Formas

60 3 1
                                    

Para que se constitua a vida material, é preciso que ela tenha forma. Assim pelo menos é o que determina a lógica. Mas para as determinações interiores, as naturezas se manifestam de maneiras totalmente atípicas. Como se pode definir a forma do amor? Quem seria capaz?

Muito se tem julgado nos diversos tipos de relacionamentos sobre o que e como se deve amar, o que seria correto e errado nessa instância. Alguns se mostram especialistas e se aventuram a dizer quais as melhores maneiras de se proceder para se demonstrar amor. Outros até se veem questionando seus pares em suas manifestações e os julgam não estar demonstrando corretamente o que sentem. Ainda existem aqueles que insistem em dizer saber que tal fulano não expressa esse sentimento - diz ser ele isento dele.

Iniciemos na análise da falta ou isenção do amor.

Quem teria condições suficientes de julgar outra pessoa isenta de amar? Sabe-se que as ações, muitas vezes, são espelhos, mas podem ser camufladas também. Não se pode definir com toda certeza onde está a verdade em somente olhar externamente. Pode ser provável que o que se faz não condiz exatamente com o que sente o autor da ação. Portanto, analisar se o querer está expresso nas atitudes não é fiel ao que ele é de fato.

Há dentro desse contexto, ainda, a condição da expressão. Muitos se sentem presos dentro de si por inúmeros fatores que podem impedir que ele revele o que realmente lhe vai por dentro. Tais questões são inerentes a convivência, são conteúdos que fazem parte da história de vida do indivíduo. Muitos emolduram belos sorrisos enquanto destilam internamente nuvens espessas prestes a desabarem em temporal. Outros se aparentam duros e insensíveis, mas são mananciais de ternura em seus íntimos.

A análise apressada somente traria um diagnóstico frustrado e falso. Poder-se-ia falar, ainda, que existem aqueles que, mesmo em anos, não seria possível discorrer sobre ele o que realmente vai em sua essência.

Que afirmações mais contraditórias!! - ponderaria o leitor.

Acataria bem tal julgamento.

Amar não é forma que se pega, que se compara, se meça, se avalie, se determine. Não se pode definir a ele nenhum verbo de mensuração. Há aqueles que limitam a ação de qual se fala, no entanto estão simplesmente enganados no que fazem.

Não se pode relacionar o amor com nada. Nem a questões materiais ou a sentimentais. Ele se dá, se mostra, se manifesta, se intensifica de diversas formas. Há quem não consiga dizê-lo, mas o faz. Há aqueles que o presenteiam, mas não o dizem. Há quem tudo faz e nada diz. Há quem tudo diz e nada faz. Há ainda formas estranhas e jeitos engraçados, outros taciturnos e melancólicos.

O importante mesmo é a existência dele no seu mais puro estilo de sentir. Verdadeiro.

A isso nada se substitui. Seja ele da forma que for.

A dor enquanto ama - Em ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora