que estava prestes a casar com o meu pai ia ser uma espécie de 'mãe' para mim. Até gosto da ideia de ter uma mãe emprestada... até estava feliz, mesmo quando soube que a minha futura mãe tinha um filho um ano mais velho que eu. Nunca imaginei que fosse ele o meu novo irmão, até o ver no nosso primeiro jantar de família... fiquei completamente paralisada. Sem reação, quando o olhei nos olhos... mas ali estava ele, com aqueles lindos olhos castanhos, a olhar para mim, com um ar ao mesmo tempo surpreendido e nervoso... o Brad nunca soube que eu gostava dele, apenas a minha melhor amiga Bella o sabia. Mas eu já o tinha esquecido naquela altura, ou pelo menos era essa a ideia que eu queria criar na minha cabeça...
Nunca imaginei, nem em sonhos distantes que ele ia ser o meu novo irmão... Nunca imaginei, mesmo... o único rapaz por quem me tinha apaixonado ia ser o meu novo irmão...
Lá estava eu, numa mesa redonda de um restaurante com a minha nova família....
O meu pai reparou no meu nervosismo, que mal conseguia agarrar nos talheres para comer... estava a tremer. Ele ainda me sussurrou:
-Não precisas de estar nervosa minha filha, vais ver que estes são para ficar.
Por um lado fiquei ainda mais nervosa com o que ele me disse, mas por outro fiquei feliz, porque para além do desgosto com a minha mãe (que desapareceu por completo das nossas vidas quando eu nasci), o meu pai já tinha tido uma namorada: eu devia ter aí uns 11 anos de idade, e o meu pai 38. Era uma senhora elegante, alta e cabelo tão claro que parecia louro.  Chamava-se Meredith. Viveu conoosco durante 3 messes. Eu era pequena, mas percebia que aquela mulher estava lá para substituir a minha mãe, e eu nos primeiros tempos, não a aceitei, fazendo de tudo para que ela se fosse embora. Uma vez atirei-lhe a roupa para a rua... Mas, surpreendentemente, o meu pai não se cheteou muito comigo, porque percebeu a minha revolta... naquela altura, eu ainda não tinha percebido que a minha mãe não iria voltar, porque o meu pai, sempre que eu lhe perguntava por ela, ele dizia-me sempre: "um dia ela virá embalar-te."
Hoje que penso nisso, acho não foi a atitude mais correta da parte dele alimentar a minha esperança até ao extremo, mas eu acho que ele fazia isso também a ele próprio... Apesar do que a minha mãe nos fez, ele ainda tinha aquela esperança! Nunca conheci ninguém tão ingénuo quanto o meu pai! Até que, quando ele descobriu que Meredith o estava a trair... o pobre homem passou por uma fase horrível da sua vida: chorava de noite, fazendo-se forte de dia, dizendo que não era nada e que já tinha passado... Mas eu percebia que ele não estava bem, e dizia-lhe sempre que nunca o iria abandonar nem desapontar. Nunca mais se voltou a apaixonar, até encontrar Claire, a minha futura mãe.
Resumindo, o meu pobre pai nunca teve sorte com as mulheres, mas estava convencido que esta era a mulher certa. Claire também não teve uma vida fácil... o seu marido morreu com cancro à 6 anos. Ambos estão convencidos que são feitos um para o outro. Eu estou feliz pelo meu pai, mas também fico um pouco preocupada em viver com o Brad...
O casamento deu-se dois dias após aquele jantar. Eu estava com um vestido azul escuro que me chegava ao joelho e com uns saltos pretos.
Foi um casamento pequeno, simples mas lindo. Fizemos a cerimónia e a festa numa praia, apenas com os amigos mais próximos.
Eu estava sempre a olhar para o Brad... Como ele estava bonito! Também tive a sensação que este olhava muito para mim, mas não pude pensar mais nisso... Tinha de me mentalizar que no momento em que os nossos pais disseram 'sim', ele se tinha tornado meu irmão.
Passamos quase toda a cerimónia sem nos falarmos, mas no final da festa, ele veio ter comigo e disse:
-Estás linda! Se não fosse teu irmão já tinha...
-Obrigada! -Gritei, interrompendo-o. -até que também não estás feio!
-Ok.. Obrigado, mana.
Não gritei por mal, foi inconscientemente,porque não saberia como responder se ele 'namoriscasse' comigo. Comecei a rir, quando o ouvi a chamar-me mana pela primeira vez.

Nos primeiros dias em que começamos a viver todos juntos, convivemos normalmente, como uma família.

Passaram-se quatro meses desde o casamento, quando aconteceu o meu maior pesadelo...