Lá no fundo do armazém, dois ratinhos brigavam pelo mesmo pedaço de queijo. Eles eram irmãos.
─ É meu! ─ dizia Tom, um rato pequeno de rabo comprido.
─ Não! É meu! ─ respondia, bravo, o ratinho de rabo curto. Ele se chamava Buba.
Apesar de serem irmãos, eram muito diferentes um do outro.
E... Puxa prá lá, puxa prá cá.
Cada um fazia força para o seu lado. Nenhum deles queria largar aquele pedaço cheiroso e gostoso de queijo.
─ Eu vi primeiro!
─ Mas eu cheirei primeiro!
E puxavam o coitado do pedaço de queijo.
Cada um dos irmãos tinha a sua razão de lutar pela saborosa refeição.
Enquanto brigavam a respeito de quem era o dono do queijo, um outro rato, com um grande bigode, se aproximou.
─ Por que vocês não repartem esse pedaço de queijo em dois e cada um fica com uma parte? - sugeriu o rato bigodudo - O pedaço é grande. Por que brigar?
Tom e Buba gostaram da ideia e concordaram em repartir o queijo ao meio.
─ Eu mesmo vou dividir ao meio para vocês ─ disse o rato bigodudo ─ virem de costas prá mim e fechem bem os olhos. Quando eu falar "pronto", vocês podem virar, abrir os olhos e pegar cada um o seu pedaço de queijo.
Aquela ideia parecia ótima para resolver o problema deles. Rapidamente, os dois ratinhos viraram de costas, ficaram lado a lado bem espremidos, fecharam os olhos e esperaram a ordem para virar e pegar o seu pedaço de queijo.
Esperaram um pouco... Esperaram mais um pouco... Esperaram um pouquinho mais e nada do rato do grande bigode dar a ordem para eles virarem.
Buba cutucou Tom e sussurou:
─ Tá demorando, né?!
─ Tá mesmo! Eu acho que o queijo é muito duro para cortar.
- É... deve ser!
─ Acho que vou dar uma espiada... ─ falou o ratinho de rabo comprido.
Ele deu uma virada bem de leve com a cabeça e, bem devagar, abriu um dos olhos.
Para sua surpresa, nem o queijo nem o rato do bigodão estavam mais ali.
─ Nossa! ─ gritou, assustando assim o ratinho de rabo curto que ainda estava com os olhos fechados ─ nosso queijo sumiu!
─ Ele nos enganou direitinho - disse Buba, esticando a cabeça para todos os lados, tentando farejar o rastro deixado pelo queijo sumido.
Os dois irmãos ficaram inconformados. Se eles mesmos tivessem repartido o pedaço de queijo entre si, estariam agora de barriga cheia. Mas agora o outro rato deveria estar com o grande bigode todo sujo de tanto roer aquele gostoso, apetitoso, cheiroso, delicioso pedaço de queijo.
Então, lá de cima do forro do armazém, a velha aranha que tinha observado tudo, desceu pendurada pelo fio da teia até chegar quase no chão e disse aos dois:
─ É melhor não brigar e dividir do que brigar e perder tudo!